A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) está na Terra Indígena Yanomami ajudando no combate à malária, problema de saúde grave na região, de alta incidência e que afeta adultos e crianças.
O MSF está trabalhando junto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e a estratégia é testar ao máximo a população indígena.
De janeiro a abril foram notificados 7.227 casos de malária na terra indígena — uma alta de 43% em relação ao mesmo período de 2022. A alta ocorre em escassez crescente de recursos médicos e impulsionada pelo avanço dos garimpos, todos ilegais. A mineração produz desmatamento, o que pode aumentar a proliferação dos mosquitos que são vetores da doença.
Os atendimentos iniciaram em maio e os testes são feitos também com indígenas sem sintomas. “Só assim conseguimos detectar e tratar a malária o mais rápido possível, diminuindo o risco de complicações e a taxa de transmissão”, diz a médica Raquel Simakawa, em nota à imprensa.
Nas duas primeiras semanas de atividades foram feitas mais de mil testes, sendo que 200 casos deram positivo. A equipe de dez pessoas do MSF trabalha em conjunto com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-Yanomami) na região de Auaris, uma das mais populosas da terra indígena, com mais de 4 mil pessoas. Ali estão os Sanöma (que têm origem comum aos Yanomami mas se reconhecem como grupo a parte) e os Ye’kwana.
Os médicos estão coletando amostras de sangue que podem chegar a cem por dia por microscopista. A análise das lâminas é feita no mesmo dia. Dependendo do tipo de malária, e se a pessoa já teve a doença antes, o tratamento leva de três dias a duas semanas.
“O MSF tem grande experiência na prevenção e tratamento da malária, adquirida ao longo de muitos anos”, diz Fábio Biolchini, coordenador de operações de MSF na América do Sul. A parceria com a equipe do DSEI garante ao MSF acesso às comunidades em um território grande como Portugal. Em 2022, médicos do MSF trataram mais de 4,2 milhões de casos de malária no mundo.
Garimpo em Terra Yanomami — Foto: Bruno Kelly/ISA