BRB contrata investigação independente para esclarecer operações ligadas ao Banco Master
O Banco de Brasília decidiu avançar em uma medida considerada crucial para a recomposição de sua governança interna: a contratação de uma BRB investigação independente destinada a apurar, com rigor técnico e total autonomia, qualquer participação da instituição em operações relacionadas ao Banco Master, alvo da Operação Compliance Zero, conduzida pela Polícia Federal. A iniciativa surge em meio a uma das maiores crises enfrentadas pela instituição pública desde sua criação, em cenário que envolve suspeitas de carteiras de crédito fictícias, negociações bilionárias sem lastro e alertas reiterados do Banco Central.
A adoção da BRB investigação independente responde à pressão crescente por transparência e reforço de controles internos, especialmente após o afastamento do presidente Paulo Henrique Costa e de parte da diretoria. A ação marca uma tentativa de reconstrução institucional e de preservação da credibilidade do banco estatal, responsável por financiar programas estratégicos no Distrito Federal.
O processo será conduzido pelo escritório Machado Meyer Advogados, com suporte técnico da Kroll Associates, consultoria global especializada em investigações corporativas. Ambas reportarão suas conclusões diretamente a um Comitê Independente instaurado no fim de novembro, formado para garantir que a BRB investigação independente seja conduzida sem interferências políticas ou administrativas.
A crise que levou o BRB a acionar uma investigação independente
A decisão do banco ocorre após o avanço da Operação Compliance Zero, que investiga um esquema de fraudes estruturadas dentro do Banco Master, envolvendo cifras que podem chegar a R$ 12 bilhões. De acordo com a Polícia Federal, o grupo teria comercializado créditos inexistentes, criado carteiras artificiais para simular solvência e emitido CDBs com rentabilidade acima de 40% do mercado — sem qualquer lastro.
Parte dessas carteiras suspeitas teria sido adquirida pelo BRB, mesmo após alertas emitidos pelo Banco Central, que identificou sobreposição de CPFs, ausência de contratos subjacentes e originação de crédito feita por empresas sem histórico operacional. Ao adquirir esses ativos, o risco de contaminação da carteira do banco estatal se tornou significativo, representando até 30% dos ativos totais em determinados períodos.
Essa combinação de fatores levou à montagem de uma estrutura robusta para a BRB investigação independente, cuja finalidade é compreender a extensão das responsabilidades, identificar falhas de governança, responsabilidades individuais e eventuais prejuízos enfrentados pelo banco público.
Como foi estruturada a BRB investigação independente
Ao anunciar a medida, o banco destacou que a auditoria jurídica e técnica terá acesso irrestrito a documentos, relatórios internos, fluxos decisórios e registros de comunicação relativos às operações investigadas. Contudo, determinou que informações protegidas por sigilo legal sejam tratadas com confidencialidade, garantindo integridade ao processo.
A BRB investigação independente será conduzida em três frentes:
1. Mapeamento de todas as operações envolvendo o Banco Master
Isso inclui:
– compra de carteiras de crédito
– operações estruturadas entre 2024 e 2025
– contratos negociados diretamente com empresas vinculadas ao grupo Master
– análises de risco que fundamentaram decisões
A ênfase recai na verificação de eventuais irregularidades no processo decisório.
2. Avaliação dos sistemas de governança do BRB
A auditoria investigará:
– funcionamento da diretoria de risco
– atuação da auditoria interna
– comunicação com o Conselho de Administração
– respostas da alta gestão aos alertas do Banco Central
– autonomia dos gestores envolvidos
A meta é determinar se houve negligência, imprudência ou quebra deliberada de protocolos.
3. Identificação de responsabilidades individuais
A partir da coleta de dados, a BRB investigação independente buscará identificar:
– gestores que aprovaram as operações
– áreas que participaram da avaliação das carteiras
– possíveis conflitos de interesses
– eventual cooperação interna com esquemas investigados pela PF
Esse levantamento é essencial para decisões futuras sobre responsabilização administrativa.
As suspeitas que desencadearam a crise
A Operação Compliance Zero revelou que o Banco Master, comandado por Daniel Vorcaro — preso por 12 dias — teria comercializado créditos inexistentes, adquiridos de empresas como a Tirreno. Parte desse estoque teria sido revendida ao BRB por aproximadamente R$ 12,2 bilhões, em operação vista como tentativa de aliviar a grave crise de liquidez enfrentada pelo Master.
Para os investigadores, a transação representava risco extremo. A participação do banco público nesse processo motivou o Banco Central a vetar, meses depois, a intenção do BRB de adquirir 58% do Master por R$ 2 bilhões, alegando que a compra absorveria ativos tóxicos capazes de comprometer a saúde financeira da instituição estatal.
