O sódio, abundante na natureza e amplamente disponível na água do mar e em reservas salinas globais, emerge como uma alternativa significativa ao lítio no processo de armazenamento de energia. Especialistas afirmam que o sódio tem o potencial de conquistar até um quarto do mercado de baterias, atualmente dominado pelo lítio.
Segundo Hudson Zanin, professor da Feec-Unicamp e líder do projeto de pesquisa da primeira bateria de sódio brasileira, as tecnologias de ambas as baterias compartilham semelhanças significativas. “Em ambas, os íons [conjunto de átomos dotados de carga elétrica] executam a tarefa de transportar e estocar elétrons durante os processos de carga e descarga de energia. Para isso, os íons penetram a estrutura dos eletrodos, que são constituídos por um polo positivo, o cátodo, e um polo negativo, o ânodo”, explica o professor.
Baterias de Sódio vs. Baterias de Lítio
Embora o lítio mantenha sua liderança em eficiência e ciclabilidade, as baterias de sódio apresentam vantagens significativas, como custo inferior, maior abundância e um processo de extração com baixa pegada de carbono. Em termos de densidade de energia e ciclo de vida, o lítio possui uma vantagem, carregando 30% mais energia em um mesmo volume físico e realizando 12 mil ciclos durante sua vida útil, enquanto as baterias de sódio realizam aproximadamente 4 mil ciclos.
Entretanto, as baterias de sódio representam uma alternativa viável, principalmente devido ao custo mais baixo e ao menor impacto ambiental em seu processo de produção. O sódio, ao contrário do lítio, é uma fonte energética mais abundante e renovável.
Perspectivas Futuras
Roberto Manuel Torresi, químico especialista em materiais eletroativos no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), destaca que as baterias de sódio não devem substituir os módulos de armazenamento de lítio em aplicações como veículos elétricos e dispositivos portáteis. No entanto, elas têm potencial para ocupar nichos específicos, como aplicações estacionárias em sistemas de segurança energética, armazenamento de energia eólica e solar, reduzindo as intermitências.
O lançamento de modelos como o compacto Seagull da chinesa BYD, equipado com uma bateria de íons de sódio, indica o crescente interesse e potencial das baterias de sódio, especialmente em aplicações estacionárias. O Seagull promete uma autonomia de 305 km no ciclo chinês, destacando a viabilidade dessa tecnologia mesmo no setor de veículos elétricos.
Embora as baterias de lítio continuem predominantes em algumas aplicações, as de sódio estão se consolidando como uma alternativa promissora, alinhada não apenas com a eficiência, mas também com considerações econômicas e ambientais. O futuro parece promissor para o papel do sódio no cenário de armazenamento de energia.