Indústria de materiais de construção projeta crescimento em 2025 com retomada puxada por insumos básicos
A indústria de materiais de construção segue em trajetória de recuperação no Brasil. Dados do mais recente levantamento mensal realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), em parceria com a consultoria Ecconit, revelam um cenário de crescimento gradual, porém consistente, para o setor em 2025. Em junho deste ano, o faturamento das indústrias do segmento apresentou uma alta de 0,5% em relação ao mês anterior e uma elevação de 1,1% quando comparado ao mesmo período de 2024.
Com esses resultados, a projeção anual para o desempenho da indústria de materiais de construção se mantém positiva, com uma expectativa de alta de 2,8% no faturamento total. Esse número é significativo em um cenário macroeconômico ainda desafiador, marcado por oscilações no consumo interno, incertezas políticas e cautela dos investidores.
Retomada impulsionada por materiais básicos
O crescimento da indústria de materiais de construção em junho foi impulsionado principalmente pelos materiais básicos, que apresentaram um avanço de 1,7% em relação a junho do ano anterior. Esse desempenho demonstra que, apesar das oscilações do mercado, a demanda por insumos fundamentais continua em alta, indicando movimentação positiva nos setores de infraestrutura, construção civil pesada e habitação popular.
Comparando com maio, o segmento de materiais básicos também apresentou crescimento, com alta de 1,1%. Já os materiais de acabamento — geralmente mais sensíveis ao consumo final e às variações de renda das famílias — mostraram um desempenho mais modesto, com crescimento de apenas 0,3% em relação a junho de 2024 e estabilidade na comparação mensal.
A performance diferenciada entre as duas categorias revela que a indústria de materiais de construção está sendo puxada principalmente por obras estruturais, enquanto o segmento de reformas e acabamentos ainda sente os efeitos da retração econômica e do crédito mais restrito.
Projeções positivas para o segundo semestre
Com o primeiro semestre encerrado em alta, as perspectivas para os próximos meses são otimistas. A Abramat mantém a previsão de crescimento de 2,8% para o acumulado de 2025, sustentada por diversos fatores que reforçam a confiança dos empresários do setor:
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Retomada gradual da confiança do consumidor;
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Expectativa de queda na taxa de juros;
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Estímulos ao crédito imobiliário;
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Investimentos públicos e privados em infraestrutura.
A estabilidade política e a previsibilidade institucional também são apontadas como pontos essenciais para manter o ritmo de expansão da indústria de materiais de construção, especialmente em um ano marcado por debates eleitorais e mudanças no cenário global.
Indicador estratégico para o setor
O Índice Abramat/Ecconit é considerado um dos principais termômetros da indústria de materiais de construção no país. Ele reúne dados econômicos estratégicos que orientam a tomada de decisões por parte das empresas, do governo e dos agentes do mercado. Os números permitem mapear tendências, identificar gargalos e traçar estratégias de médio e longo prazo para o desenvolvimento sustentável do setor.
De acordo com os dados coletados, o comportamento do consumidor, a política habitacional e os incentivos ao crédito têm influência direta sobre o desempenho do setor. A expansão verificada em junho e o otimismo projetado para o ano demonstram que, mesmo diante das adversidades, a indústria tem capacidade de adaptação e resposta rápida às dinâmicas econômicas.
Sustentabilidade e competitividade como foco estratégico
A indústria de materiais de construção não está apenas focada na recuperação econômica, mas também na construção de um ambiente mais sustentável e competitivo. O setor tem adotado medidas para reduzir a emissão de carbono, otimizar processos produtivos e ampliar o uso de tecnologias limpas.
Empresas estão investindo em inovação, automação e economia circular como formas de aumentar a produtividade e reduzir custos. A Abramat reforça que, para garantir o crescimento sustentável, é necessário manter o diálogo institucional com órgãos reguladores, fomentar políticas públicas de incentivo à construção civil e ampliar o acesso a financiamentos verdes.
Setor reage à pressão macroeconômica
Apesar dos resultados positivos, a indústria de materiais de construção ainda enfrenta desafios relevantes. A inflação de custos, a volatilidade cambial e os altos encargos tributários afetam diretamente a competitividade das empresas brasileiras. Além disso, o crédito restrito e os altos níveis de endividamento das famílias dificultam a expansão do consumo interno, principalmente no varejo de materiais de construção.
Para driblar essas barreiras, empresas do setor têm apostado na diversificação de produtos, na reestruturação de canais de distribuição e na digitalização dos processos comerciais. A busca por eficiência operacional tem sido uma constante para garantir margens positivas e manter o ritmo de crescimento.
Importância do setor para a economia brasileira
A indústria de materiais de construção é um dos pilares da economia nacional, com forte impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a geração de empregos e o desenvolvimento regional. Estima-se que o setor responda por cerca de 10% da atividade econômica da construção civil e por milhares de postos de trabalho diretos e indiretos em todo o país.
A produção nacional de cimento, aço, cerâmica, tintas e outros insumos movimenta uma extensa cadeia produtiva, que inclui desde a mineração até a distribuição no varejo. O bom desempenho do setor é, portanto, um indicativo importante da vitalidade da economia brasileira como um todo.
Perspectivas para 2026: otimismo moderado
O desempenho da indústria de materiais de construção em 2025 deverá pavimentar um caminho de otimismo moderado para 2026. Especialistas acreditam que, se mantidas as condições favoráveis de crédito, investimento e estabilidade política, o setor poderá registrar expansão ainda mais robusta no próximo ano.
No entanto, esse cenário dependerá de fatores externos, como a conjuntura internacional, os preços das commodities e os acordos comerciais com grandes economias. Além disso, o ambiente interno, especialmente as eleições municipais e possíveis mudanças na política fiscal, também será determinante para o desempenho do setor.