Para avaliar o comportamento do mercado de trabalho no trimestre encerrado em maio, é preciso levar em consideração que os anos de 2021 e 2022 foram de “crescimentos sucessivos” da população ocupada e não há mais qualquer influência da pandemia para o desempenho.
A avaliação foi feita pela coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy, ao comentar os resultados do trimestre. Ela evitou classificar o desempenho do período como positivo ou negativo, por considerar que depende do enfoque dos analistas. “Se é bom ou é ruim [o resultado do trimestre], depende do enfoque do usuário, dos estudiosos”, disse.
A taxa de desemprego no país foi de 8,3% no trimestre encerrado em maio, ante 8,5% naquele encerrado em fevereiro. E essa queda, segundo ela, foi puxada pela redução da busca por trabalho e não por aumento da população ocupada.
O número de desempregados recuou 3% ante o trimestre anterior, para 8,9 milhões de pessoas. Só é classificado como desempregado aquele trabalhador que tomou alguma medida para buscar um trabalho. Já o total de trabalhadores ocupados no país variou 0,3%, para 98,4 milhões de pessoas, classificada como estabilidade estatística pelo IBGE.
“O passado recente foi de crescimento muito grande de população ocupada. Se olhar em retrospecto, 2021 e 2022 foram de crescimentos sucessivos da população ocupada. Então 2023 é um ano que vai incorporar a saída de dois anos de crescimento muito intenso da ocupação e da volta de uma normalidade praticamente total do funcionamento das atividades [em função da pandemia]. Então esses dois fatores têm que ser levados em consideração”, afirmou Beringuy.
Ela reconheceu que uma queda do desemprego puxada por mais ocupação traria outros ganhos atrelados – como aumento do nível de ocupação -, mas evitou classificar como positivo ou negativo o desempenho do mercado de trabalho no trimestre entre março e maio.
Sazonalmente, lembra ela, houve anos em que o trimestre encerrado em maio já apontava para aumento da ocupação – o período mais fraco de início de ano – , mas que isso não se deu em todos os anos da série histórica da pesquisa.
“Vai depender da interpretação do analista [se o desempenho é positivo ou negativo. O que a gente faz é mostrar esse retrospecto recente do mercado do trabalho, quem influencia mais e quem influencia menos. Agora, se é bom ou é ruim [o resultado do trimestre], depende do enfoque do usuário, dos estudiosos”, ponderou. “De fato, a menor procura por trabalho foi o que foi fundamental para a queda da taxa de desocupação”.
Um dos prédios do IBGE, no Rio de Janeiro — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias