Nesta sexta-feira, 11 de outubro de 2024, o Ibovespa tenta sustentar a marca dos 130 mil pontos, registrada na abertura dos negócios, com uma queda de 0,22%, aos 130.063 pontos. Por volta das 12h30, o principal índice da B3 oscilava entre 129 e 130 mil pontos, refletindo um cenário de cautela tanto no mercado interno quanto no externo. Às 12h47, o Ibovespa registrava uma leve queda de 0,26%, mantendo-se em 130.065 pontos.
Este comportamento oscilante aponta para uma semana de perdas para o mercado brasileiro, com o Ibovespa acumulando uma desvalorização de aproximadamente 1,5%. Fatores como a queda nos preços do petróleo, a incerteza sobre a política monetária nos Estados Unidos e o desconforto com a situação fiscal no Brasil são os principais responsáveis por essa retração no índice.
Queda nos preços do petróleo e política monetária americana
Um dos principais fatores que têm pressionado o Ibovespa nesta semana é a queda nos preços do petróleo. A commodity, que serve como uma importante referência para o desempenho de diversas empresas listadas na bolsa, especialmente aquelas do setor energético, está em baixa devido a uma série de fatores geopolíticos e macroeconômicos. Além disso, a volatilidade no mercado de petróleo reflete as incertezas geradas pela escalada de conflitos no Oriente Médio e pelas preocupações sobre a demanda global, especialmente por parte da China.
Outro fator que impacta o mercado é a expectativa em relação à política monetária dos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, vinha sinalizando uma possível flexibilização da política de juros, mas, ao que tudo indica, essa redução poderá ser mais gradual do que o esperado pelos investidores. A expectativa de um afrouxamento monetário mais cauteloso nos EUA faz com que o mercado se posicione de forma mais conservadora, o que afeta diretamente o desempenho das bolsas ao redor do mundo, incluindo o Ibovespa.
Crise de credibilidade fiscal no Brasil e incertezas no Banco Central
No cenário interno, o desconforto com o quadro fiscal brasileiro é um dos principais motivos para a postura defensiva dos investidores. A situação fiscal do Brasil tem gerado preocupações, especialmente em relação à capacidade do governo de cumprir suas metas de arrecadação e manter o equilíbrio nas contas públicas. Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o Ibovespa está sendo penalizado por uma “espiral negativa”, que leva em consideração não apenas a crise de credibilidade no cenário fiscal, mas também a incerteza quanto à transição no comando do Banco Central.
O governo brasileiro tem enfrentado desafios para aprovar reformas que garantam a sustentabilidade fiscal do país, o que gera um ambiente de incerteza para os investidores. A transição no Banco Central, por exemplo, é um dos pontos de atenção. O mercado tem acompanhado de perto as sinalizações da nova gestão em relação à política monetária e à condução da taxa básica de juros, a Selic. Essa incerteza sobre como será a atuação do BC nos próximos meses aumenta o nervosismo no mercado.
Além disso, a promessa de campanha do governo de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda continua gerando discussões. Embora seja uma medida popular, há uma preocupação crescente sobre como será feita a compensação dessa perda de arrecadação. Como explica Matheus Spiess, “a conta precisa fechar”, e até o momento, não está claro como o governo pretende equilibrar essa equação.
Setores mais impactados: ações de consumo e destaque para Suzano e Minerva
No pregão de hoje, as ações de empresas ligadas ao consumo, também chamadas de cíclicas, foram as que mais sofreram perdas, sendo impactadas pelos juros futuros e pela alta do dólar. Essas empresas tendem a ser mais sensíveis a mudanças no cenário macroeconômico, e a combinação de incertezas internas e externas está pressionando seus resultados no curto prazo.
Por outro lado, algumas empresas conseguem se destacar em meio à maré negativa do mercado. Um exemplo é a Suzano (SUZB3), maior produtora de celulose do mundo, que apresentou alta de 1,70%, com suas ações sendo negociadas a R$ 55,04. O desempenho positivo da Suzano está diretamente relacionado à alta do dólar, já que a empresa é uma grande exportadora e se beneficia da valorização da moeda americana frente ao real.
Em contrapartida, a Minerva (BEEF3), uma das maiores exportadoras de carne bovina da América Latina, sofreu uma das maiores quedas do dia, com seus papéis recuando 3,97%, sendo negociados a R$ 5,57. O desempenho negativo da Minerva reflete a cautela dos investidores em relação ao setor agropecuário, que também é impactado pelas flutuações cambiais e pela incerteza no comércio global.
Expectativas para o Ibovespa e o mercado financeiro
Para os próximos dias, a expectativa é que o Ibovespa continue oscilando em torno dos 130 mil pontos, refletindo as incertezas do mercado tanto no Brasil quanto no exterior. A continuidade das tensões geopolíticas no Oriente Médio e a indefinição sobre a política monetária dos EUA são fatores que devem manter o mercado volátil no curto prazo.
No cenário interno, as discussões em torno da política fiscal e da sucessão no Banco Central continuarão sendo os principais pontos de atenção para os investidores. A manutenção da taxa de juros em patamares elevados, combinada com as dificuldades do governo em aprovar reformas fiscais, pode impactar negativamente o desempenho da bolsa nas próximas semanas.
Ainda assim, há uma expectativa de que, com o arrefecimento das tensões internacionais e uma maior clareza sobre a condução da política econômica no Brasil, o Ibovespa possa retomar uma trajetória de alta no médio prazo. Empresas com forte exposição ao mercado externo, como Suzano, devem continuar se beneficiando da valorização do dólar, enquanto setores mais sensíveis à economia doméstica, como o de consumo, podem seguir pressionados até que haja maior estabilidade no cenário macroeconômico.
O Ibovespa enfrenta um momento de grande volatilidade, refletindo um cenário de incertezas tanto no mercado global quanto no interno. A queda nos preços do petróleo e as dúvidas em relação à política monetária dos Estados Unidos pressionam o índice, enquanto o desconforto com o quadro fiscal brasileiro e a transição no Banco Central aumentam a cautela dos investidores.
Para quem está acompanhando o mercado de ações, o momento é de atenção redobrada. Empresas exportadoras como Suzano podem continuar se destacando em meio ao cenário de alta do dólar, enquanto setores cíclicos, como o de consumo, seguem pressionados. Nos próximos dias, o mercado financeiro deverá continuar reagindo às notícias internacionais e às decisões do governo brasileiro, com o Ibovespa oscilando em torno dos 130 mil pontos.