EUA mantêm pressão sobre China e não recuam em tarifas comerciais, afirma Trump
Estratégia tarifária dos Estados Unidos deve impactar o comércio global e aumentar tensões com a China
Em meio às crescentes tensões comerciais no cenário internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou a posição inflexível do país em relação às tarifas comerciais entre EUA e China. Em um comunicado oficial emitido pela Casa Branca, Trump afirmou que não haverá qualquer redução unilateral das tarifas aplicadas sobre produtos chineses enquanto o governo de Pequim não apresentar concessões claras e vantajosas para os interesses norte-americanos.
A declaração reafirma a estratégia tarifária dos EUA como instrumento de pressão política e econômica, consolidando a guerra comercial com a China como um dos principais eixos da política externa de Trump em 2025. O impasse ocorre justamente quando ambos os países se preparam para uma nova rodada de negociações na Suíça, onde representantes de alto escalão devem tentar chegar a um acordo.
Proposta de redução parcial das tarifas é minimizada pela Casa Branca
Pouco antes da nota oficial, Trump havia mencionado, de forma informal, a possibilidade de reduzir a alíquota tarifária de 145% para 80% sobre determinados produtos chineses. No entanto, essa declaração foi rapidamente desmentida por sua equipe. Segundo a secretária de imprensa Karoline Leavitt, o número foi apenas uma sugestão hipotética durante conversas internas, sem qualquer formalização. “Foi um número que o presidente sugeriu casualmente”, disse Leavitt, reforçando que qualquer decisão definitiva dependerá do desenrolar das negociações nos próximos dias.
A sinalização contraditória causou inquietação nos mercados internacionais, refletindo a instabilidade que cercam as decisões de política comercial entre as duas maiores potências econômicas do planeta.
Lula critica tarifas unilaterais dos EUA em evento com Putin e Xi Jinping
Enquanto os Estados Unidos se mantêm firmes na manutenção das tarifas comerciais entre EUA e China, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou um evento em Moscou para criticar abertamente a postura norte-americana. Em visita oficial à Rússia, durante as comemorações do 80º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista, Lula destacou que as tarifas unilaterais impostas por Donald Trump, especialmente as de 25% sobre aço e alumínio, vão contra os princípios do livre comércio e da cooperação multilateral.
“As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxar o comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, jogam por terra a grande ideia do livre comércio”, afirmou Lula em discurso que contou com a presença dos presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China.
Impactos econômicos das tarifas comerciais entre EUA e China
A manutenção das tarifas comerciais entre EUA e China tem impactos significativos para a economia global. Ao dificultar o acesso de produtos chineses ao mercado norte-americano, os Estados Unidos tentam forçar a China a modificar práticas comerciais que Washington considera injustas, como subsídios estatais e exigência de transferência de tecnologia. No entanto, especialistas alertam que essas barreiras aumentam os custos para consumidores e empresas dos próprios EUA, além de desacelerar o comércio internacional.
O setor de tecnologia, por exemplo, está entre os mais afetados, uma vez que muitos componentes essenciais são importados da China. Pequenas e médias empresas norte-americanas também relatam dificuldades para manter a competitividade diante dos aumentos de preços causados pelas tarifas.
Perspectivas para as próximas negociações
Com a nova rodada de discussões marcada para os próximos dias na Suíça, existe uma expectativa de que os dois países possam alcançar algum avanço. No entanto, analistas políticos avaliam que a postura firme de Trump, alinhada à campanha de reeleição que se aproxima, torna improvável qualquer recuo substancial sem que haja contrapartidas concretas da China.
Pequim, por sua vez, mantém um discurso diplomático mais moderado, mas não descarta retaliar com suas próprias tarifas ou restrições a empresas americanas que operam em solo chinês. A disputa tarifária, portanto, continua sendo uma peça central na disputa de hegemonia entre os dois países.
Brasil e Rússia fortalecem laços econômicos
Durante sua visita a Moscou, Lula não apenas criticou os EUA como também aproveitou para estreitar os laços com o governo russo. O presidente brasileiro mencionou o desejo de ampliar o comércio bilateral, hoje em torno de US$ 12,5 bilhões, mas que gera déficit para o Brasil devido à alta dependência de fertilizantes russos.
Lula destacou a intenção de desenvolver projetos conjuntos com a Rússia, como a construção de pequenas usinas nucleares, além de parcerias estratégicas nas áreas de defesa, tecnologia e energia. A aproximação entre Brasil e Rússia pode representar um novo eixo de alianças no cenário internacional, especialmente em um momento em que países em desenvolvimento buscam alternativas às potências ocidentais tradicionais.
Tensões comerciais e a nova ordem geopolítica
A disputa tarifária entre EUA e China, somada às críticas do Brasil e à aproximação com a Rússia, aponta para um realinhamento da geopolítica global. Países do BRICS, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, começam a atuar de maneira mais coordenada, questionando a supremacia dos EUA nas decisões comerciais globais.
Esse movimento tem potencial para transformar o atual sistema multilateral, reduzindo a influência das instituições lideradas pelo Ocidente, como o FMI e o Banco Mundial, e promovendo a criação de blocos econômicos alternativos. As tarifas comerciais entre EUA e China deixam de ser apenas uma disputa bilateral para se tornarem um símbolo de uma nova ordem em construção.
A insistência dos Estados Unidos em manter as tarifas comerciais entre EUA e China representa mais do que uma tática econômica: é uma demonstração clara de poder e de defesa de interesses estratégicos. Contudo, essa postura já provoca reações de líderes internacionais como Lula, que vê no protecionismo um risco à cooperação global.
O cenário de 2025 é de incerteza, tensão e redefinição de alianças. E, nesse contexto, a guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo continuará sendo observada de perto por economistas, empresários e líderes políticos ao redor do globo.