Impostômetro registra R$ 3 trilhões em impostos pagos no Brasil em 2025
O Impostômetro, painel mantido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), atingiu até o mês de outubro a marca de R$ 3 trilhões em impostos arrecadados desde o início de 2025. O número, que soma tributos federais, estaduais e municipais, inclui taxas, contribuições, juros e correções monetárias. O painel está instalado na sede da ACSP, no centro histórico da capital paulista, e simboliza o quanto os brasileiros pagam em impostos ao longo do ano.
O montante foi alcançado 25 dias antes em comparação a 2024, quando o mesmo valor só havia sido registrado em 1º de novembro. o avanço da arrecadação reflete um crescimento de aproximadamente 9,4% sobre o mesmo período do ano passado, quando o painel marcava R$ 2,74 trilhões.
De acordo com análises da ACSP, a aceleração da arrecadação em 2025 resulta de uma combinação de fatores: o aquecimento da atividade econômica, o impacto da inflação sobre o consumo e as mudanças recentes na política tributária nacional, que aumentaram a base de incidência de impostos.
O que é o Impostômetro e qual é seu papel na economia brasileira
Criado em 2005 pela Associação Comercial de São Paulo, o Impostômetro tem como objetivo conscientizar os brasileiros sobre o peso da carga tributária e incentivar o acompanhamento de como o dinheiro arrecadado é utilizado pelos governos.
O painel físico está localizado na Rua Boa Vista, 51, no centro da capital paulista, e exibe, em tempo real, o total de tributos pagos pelos cidadãos e empresas desde o início do ano. A plataforma digital, disponível no site impostometro.com.br, permite visualizar dados detalhados por estado, município e categoria de imposto.
A iniciativa tornou-se referência nacional. Diversos municípios e capitais brasileiras instalaram versões locais do Impostômetro, ampliando o debate sobre a necessidade de uma reforma tributária justa e eficiente.
Impostômetro 2025: alta de arrecadação e antecipação histórica
O fato de o Impostômetro ter atingido a marca de R$ 3 trilhões em 7 de outubro, quase um mês antes que em 2024, mostra um ritmo mais acelerado de arrecadação tributária. Segundo o levantamento da ACSP, há três principais causas para esse desempenho:
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Crescimento econômico – A retomada da atividade em setores como varejo, serviços e indústria impulsionou a base de arrecadação.
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Inflação acumulada – O aumento geral dos preços eleva a tributação sobre consumo, já que grande parte dos impostos brasileiros incide sobre bens e serviços.
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Novas regras fiscais e tributárias – A volta de tributos e o fim de incentivos em áreas específicas ampliaram a arrecadação total.
As medidas que impulsionaram o aumento da arrecadação
Diversas mudanças fiscais implementadas entre 2024 e 2025 impactaram diretamente o montante captado pelo Impostômetro. Entre elas, destacam-se:
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Tributação de fundos exclusivos e offshores, ampliando a contribuição dos investidores de alta renda;
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Reoneração da folha de pagamentos, encerrando o benefício para diversos setores;
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Cobrança de impostos sobre apostas online (Bets), uma nova fonte de receita para o governo federal;
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Taxação de encomendas internacionais, popularmente conhecida como “taxa das blusinhas”;
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Aumento de alíquotas do ICMS em alguns estados, reforçando a arrecadação regional;
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Elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em determinadas modalidades de crédito;
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Fim do PERSE, programa que concedia isenções fiscais ao setor de eventos;
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Retomada da tributação sobre combustíveis, após o fim da desoneração temporária;
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Revisão das regras de subvenções estaduais, que corrigiu distorções na arrecadação interestadual.
Essas medidas, somadas à recuperação gradual da economia e à maior formalização de atividades, resultaram em um aumento expressivo na receita pública total em 2025.
Ga$to Brasil: a transparência sobre o uso do dinheiro público
Em parceria com a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), a ACSP também lançou o Ga$to Brasil, uma plataforma que compartilha o mesmo painel físico do Impostômetro.
Enquanto o Impostômetro mostra o total arrecadado, o Ga$to Brasil revela como os governos estão utilizando os recursos públicos.
