Tarcísio de Freitas Pode Ter Planos Presidenciais Atrasados por Julgamento de Bolsonaro no STF
O cenário político brasileiro pode passar por uma reviravolta significativa caso o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux decida pedir mais tempo para analisar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida, conhecida como pedido de vista, poderia adiar por até três meses a conclusão do julgamento, impactando diretamente os planos eleitorais do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é visto por aliados como um potencial candidato à Presidência da República em 2026.
O eventual adiamento não alteraria o desfecho jurídico esperado para Bolsonaro, que já cumpre prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares impostas pelo STF. Especialistas e lideranças políticas apontam que, mesmo com um pedido de vista, a condenação é praticamente certa, uma vez que os demais ministros da Primeira Turma devem proferir votos desfavoráveis ao ex-presidente.
Efeito jurídico limitado, mas impacto político direto
Do ponto de vista legal, a manobra de Fux não teria poder para evitar a condenação de Bolsonaro nem para suspender sua prisão. Isso porque o regimento do Supremo estabelece que, após o prazo de três meses, o ministro deve apresentar seu voto, dando prosseguimento ao julgamento.
Caso a condenação seja confirmada, Bolsonaro poderá ser transferido para uma prisão militar ou comum, com algumas regalias, como cela isolada. Ainda assim, o adiamento poderia atrasar a execução da pena definitiva, mantendo a incerteza política até meados de 2026.
O dilema de Tarcísio de Freitas
O maior impacto da possível protelação recai sobre Tarcísio de Freitas. O governador paulista tem seu nome ventilado como alternativa para liderar a direita na próxima eleição presidencial. No entanto, seu projeto depende fortemente do aval e do apoio direto de Bolsonaro.
Sem esse endosso, Tarcísio correria o risco de ser rotulado como traidor por parte da base bolsonarista, o que inviabilizaria qualquer candidatura competitiva. Por isso, aliados próximos avaliam que, enquanto o processo contra Bolsonaro não for concluído, o governador não poderá dar passos concretos rumo ao Planalto.
Resistência no núcleo bolsonarista
Fontes próximas ao ex-presidente afirmam que Bolsonaro e sua família resistem à ideia de apoiar outro nome, mantendo a posição de que não existe “Plano B” no campo da direita. A estratégia oficial continua sendo lançar o próprio Bolsonaro como candidato em 2026, mesmo diante de um cenário jurídico cada vez mais desfavorável.
Líderes do Centrão tentam convencer o ex-presidente a antecipar o anúncio de Tarcísio de Freitas como seu sucessor político. A avaliação é que isso daria tempo para consolidar uma campanha robusta, caso a candidatura de Bolsonaro seja inviabilizada definitivamente. No entanto, a postura irredutível do ex-presidente trava qualquer definição.
O papel de Luiz Fux no processo
O ministro Luiz Fux, que integra a Primeira Turma do STF, tem prerrogativa para solicitar mais tempo de análise do processo. Caso isso ocorra, a tramitação do caso ficaria suspensa até que ele devolvesse o processo para julgamento, o que poderia ocorrer somente após o prazo regimental de três meses.
Embora essa medida seja prevista no ordenamento jurídico, sua utilização em casos de grande repercussão política costuma gerar críticas, especialmente quando afeta o calendário eleitoral. No caso de Bolsonaro, o atraso poderia coincidir com a fase de pré-campanha, ampliando as incertezas no campo da direita.
Estratégia e riscos para 2026
Para Tarcísio de Freitas, o adiamento representaria um desafio estratégico. Se o governador decidir esperar a resolução do caso Bolsonaro, poderá perder tempo precioso para articular alianças, fortalecer palanques regionais e consolidar uma narrativa nacional.
Por outro lado, se optar por se lançar sem o apoio explícito do ex-presidente, corre o risco de sofrer desgaste político e ver seu eleitorado dividido. Analistas lembram que, no cenário atual, o capital político de Tarcísio está diretamente atrelado à figura de Bolsonaro, tanto pela origem de sua carreira política quanto pelo apoio que recebeu para chegar ao governo de São Paulo.
Possíveis cenários
Caso a condenação definitiva de Bolsonaro ocorra antes do início oficial da campanha, Tarcísio poderia ser anunciado como herdeiro político, herdar a base de apoiadores e lançar-se como o principal nome da direita. Nesse caso, teria tempo para construir uma plataforma eleitoral e ampliar sua visibilidade nacional.
Entretanto, se o julgamento se estender até 2026, o governador poderá enfrentar um ambiente de indefinição, no qual aliados e adversários disputam espaço e narrativa. Essa incerteza pode beneficiar outros nomes da direita, que já se movimentam nos bastidores para se apresentar como alternativas viáveis.
O cálculo político de Bolsonaro
A resistência de Bolsonaro em apontar um sucessor está ligada a dois fatores principais: a manutenção de sua relevância política e a esperança de reverter seu quadro jurídico. Ao não abrir mão da candidatura, o ex-presidente mantém sua base mobilizada e pressiona o STF e demais instâncias judiciais.
Contudo, essa postura prolonga a instabilidade interna no campo conservador, enfraquecendo a capacidade de planejamento e mobilização para 2026. Para Tarcísio de Freitas, isso significa atuar em um cenário de dependência total das decisões e do timing político de Bolsonaro.