O BC alertou formalmente, desde 2024, sobre falhas estruturais, mas as negociações continuaram. Quando a ligação entre as transações e os elementos investigados pela PF tornou-se pública, a necessidade de uma BRB investigação independente se impôs.
O impacto institucional para o BRB
A crise levou ao afastamento do presidente Paulo Henrique Costa e de outros executivos, abrindo espaço para interrogações profundas sobre a governança interna. A fragilidade de controles e decisões estratégicas levou o banco a enfrentar sua maior crise reputacional em anos.
A contratação da BRB investigação independente reflete uma estratégia para:
– sinalizar comprometimento com a transparência
– demonstrar cooperação com autoridades federais
– reduzir danos reputacionais
– restabelecer confiança de investidores e do mercado
– proteger o banco de eventual responsabilização futura
Especialistas em governança destacam que o modelo adotado — com consultoria externa, advogados independentes e comitê autônomo — atende às melhores práticas internacionais.
Riscos financeiros e regulatórios
As operações investigadas têm potencial para gerar:
– prejuízos bilionários ao banco
– ajustes contábeis profundos
– reclassificação de ativos
– provisões adicionais para perdas
– novas exigências de capital regulatório
Além disso, a atuação do BRB poderá ser avaliada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal, pelo Banco Central e por comissões internas do Governo do DF, controlador majoritário do banco.
A conclusão da BRB investigação independente pode influenciar:
– penalidades a ex-diretores
– mudanças estruturais na forma de concessão de crédito
– revisão completa de governança corporativa
– processos administrativos internos
– ações de ressarcimento contra envolvidos
A origem das fragilidades: controles ignorados
Um dos aspectos mais sensíveis da crise é a constatação de que o BRB recebeu sucessivos alertas do Banco Central sobre falhas no risco das carteiras adquiridas. Entre os pontos destacados estavam:
– CPFs repetidos
– ausência de contratos de lastro
– empresas sem histórico validável
– inadimplência mascarada
– liquidez artificial
– notas técnicas ignoradas
A decisão de avançar nas operações, mesmo diante desses sinais, reforça a necessidade de apurar responsabilidades. A BRB investigação independente é vista como o instrumento capaz de identificar quem tomou decisões estratégicas, se houve violação de normas internas e se interesses externos influenciaram as transações.
A tentativa vetada de aquisição do Master
Em março de 2025, o BRB anunciou intenção de adquirir 58% do Master por R$ 2 bilhões. A operação, vista como estratégia de expansão agressiva, foi vetada pelo Banco Central em setembro. O órgão considerou que a incorporação representava risco elevado para um banco estatal responsável pelo financiamento de políticas públicas.
Segundo o BC, a compra poderia transferir fragilidades estruturais para o BRB, ampliando o risco sistêmico. A revelação de que o Master simulava solvência por meio da venda de carteiras fictícias consolidou a percepção de que a aquisição teria sido temerária.
O veto foi um dos catalisadores para a atual BRB investigação independente, uma vez que levantou questionamentos sobre a diligência dos gestores e a qualidade da análise de risco realizada.
Afastamento de dirigentes: o elo entre gestão e investigação
Após a deflagração da Operação Compliance Zero, o presidente Paulo Henrique Costa e parte da diretoria foram afastados. A medida buscou:
– preservar a isenção da apuração
– evitar interferências
– permitir reconstrução de governança
– demonstrar cooperação com autoridades
A ausência da alta gestão abriu caminho para dar autonomia plena ao comitê responsável pela BRB investigação independente, hoje central para o processo de fortalecimento institucional.
Transparência e futuro do banco estatal
A nomeação de uma estrutura externa para conduzir a apuração, aliada ao reforço de mecanismos internos de controle, representa uma oportunidade rara para o banco redesenhar sua governança e restaurar sua imagem pública. A BRB investigação independente será determinante para definir:
– novas regras de compliance
– limites para exposição de risco
– perfil de novas contratações
– critérios de governança para operações bilionárias
– avaliação de desempenho de gestores
O BRB busca demonstrar que a crise, embora profunda, pode ser o ponto de partida para uma reestruturação abrangente.
A contratação de uma BRB investigação independente representa um marco na resposta institucional do banco à Operação Compliance Zero. O movimento simboliza não apenas a tentativa de compreender a extensão das falhas ocorridas, mas também a necessidade de restaurar credibilidade após um dos episódios mais críticos de sua história recente.
A apuração terá papel decisivo na reconstrução da confiança do mercado, na responsabilização de gestores e no desenho de um BRB mais robusto, eficiente e alinhado às melhores práticas regulatórias. O alcance da investigação determinará não apenas o futuro administrativo da instituição, mas também sua capacidade de se reposicionar em meio a um ambiente financeiro cada vez mais exigente.






