Governo anuncia ressarcimento do INSS: R$ 2,3 bilhões já devolvidos a aposentados e pensionistas
Mais de 3 milhões de beneficiários foram reembolsados após descontos irregulares; entenda quem tem direito e como solicitar o ressarcimento
O governo federal confirmou neste domingo (26) que já devolveu R$ 2,3 bilhões a aposentados e pensionistas prejudicados por descontos indevidos em benefícios previdenciários. O ressarcimento do INSS faz parte de um amplo acordo de reparação firmado entre o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério da Previdência Social, após a identificação de fraudes em cobranças realizadas por associações, sindicatos e entidades de classe.
O caso veio à tona durante a Operação Sem desconto, deflagrada pela Polícia Federal em abril, que apurou a existência de um esquema nacional de cobrança de mensalidades não autorizadas de beneficiários. Milhões de aposentados em todo o país foram afetados, com valores descontados diretamente dos seus benefícios previdenciários sem consentimento.
O que é o ressarcimento do INSS?
O ressarcimento do INSS é o processo de devolução dos valores descontados indevidamente dos benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas. A medida foi criada após a comprovação de que entidades e associações utilizaram informações dos beneficiários para efetuar cobranças automáticas sem autorização.
Segundo o governo, o valor total devolvido até o momento — R$ 2,3 bilhões — contempla mais de 3 milhões de pessoas. Os reembolsos foram realizados de forma automática e corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), com o depósito sendo feito em até três dias úteis após a adesão ao acordo.
Além disso, o INSS anunciou que cerca de 500 mil novos beneficiários que haviam contestado descontos e aguardavam resposta das entidades poderão agora aderir ao ressarcimento.
Como funcionava a fraude contra aposentados
As investigações da Polícia Federal e da CGU revelaram que o esquema de fraude envolvia associações e sindicatos que realizavam descontos mensais diretamente nos benefícios previdenciários, sem o consentimento dos aposentados.
Essas entidades alegavam oferecer serviços de assistência jurídica, seguros e convênios médicos, mas, na prática, muitas delas nunca prestaram os serviços prometidos.
Além disso, pelo menos seis associações usaram softwares para falsificar assinaturas e responder de forma fraudulenta às contestações apresentadas pelos beneficiários, com o objetivo de manter as cobranças irregulares.
O INSS e a CGU já instauraram 52 processos administrativos contra 50 associações e três empresas suspeitas de envolvimento nas fraudes. Também há apurações sobre o pagamento de propinas a servidores públicos, que teriam facilitado o acesso indevido a dados de segurados.
Desde abril, o governo suspendeu todas as cobranças associativas automáticas realizadas nos benefícios do INSS, até que o novo sistema de autorização eletrônica entre em vigor.
Quem tem direito ao ressarcimento do INSS?
Têm direito ao ressarcimento do INSS todos os aposentados e pensionistas que:
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Sofreram descontos indevidos em seus benefícios sem autorização prévia;
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Apresentaram contestações de cobrança nos canais oficiais do INSS;
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Tiveram o pedido reconhecido pela Operação Sem Desconto;
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Ou ainda aguardam resposta das entidades envolvidas e desejam aderir ao acordo de ressarcimento.
Os beneficiários que ainda não receberam os valores devem acompanhar a situação pelo aplicativo Meu INSS ou pelo site gov.br/inss.
A consulta é gratuita e não exige o envio de documentos.
Como solicitar o ressarcimento do INSS
O processo de adesão ao ressarcimento do INSS é simples, gratuito e totalmente digital. O beneficiário pode solicitar o reembolso das seguintes formas:
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Aplicativo Meu INSS (disponível para Android e iOS);
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Site oficial gov.br/inss;
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Central telefônica 135, de segunda a sábado, das 7h às 22h;
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Agências dos Correios, em atendimento presencial.
Durante a solicitação, o beneficiário precisa apenas confirmar seus dados cadastrais e manifestar interesse na adesão.
O pagamento é realizado diretamente na conta vinculada ao benefício previdenciário, em até três dias úteis após a aprovação.
O governo ressalta que não há necessidade de intermediários, pagamento de taxas ou envio de documentos físicos.
Mensagens via SMS, links por WhatsApp ou e-mails pedindo dados pessoais devem ser ignoradas, pois o INSS não solicita informações por esses meios.
Prazo para contestação e adesão ao acordo
Os beneficiários que ainda não contestaram os descontos indevidos têm até o dia 14 de novembro de 2025 para registrar o pedido de revisão.
