A onda de violência em curso na França, provocada pela morte de um jovem de 17 anos de origem argelina pela polícia na terça-feira passada (27), continuou na madrugada deste domingo (2). A quinta noite de distúrbios foi menos intensa do que as anteriores, mas ainda assim com 719 detidos, segundo o Ministério do Interior francês.
Um dos incidentes mais graves ocorreu em L’Haÿ les Roses, pequena cidade nos subúrbios de Paris, onde um carro invadiu a casa do prefeito durante a madrugada e depois pegou fogo. O caso está sendo investigado.
As pessoas foram presas nesta madrugada por porte de objetos que podem ser utilizados como armas ou projéteis. Na noite anterior o número de detidos chegou a 1,3 mil, o maior desde terça-feira, quando o jovem foi morto. “A noite foi mais tranquila graças à ação determinada das autoridades”, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin, em seu perfil no Twitter.
Pela segunda noite consecutiva, o ministro mobilizou 45 mil policiais — 7 mil apenas em Paris e nos subúrbios da capital, com reforços em Marselha e Lyon, as principais cidades afetadas.
O funeral de Nahel M., 17, começou neste sábado (1º) em Nanterre, município a noroeste de Paris, na presença de familiares do jovem. Uma multidão se reuniu no cemitério local, onde o clima era tenso, segundo um jornalista da agência de notícias France-Presse.
O adolescente foi morto na última terça por um policial com um tiro, após se negar a obedecer às ordens de dois agentes durante uma operação de controle de trânsito em Nanterre, o que desencadeou a onda de violência em todo o país.
A polícia implantou dispositivos de segurança na avenida Champs-Élysées, em Paris, onde as vitrines foram protegidas com tábuas de madeira. Na tentativa de conter a espiral de violência, muitos municípios franceses, principalmente na região da capital francesa, também impuseram toque de recolher e proibiram ônibus e bondes a partir das 21h.
Segundo a agência O Globo, o policial de 38 anos que atirou no jovem está sob custódia desde terça, acusado de homicídio culposo.
Segundo informações da agência Reuters, o presidente Emmanuel Macron adiou uma visita de Estado à Alemanha que deveria ter começado neste domingo para lidar com a pior crise em seu mandato desde que os protestos dos “coletes amarelos” paralisaram grande parte da França no final de 2018.
Protestos desencadeados pelo tiro fatal em um jovem de 17 anos em Nanterre, na França, na sexta-feira (30) — Foto: Aurelien Morissard/AP Photo