Nikolas Ferreira ameaça pedir impeachment de Davi Alcolumbre após recusa sobre Moraes
O cenário político brasileiro ganhou novos contornos de tensão após a declaração do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que ameaçou protocolar um pedido de impeachment de Davi Alcolumbre caso o presidente do Senado mantenha sua posição de barrar a tramitação do processo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O embate, que já vinha se intensificando nos últimos dias com a articulação da oposição em torno do chamado “pacote da paz”, agora inclui a possibilidade de um confronto direto entre o influente parlamentar bolsonarista e o presidente da Casa Alta.
Como começou a disputa
A polêmica se instalou depois que Alcolumbre declarou publicamente que não pautará o impeachment de Alexandre de Moraes, independentemente do número de assinaturas reunidas. Na visão do presidente do Senado, essa é uma prerrogativa exclusiva do cargo, e pressões externas não o farão mudar de ideia.
A declaração foi vista como um duro golpe para a oposição, que vinha mobilizando senadores para alcançar o mínimo de 41 assinaturas necessárias para protocolar o pedido. Segundo levantamento do site votossenadores.com.br, esse número já foi atingido:
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41 senadores declararam apoio
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19 senadores se posicionaram contra
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21 senadores não definiram posição
Mesmo com essa maioria simbólica, a decisão de avançar com o processo cabe unicamente a Alcolumbre, que pode simplesmente arquivar o pedido.
A reação de Nikolas Ferreira
Nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), Nikolas Ferreira respondeu a uma publicação sobre a fala de Alcolumbre com a frase: “Então serão dois impeachments”, em referência ao afastamento simultâneo de Alexandre de Moraes e de Davi Alcolumbre.
O recado deixou claro que, caso o presidente do Senado mantenha a recusa, o deputado pretende abrir um novo front político, mirando diretamente no comando da Casa Alta.
O que está em jogo: o “pacote da paz”
A disputa pelo impeachment de Davi Alcolumbre está inserida em um contexto mais amplo: o chamado “pacote da paz” articulado por parlamentares da oposição. Esse pacote inclui três medidas principais:
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Impeachment de Alexandre de Moraes
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PEC do fim do foro privilegiado
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Anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro
Embora essas pautas sejam caras à base bolsonarista, enfrentam resistências expressivas no Congresso. A anistia, por exemplo, já foi descartada por líderes de diversas legendas, e o fim do foro privilegiado não avançou nas últimas discussões.
Impacto político do confronto
A ameaça de Nikolas Ferreira de pedir o impeachment de Davi Alcolumbre não é apenas um gesto simbólico. Politicamente, ela pode acirrar ainda mais a relação entre o Senado e setores da Câmara alinhados ao bolsonarismo.
Especialistas avaliam que, embora a probabilidade de cassação de um presidente do Senado seja baixa, a simples tramitação de um pedido dessa natureza serviria como instrumento de pressão e como capital político para Nikolas junto à sua base eleitoral.
Para Alcolumbre, manter a negativa significa reforçar sua autoridade e preservar a estabilidade institucional do Senado. Para Nikolas, confrontar essa decisão é uma oportunidade de galvanizar apoio entre os eleitores mais engajados na oposição ao STF.
A força e as limitações da oposição
A conquista das 41 assinaturas para o impeachment de Alexandre de Moraes mostrou capacidade de articulação da oposição no Senado, mas também expôs seus limites. Sem o aval do presidente da Casa, a proposta não avança.
No caso de um eventual impeachment de Davi Alcolumbre, a barreira é ainda maior: além de mobilizar senadores, seria necessário construir um consenso político amplo para afastar o presidente do Senado, algo historicamente raro.
Possíveis desdobramentos
A tensão pode seguir dois caminhos:
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Escalada do conflito: Nikolas protocola o pedido contra Alcolumbre, acirrando o embate e elevando a temperatura política no Congresso.
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Acomodação política: A oposição recua em troca de negociações para incluir parte de suas pautas nas discussões legislativas.
Independentemente do desfecho, o episódio já cumpre um papel importante para a oposição bolsonarista: manter o tema do impeachment de Alexandre de Moraes e agora o do impeachment de Davi Alcolumbre no debate público, alimentando narrativas que mobilizam suas bases.
A ameaça de Nikolas Ferreira inaugura uma nova fase no confronto político envolvendo o STF e o Senado. Se, de um lado, Alcolumbre tenta se firmar como guardião da estabilidade institucional, de outro, a oposição vê na pressão pública uma ferramenta para desgastar o ministro Alexandre de Moraes e, agora, o próprio presidente do Senado.
O próximo capítulo dessa disputa dependerá da capacidade de ambos os lados de manter apoio político e de usar as regras regimentais a seu favor. Até lá, o termo impeachment de Davi Alcolumbre deve permanecer em evidência no cenário político nacional.






