Vendas de veículos crescem 8% em setembro e exportações disparam no Brasil
O setor automotivo brasileiro encerrou setembro com resultados expressivos, reforçando o otimismo moderado das montadoras e concessionárias para o fechamento de 2025. Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as vendas de veículos novos subiram 7,9% em relação a agosto, totalizando 243 mil unidades comercializadas. O desempenho foi impulsionado, principalmente, pelo avanço das exportações e pela retomada gradual da confiança do consumidor.
Enquanto o mercado interno demonstrou vigor, a produção total de veículos apresentou uma leve retração de 1,5%, influenciada pela menor demanda no segmento de caminhões. No entanto, o balanço anual segue positivo: as vendas cresceram 2,9% e a produção aumentou 5,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Exportações sustentam crescimento da indústria automotiva
Um dos pontos mais relevantes no relatório da Anfavea foi o salto nas exportações de veículos, que cresceram 26,2% em setembro, resultado que evidencia a competitividade do setor brasileiro no mercado latino-americano.
A Argentina continua sendo o principal destino dos veículos fabricados no Brasil, representando uma parcela significativa do aumento nas exportações. Esse movimento tem compensado parte da desaceleração do consumo doméstico e ajudado as montadoras a manterem linhas de produção ativas.
Além da Argentina, países da América Central e do Norte da África vêm ampliando as compras de modelos compactos e utilitários esportivos (SUVs) produzidos no Brasil, fortalecendo o papel estratégico das exportações na balança comercial automotiva.
Carro sustentável impulsiona vendas no varejo
Outro destaque positivo em setembro foi o desempenho do carro sustentável, categoria que inclui modelos híbridos, elétricos e flex com alta eficiência energética. As vendas desses veículos aumentaram 24% no mês, demonstrando que o Programa Carro Sustentável, lançado pelo governo federal em parceria com as montadoras, vem obtendo resultados concretos.
Esse programa tem como objetivo estimular a renovação da frota nacional e reduzir a emissão de poluentes, oferecendo incentivos fiscais e linhas de crédito com juros mais baixos. Segundo o setor, o crescimento na procura por veículos de menor impacto ambiental contribui para equilibrar o desempenho do varejo automotivo e reduzir os efeitos da desaceleração em outros segmentos, como o de veículos pesados.
Desafios do setor diante do cenário econômico
Apesar dos bons resultados em setembro, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, destacou que o setor enfrenta um cenário desafiador. O ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central — ainda que em fase de desaceleração — afeta o custo do crédito e limita parte do potencial de expansão das vendas no varejo.
A alta das taxas de juros continua sendo um obstáculo importante para os consumidores que dependem de financiamento. Cerca de 70% dos automóveis vendidos no país são adquiridos por meio de crédito, o que torna o setor altamente sensível à política monetária.
Outro ponto de atenção é o custo de produção. As montadoras relatam aumento nos preços de insumos, logística e energia, o que pressiona margens de lucro. A expectativa, contudo, é de estabilidade a partir do quarto trimestre, caso o dólar mantenha tendência de baixa e a inflação continue controlada.
Segmento de caminhões ainda sente efeitos da desaceleração
Enquanto o mercado de automóveis e comerciais leves mostra recuperação, o segmento de caminhões segue enfrentando dificuldades. A queda de 1,5% na produção geral de veículos foi puxada, em grande parte, pela menor demanda por caminhões, reflexo da redução no volume de fretes e da menor atividade industrial em algumas regiões do país.
As transportadoras vêm adotando uma postura cautelosa, postergando a renovação de frota diante da incerteza econômica e dos juros ainda elevados. Mesmo assim, fabricantes esperam uma retomada gradual ao longo de 2026, com o reaquecimento da economia e a execução de novos projetos de infraestrutura e logística.
Montadoras apostam em tecnologia e sustentabilidade
Em resposta aos desafios, as principais montadoras instaladas no país vêm intensificando investimentos em tecnologia e inovação. A meta é tornar o Brasil um polo de produção sustentável, alinhado às metas globais de descarbonização do setor automotivo.
Diversas empresas já anunciaram planos para nacionalizar a produção de veículos elétricos e híbridos, com novos modelos previstos para chegar às concessionárias em 2026. Além disso, há um movimento crescente de modernização das fábricas, com adoção de tecnologias da Indústria 4.0, automação e digitalização de processos produtivos.
Esse avanço tecnológico deve contribuir para a competitividade das exportações e para o fortalecimento da imagem do Brasil como um centro regional de inovação automotiva.
Perspectivas para o último trimestre de 2025
A expectativa para o último trimestre de 2025 é de crescimento moderado nas vendas de veículos, com o varejo sendo sustentado por promoções, renovação de estoques e lançamentos de novos modelos compactos e SUVs híbridos. O setor também aposta em melhoras nas condições de crédito e na recuperação gradual da renda como fatores que podem impulsionar a demanda até o fim do ano.
A Anfavea projeta que o mercado deve fechar 2025 com crescimento entre 6% e 8% nas vendas totais de veículos novos, consolidando o Brasil como um dos dez maiores mercados automotivos do mundo. Já as exportações devem manter ritmo positivo, favorecidas pela desvalorização cambial moderada e pela demanda internacional aquecida por modelos compactos e utilitários.
Importância do setor automotivo na economia brasileira
O setor automotivo continua sendo um dos pilares da economia nacional, representando cerca de 4% do PIB e empregando quase 1,3 milhão de pessoas de forma direta e indireta. Além disso, a indústria de veículos tem forte impacto sobre cadeias produtivas adjacentes, como metalurgia, borracha, vidro, plástico, eletrônicos e serviços financeiros.
Com a expansão das exportações e o avanço dos carros sustentáveis, o segmento deve seguir contribuindo para o saldo positivo da balança comercial brasileira e para o processo de modernização tecnológica da indústria nacional.
O desempenho de setembro reforça a importância do mercado automotivo brasileiro como termômetro da economia. A alta nas vendas de veículos, somada ao crescimento expressivo das exportações, mostra que o setor mantém fôlego, mesmo diante de juros elevados e desafios logísticos.
A transição para modelos mais sustentáveis e tecnológicos representa não apenas uma tendência global, mas uma oportunidade de posicionar o Brasil como protagonista da mobilidade verde na América Latina.
Com a manutenção de políticas de incentivo e a retomada da confiança do consumidor, o país tem condições de consolidar em 2026 um novo ciclo de crescimento industrial e comercial no setor automotivo.






