Ibovespa Sobe com Alívio da Inflação e Otimismo nas Bolsas Internacionais
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, registrou alta significativa nesta terça-feira, 10 de junho de 2025, impulsionado por uma combinação favorável da desaceleração da inflação no Brasil e pelo movimento positivo das bolsas de Nova York. Com um cenário externo mais tranquilo, o foco permanece no segundo dia de negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, que têm grande impacto no mercado global.
Inflação em Queda e Impacto no Mercado Financeiro
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em maio para 0,26%, uma redução significativa em relação aos 0,43% registrados em abril. Este resultado surpreendeu positivamente o mercado, ficando no piso das projeções feitas pelo Projeções Broadcast, que previa uma mediana de 0,34%.
Essa desaceleração do IPCA é fundamental para os investidores, pois indica que a inflação brasileira está sob controle, diminuindo os riscos de altas abruptas nos preços. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 5,32%, ainda acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central, que é de 4,50%. No entanto, o movimento de desaceleração reforça as expectativas de que o ciclo de alta dos juros pode estar perto do fim.
Reflexos da Inflação no Ibovespa e na Taxa Selic
A resposta do mercado à queda do IPCA foi imediata: o Ibovespa subiu cerca de 1%, chegando a 137.057 pontos durante a manhã, após ter fechado em queda leve no dia anterior. O movimento de alta também refletiu no comportamento dos juros futuros, que recuaram, beneficiando especialmente as ações de setores sensíveis ao ciclo econômico, como o varejo.
A taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, é vista pelo mercado como próxima do pico, especialmente após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não apresentar elevação na última reunião de maio. A expectativa é que a taxa se mantenha estável, caso a inflação continue mostrando sinais de desaceleração.
O Que Dizem os Especialistas?
Thiago Lourenço, economista da Manchester Investimentos, avalia que o dado do IPCA trouxe “um pouco de fôlego” para o Ibovespa, que havia iniciado um movimento corretivo no pregão anterior. Ele destaca que a inflação controlada ajuda a justificar os preços atuais da bolsa, que já incorporam as expectativas positivas para a economia brasileira.
Por outro lado, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, pondera que, apesar do dado positivo da inflação, a definição sobre o ciclo de juros depende também de outros fatores, principalmente a atividade econômica. Ele ressalta que a inflação mais tranquila pode reforçar o argumento para a estabilidade da Selic, mas o Comitê do Banco Central ainda considerará dados sobre o desempenho econômico geral.
Destaques do Pregão: Ações que Mais Valorizaram
Entre as ações que mais se valorizaram no pregão da B3, destacam-se empresas do varejo, sensíveis às variações de juros. Magazine Luiza registrou alta expressiva de 4,54%, seguida por Pão de Açúcar com 3,65%, e Azas, que superou 3%. Esses ganhos refletem o otimismo dos investidores com a perspectiva de juros estáveis e a melhora do cenário econômico.
Cenário Externo e Expectativas para os Próximos Dias
Apesar da alta do petróleo e dos índices de ações nos Estados Unidos, o mercado brasileiro contou com uma agenda externa esvaziada, que mantém o foco nas negociações comerciais entre EUA e China. A continuidade dessas conversas é vista como essencial para o ambiente econômico global, influenciando diretamente o humor dos investidores na B3.
Já o minério de ferro recuou 0,85% no mercado de Dalian, na China, mas esse movimento não foi suficiente para impedir a alta do Ibovespa, que se mantém firme em busca de novas máximas.
Perspectivas para o Mercado Brasileiro em 2025
Com a inflação dando sinais claros de desaceleração e a taxa Selic possivelmente próxima do fim do ciclo de alta, o mercado brasileiro começa a entrar em uma fase de maior estabilidade. Isso tende a estimular o investimento em setores estratégicos, principalmente os ligados ao consumo, que são beneficiados pela melhora do poder de compra do consumidor.
Além disso, o bom desempenho do Ibovespa pode atrair maior interesse de investidores estrangeiros, que buscam oportunidades em mercados emergentes com potencial de crescimento. A estabilidade política e econômica será decisiva para manter esse movimento positivo.
O cenário atual mostra um Ibovespa fortalecido pela combinação de fatores internos, como a desaceleração da inflação e a provável estabilização da Selic, e externos, com a melhora nas negociações comerciais entre as maiores economias do mundo. Para investidores e especialistas, 2025 pode ser o ano da consolidação do crescimento da bolsa brasileira, com oportunidades para diversos setores.