Ibovespa Futuro Cai com Dados de Serviços e Expectativa por Pacote contra Tarifaço dos EUA; Dólar se Mantém em R$ 5,39
O Ibovespa futuro abriu a quinta-feira (14) em queda, refletindo a cautela dos investidores diante de indicadores econômicos mistos no Brasil e no exterior. A divulgação de dados do setor de serviços pelo IBGE e a expectativa sobre o pacote econômico contra o tarifaço imposto pelos Estados Unidos mantêm o mercado em compasso de espera. Ao mesmo tempo, o dólar segue próximo de R$ 5,39, oscilando levemente, enquanto commodities apresentam movimentos divergentes.
Cenário Internacional: Bolsas, Commodities e Câmbio
Nos Estados Unidos, os índices futuros de Nova York operam sem direção definida, à espera da divulgação do índice de preços ao produtor (PPI) de julho e de novos sinais da política monetária do Federal Reserve. Já na Europa, as bolsas apresentam alta, sustentadas por dados positivos do Produto Interno Bruto (PIB) e da produção industrial do Reino Unido, que superaram as expectativas do mercado.
Entre as commodities, o minério de ferro negociado na China recuou 2,94%, pressionando o setor de mineração. Em contrapartida, o petróleo registra leve alta de 0,30%, após recentes quedas, impulsionado por expectativas de aumento na demanda global.
No câmbio, a moeda americana mostra comportamento misto: perde força frente à libra esterlina, mas avança em relação ao euro. No mercado interno, o dólar recua 0,04%, cotado a R$ 5,3995, refletindo ajustes pontuais após ganhos recentes.
Banco do Brasil e Balanço do 2º Trimestre
O foco corporativo desta quinta-feira também recai sobre o Banco do Brasil (BBAS3), que divulgará, após o fechamento do mercado, o balanço do segundo trimestre de 2025. Analistas projetam um cenário desafiador, com queda significativa do lucro líquido devido ao aumento da inadimplência no setor agropecuário.
A Genial Investimentos, por exemplo, reduziu sua estimativa de lucro para R$ 5,1 bilhões no período, representando retração de 46,6% na comparação anual. O movimento reforça a preocupação com a deterioração da carteira de crédito ligada ao agronegócio, antes considerada um dos pilares de rentabilidade do banco.
Especialistas alertam que, além da pressão no setor agro, o BB enfrenta competição mais acirrada com bancos privados e a necessidade de reforçar provisões para perdas. Essa combinação de fatores pode limitar o desempenho das ações no curto prazo.
Setor de Serviços: Crescimento Moderado
De acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços divulgada pelo IBGE, o volume de serviços no Brasil avançou 0,3% em junho em relação a maio, dentro das expectativas do mercado, que variavam de queda de 0,6% a alta de 0,4%.
Na comparação anual, o crescimento foi de 2,8%, descontando a inflação. No acumulado de 2025, o setor registra alta de 2,5%, enquanto nos últimos 12 meses a variação é positiva em 3,0%. A receita nominal do setor também subiu, com aumento de 0,4% frente ao mês anterior e expressivos 7,5% na comparação anual.
Esse desempenho, embora moderado, reforça a resiliência do setor de serviços, que responde por mais de 70% do PIB brasileiro, mas ainda enfrenta desafios relacionados à inflação persistente e à desaceleração da economia global.
Pacote contra Tarifaço dos EUA: Expectativa no Mercado
Um dos principais pontos de atenção desta quinta-feira é o plano de contingência anunciado pelo governo brasileiro para mitigar os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais.
O pacote prevê uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para apoiar empresas exportadoras afetadas. No entanto, a liberação desses recursos depende de aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve se reunir na próxima semana para definir as condições.
O governo pressiona por uma decisão rápida, argumentando que a demora pode agravar os prejuízos de setores estratégicos. O líder do governo no Senado apresentou um projeto para viabilizar a medida provisória que cria o programa, enquanto na Câmara deputados pedem ajustes no texto. O presidente do Senado, no entanto, declarou não ter sido consultado sobre a proposta, criando um impasse político que pode atrasar sua implementação.
Impactos no Ibovespa Futuro
A combinação de incertezas internas e externas mantém o Ibovespa futuro sob pressão. A volatilidade é acentuada pela expectativa em torno dos dados do PPI nos EUA, que podem influenciar as decisões do Fed sobre juros, e pela indefinição quanto ao pacote contra o tarifaço.
Investidores avaliam que a falta de clareza sobre medidas econômicas domésticas e a deterioração de setores relevantes, como o agro e a indústria, podem limitar ganhos no curto prazo. Por outro lado, avanços no pacote e a confirmação de dados econômicos positivos no exterior poderiam aliviar a pressão sobre o índice.
Perspectivas para os Próximos Dias
Analistas projetam que, no curto prazo, o Ibovespa futuro continuará sensível a notícias relacionadas à política monetária global, desempenho de commodities e evolução das medidas de estímulo do governo brasileiro. O dólar, por sua vez, pode seguir oscilando em função do fluxo comercial e das expectativas sobre o cenário externo.
Para o investidor, o momento exige cautela e diversificação, com atenção redobrada a setores menos expostos a oscilações cambiais e barreiras comerciais. O acompanhamento de indicadores e decisões políticas será essencial para identificar oportunidades e evitar riscos desnecessários.






