O Brasil perdeu, no dia 13 de outubro de 2024, Washington Olivetto, considerado o maior publicitário da história do país. Olivetto, que faleceu aos 73 anos, estava internado no Rio de Janeiro e morreu devido a complicações após uma cirurgia de pulmão. Sua carreira foi marcada por prêmios e campanhas memoráveis que revolucionaram o setor publicitário. Além de ser o publicitário mais premiado do Brasil, Olivetto era também uma figura central no cenário criativo global, sendo o único publicitário não anglófono a integrar o Hall da Fama do The One Club de Nova York.
Nascido em São Paulo, Washington fundou a W/Brasil em 1986, onde criou campanhas icônicas, como o famoso “Garoto Bombril” e o impactante retrato pixelado de Hitler para o jornal Folha de S.Paulo. Seu trabalho foi premiado mais de 50 vezes no Festival de Publicidade de Cannes, colocando o Brasil no mapa global da criatividade.
Uma Carreira Brilhante
Washington Olivetto começou sua trajetória no mundo da publicidade ainda jovem, ganhando seu primeiro Leão de Ouro em Cannes aos 19 anos. Trabalhou em grandes agências, como a lendária DPZ, antes de fundar sua própria agência, a W/Brasil, que se tornaria uma das mais influentes do país.
A campanha “O Primeiro Sutiã”, criada para a Valisere, é uma de suas obras mais conhecidas, sendo lembrada até hoje como um marco da publicidade nacional. Olivetto tinha um talento incomparável para transformar o cotidiano em arte, como é evidenciado em campanhas memoráveis como “O Cachorrinho da Cofap” e “Unibanco 30 Horas”.
Além de sua genialidade criativa, Washington também foi uma figura importante fora do mundo da propaganda. Fanático por futebol, ele foi vice-presidente do Corinthians nos anos 1980 e um dos idealizadores da Democracia Corinthiana, movimento histórico que revolucionou a política do clube e a cultura esportiva no Brasil.
Legado e Impacto Internacional
Washington Olivetto não apenas elevou o padrão da publicidade no Brasil, mas também teve um impacto global. Ele foi um dos primeiros brasileiros a ser reconhecido internacionalmente, ganhando prêmios e homenagens em festivais importantes, como Cannes, e colaborando com grandes marcas globais.
Seu trabalho era caracterizado por um profundo entendimento da cultura popular brasileira, o que lhe permitia criar campanhas que dialogavam com o público de maneira direta e emocional. Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, destacou que Olivetto “foi um dos principais parceiros da emissora na construção de um mercado publicitário inovador e relevante no Brasil”.
O publicitário Nizan Guanaes, amigo pessoal de Olivetto, afirmou: “Quando dizem que ele foi um dos maiores publicitários brasileiros, isso está errado. Ele foi o maior publicitário brasileiro”.
A Influência na Cultura Brasileira
Washington Olivetto transcendeu o mundo da propaganda e se tornou uma figura pop, moldando a maneira como os brasileiros viam a publicidade. Ele trouxe o humor, a criatividade e a inteligência para o coração das campanhas publicitárias, e sua capacidade de criar peças icônicas e duradouras é inegável.
Luiz Lara, presidente do Cenp-Meios, afirmou que Olivetto “fez a publicidade brasileira ganhar asas e se tornar uma das mais premiadas do mundo”. Lara também lembrou de campanhas memoráveis que Olivetto criou ao longo de sua carreira, como “O Homem de 40 Anos”, “Rodolfo e Anita do Itaú” e “Os Meninos do DDD”.
Muitos profissionais da publicidade brasileira consideram Washington uma inspiração, e ele foi o motivo pelo qual muitos decidiram seguir carreira na propaganda. Mario D’Andrea, CEO da D’OM, ressaltou que Olivetto foi o responsável por tornar a carreira de publicitário uma das mais desejadas do país.
Um Visionário e Um Gênio Criativo
As homenagens póstumas destacaram não apenas o talento criativo de Washington Olivetto, mas também sua influência no mercado publicitário global. Filipe Bartholomeu, presidente e CEO da AlmapBBDO, comparou Olivetto a Tom Jobim, afirmando que ele foi o responsável por abrir o caminho para que a publicidade brasileira se destacasse mundialmente.
Outros colegas e profissionais da indústria reforçaram essa visão. Erh Ray, CEO e CCO da BETC Havas, disse que Olivetto “colocou o Brasil no mapa da criatividade mundial” e que sua capacidade de unir cultura popular e publicidade foi visionária.
Paulo de Tarso da Cunha Santos, estrategista de comunicação política, destacou que Olivetto foi “o camisa 10 da propaganda”, um gênio criativo sem igual, e que ele deu vida à publicidade brasileira, tornando-a uma profissão socialmente aceita.
O Fim de Uma Era
Washington Olivetto deixa três filhos: Homero, Antônia e Theo, além de um legado que transcende prêmios e campanhas. Seu impacto foi sentido não apenas no mundo da propaganda, mas também na cultura popular brasileira e global.
Sua capacidade de criar narrativas que emocionavam, provocavam e faziam o público refletir garantiu que seu trabalho fosse eterno. As homenagens de amigos e colegas da indústria ressaltam a importância de Olivetto para o Brasil e para o mundo da criatividade.
Sua morte marca o fim de uma era na publicidade brasileira, mas seu legado continuará a inspirar gerações de criativos, publicitários e profissionais da comunicação.