Nesta quinta-feira, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) respondeu com firmeza a uma carta enviada pela Associação Brasileira de Internet (Abranet) na véspera. A carta da Abranet, que representa empresas como PagBank, Mercado Pago e PicPay, foi direcionada ao Banco Central (BC) e abordava o tema do rotativo do cartão de crédito.
A Febraban não poupou palavras ao afirmar que a Abranet, ao advogar pelo parcelado sem juros, está buscando proteger apenas seus próprios interesses, sem considerar a sustentabilidade financeira dos consumidores. A Febraban descreveu essa atitude como egoísta e inflexível.
A discussão gira em torno da alegação da Abranet de que a intervenção no parcelado sem juros prejudica a proteção do consumidor, a livre iniciativa e a concorrência justa. A Febraban, por sua vez, acusou o Banco Central de potencial abuso de poder regulatório, alegando que a estratégia proposta pela Abranet favorece os bancos. A Abranet também levantou a possibilidade de que o regulador esteja validando indevidamente uma estratégia coordenada que transferiria soluções de alto valor competitivo para um setor com alta concentração e custos sociais.
A Febraban argumenta que a Abranet está tentando excluir o Banco Central do processo e descreveu essa acusação como leviana e criminosa, prometendo tomar medidas legais. Os bancos alegam que o BC tem o dever de exercer sua autoridade regulatória sobre todos os aspectos do mercado de crédito, incluindo restrições nas modalidades de compras.
A Febraban destacou que a Abranet, em oposição ao bom senso, está agindo para excluir a autoridade monetária do processo e está agindo apenas em benefício dos interesses das empresas que representa.
A Febraban esclareceu que não está defendendo o fim do parcelado sem juros, mas sim a transição para um modelo de financiamento do consumo mais sustentável para os clientes. Eles apontaram um desequilíbrio no qual algumas empresas representadas pela Abranet se beneficiam dos riscos dos bancos emissores, cobrando juros altos do comércio e assumindo pouco ou nenhum risco de inadimplência. Isso ocorre sem alocação de capital, aproveitando as receitas de juros pagas pelos consumidores.
Em relação à alegação da Abranet de que a inadimplência é menor para compras parceladas em comparação com compras à vista, a Febraban recusou-se a entrar em uma disputa de narrativas, alegando que as informações da Abranet são manipuladas e motivadas por interesses tendenciosos. A Febraban alega que estudos realizados por ela e seus principais associados, que representam mais de 70% do mercado de cartões em termos de clientes e faturamento, mostram que a inadimplência nos planos a prazo é em média duas vezes maior em comparação com as compras à vista, e três vezes maior no público de baixa renda.