Já a adesão ao acordo de ressarcimento poderá ser feita mesmo após essa data, conforme o cronograma divulgado pelo INSS.
A adesão ao programa implica renúncia ao direito de processar judicialmente o governo federal pelo caso, mas não impede ações contra as entidades responsáveis pelas cobranças indevidas.
O governo reforça que o acompanhamento das adesões será contínuo e que novos lotes de pagamentos poderão ser liberados até o fim do ano.
Operação Sem Desconto: o que foi descoberto
A Operação Sem Desconto, lançada pela Polícia Federal em abril, investigou um dos maiores esquemas de fraude previdenciária já registrados no país.
O inquérito revelou que diversas entidades de fachada usaram os dados de aposentados e pensionistas para realizar descontos automáticos em folha, com valores que variavam entre R$ 10 e R$ 60 mensais.
Esses valores eram registrados como contribuições associativas, mas na maioria dos casos, os beneficiários jamais autorizaram ou tiveram qualquer vínculo com as instituições cobradoras.
A investigação também apurou que parte dos valores arrecadados foi usada para financiar campanhas políticas e pagar propina a agentes públicos, em troca de facilitação no acesso a dados sigilosos de segurados do INSS.
O esquema, segundo estimativas da CGU, causou um prejuízo superior a R$ 5 bilhões ao longo de cinco anos, antes de ser desmantelado.
Cuidados ao aderir ao ressarcimento do INSS
O governo alertou para o risco de golpes durante o processo de ressarcimento.
Criminosos têm se passado por servidores do INSS para tentar obter dados bancários e pessoais dos beneficiários.
O Instituto reforça que:
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Não envia links por e-mail, SMS ou WhatsApp;
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Não solicita informações pessoais por telefone;
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Não cobra taxas nem oferece “agilidade no pagamento” por meio de terceiros;
Em caso de suspeita de fraude, a orientação é denunciar imediatamente à Ouvidoria-Geral da União, por meio da plataforma Fala.BR, que aceita denúncias anônimas.
Impacto econômico do ressarcimento do INSS
Além de reparar as perdas individuais, o ressarcimento do INSS também tem um impacto macroeconômico relevante.
A devolução dos valores movimenta mais de R$ 2 bilhões na economia, beneficiando diretamente milhões de famílias idosas, muitas delas de baixa renda.
Segundo economistas, esse tipo de injeção financeira tem efeito positivo no consumo e ajuda a aquecer o comércio local, especialmente em pequenas cidades onde o pagamento de benefícios previdenciários é uma das principais fontes de renda.
O governo federal também espera que a medida reforce a confiança na Previdência Social e reduza o número de ações judiciais relacionadas a cobranças indevidas.
Transparência e novas medidas de segurança
Para evitar novos casos de fraude, o INSS implementará um novo sistema de autorização eletrônica, que exigirá validação biométrica ou assinatura digital para qualquer desconto associativo.
O modelo será integrado à Plataforma Gov.br, garantindo mais transparência e rastreabilidade nas autorizações.
Além disso, o governo planeja auditorias semestrais e publicação de relatórios de conformidade, permitindo que beneficiários acompanhem seus descontos em tempo real.
O futuro do INSS e a proteção do segurado
O caso reforça a importância de educação financeira e digital entre os aposentados, que são alvos recorrentes de golpes.
O INSS pretende lançar, até o final do ano, uma campanha nacional de conscientização, com foco em ensinar beneficiários a identificar cobranças ilegais e evitar fraudes online.
A operação também impulsionou um debate dentro do governo sobre a modernização dos processos de autorização e transparência nos benefícios previdenciários.
Entre as medidas em estudo está a integração total entre o Meu INSS e o sistema bancário, permitindo que o cidadão visualize e confirme descontos em tempo real.
O ressarcimento do INSS representa uma das maiores ações de reparação financeira já realizadas pelo governo brasileiro.
Com mais de R$ 2,3 bilhões devolvidos e milhões de aposentados beneficiados, o programa marca um avanço importante na proteção dos direitos previdenciários e na luta contra fraudes estruturadas.
A iniciativa também demonstra o esforço das autoridades em recuperar a confiança no sistema previdenciário e garantir transparência nas relações entre beneficiários e entidades.
O próximo passo será consolidar um sistema mais seguro e digital, capaz de impedir que golpes semelhantes voltem a ocorrer.