Até o momento, os dados apontam R$ 3,9 trilhões em despesas públicas, superando a arrecadação de cerca de R$ 3 trilhões registrada pelo Impostômetro. O desequilíbrio entre arrecadação e gasto reforça o desafio fiscal brasileiro e acende o alerta sobre a sustentabilidade das contas públicas.
O painel do Ga$to Brasil também está instalado na sede da ACSP, e sua versão digital pode ser consultada por qualquer cidadão, promovendo transparência e engajamento cívico.
Impostômetro e o desafio da carga tributária brasileira
A carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas do mundo em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), girando em torno de 33%. Apesar da alta arrecadação, o retorno em serviços públicos ainda é considerado insuficiente por grande parte da população.
O Impostômetro surgiu justamente para estimular o debate sobre eficiência do gasto público e qualidade do retorno à sociedade.
Para a ACSP, a solução passa pela simplificação tributária, com menos impostos, regras mais claras e menor custo de conformidade para as empresas. Além disso, especialistas defendem uma reestruturação fiscal que priorize investimentos em áreas estratégicas, como infraestrutura, saúde e educação.
A percepção da sociedade sobre os tributos
Pesquisas de opinião mostram que mais de 70% dos brasileiros acreditam pagar muito e receber pouco em troca. O Impostômetro, ao tornar o número da arrecadação visível em tempo real, funciona como instrumento de conscientização, aproximando o cidadão da realidade tributária do país.
Com iniciativas como o Ga$to Brasil, a ACSP busca ampliar a transparência sobre a gestão fiscal, permitindo que cada contribuinte saiba não apenas quanto paga, mas também como o governo gasta.
ACSP: 130 anos de defesa da livre iniciativa
Fundada há mais de 130 anos, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) é reconhecida como a voz do empreendedor paulistano. A entidade atua em defesa do comércio, da indústria e dos serviços, promovendo o diálogo entre o setor privado e o poder público.
Com 15 sedes distritais espalhadas pela cidade, a ACSP mantém os associados informados sobre temas econômicos e tributários, além de promover eventos e palestras.
Projetos como o Impostômetro e o Ga$to Brasil reforçam o papel da instituição como agente de educação fiscal e cidadania econômica, aproximando a sociedade dos números que movem o país.
Por que o Impostômetro é relevante em 2025
O Impostômetro é mais do que um painel eletrônico — é um termômetro da economia brasileira. Ele reflete a capacidade de arrecadação, o ritmo de crescimento e a saúde fiscal do país.
Em 2025, o marco de R$ 3 trilhões alcançado com 25 dias de antecedência mostra que o Brasil arrecada mais, mas ainda gasta acima da capacidade de receita.
Esse contraste, evidenciado pela comparação entre o Impostômetro e o Ga$to Brasil, reforça a importância de uma reforma administrativa e fiscal estruturante, que reduza o desequilíbrio entre receitas e despesas e garanta sustentabilidade a longo prazo.
Impostômetro como ferramenta de cidadania
O Impostômetro também é uma poderosa ferramenta educativa. Escolas, universidades e entidades civis utilizam o painel em programas de educação financeira e cidadania fiscal.
Ao mostrar o impacto dos tributos sobre o consumo e a renda, o projeto ajuda os brasileiros a entender o papel dos impostos no financiamento do Estado e a exigir maior eficiência e transparência dos governantes.
O avanço do Impostômetro para R$ 3 trilhões antes do final de outubro é um retrato fiel do momento econômico brasileiro. Embora a arrecadação recorde reflita dinamismo econômico e ajustes fiscais, também evidencia a complexidade do sistema tributário nacional e a urgência por maior transparência nos gastos públicos.
O desafio do país é equilibrar uma alta carga tributária com um retorno eficiente à sociedade, reduzindo desigualdades e promovendo crescimento sustentável.
Enquanto isso, o Impostômetro continua sendo o espelho da contribuição dos brasileiros ao Estado — e um lembrete de que acompanhar e fiscalizar o uso desse dinheiro é dever de todos.






