Julgamento de Bolsonaro no STF mobiliza 500 jornalistas, segurança reforçada e atenção internacional
O julgamento de Bolsonaro no STF, que analisará a responsabilidade do ex-presidente e de outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado, começa na próxima terça-feira (2) e já mobiliza uma estrutura inédita no Supremo Tribunal Federal. O evento terá cobertura de 501 jornalistas credenciados, entre profissionais da imprensa nacional e veículos estrangeiros, refletindo a dimensão internacional do processo que pode se tornar um marco da história política recente do Brasil.
Além da imprensa, o tribunal recebeu 3.357 inscrições de cidadãos interessados em acompanhar as sessões. A demanda obrigou a Corte a criar um esquema especial de organização e segurança, que inclui a instalação de telões e cadeiras extras na área externa do prédio, além da presença reforçada de forças policiais.
Julgamento de Bolsonaro no STF: como será a estrutura
As sessões ocorrerão na sala da Primeira Turma, com capacidade reduzida a apenas 80 assentos para jornalistas, distribuídos por ordem de chegada. Para atender à grande demanda, o Supremo montou uma estrutura adicional com telão e assentos exclusivos para a imprensa credenciada, garantindo que todos os veículos possam acompanhar as deliberações.
O público geral terá acesso limitado a 150 lugares na sala da Segunda Turma, divididos entre diferentes dias de julgamento. A divisão foi feita com base nas inscrições e com confirmação prévia por e-mail.
O cronograma prevê sessões longas, com início às 9h e término às 19h em alguns dias, estendendo-se até 12 de setembro. A expectativa é que a decisão final seja conhecida na última sessão.
Esquema de segurança sem precedentes
O julgamento de Bolsonaro no STF exigiu um aparato de segurança reforçado, que deve permanecer ativo até o fim de setembro. Cerca de 30 policiais cedidos por tribunais de outros estados foram deslocados para Brasília e estão hospedados em dormitórios improvisados na própria sede da Corte.
O acesso à Praça dos Três Poderes será rigidamente controlado, com barreiras físicas, varreduras preventivas em residências de ministros e monitoramento cibernético da deep web para identificar possíveis ameaças. A proximidade com o feriado de 7 de setembro, marcado historicamente por manifestações de apoiadores do ex-presidente, aumenta a preocupação das autoridades.
Além disso, o Supremo intensificou a cooperação com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, ampliando a vigilância e reforçando o policiamento no entorno do tribunal.
Quem será julgado junto a Bolsonaro
Além do ex-presidente, o processo envolve sete figuras centrais do chamado “núcleo um” da suposta trama golpista. São eles:
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Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
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Almir Garnier Santos, almirante e ex-comandante da Marinha
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
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Augusto Heleno, general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
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Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
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Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa
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Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil
Todos respondem por crimes graves, como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e violação de patrimônio tombado.
Impacto político do julgamento de Bolsonaro no STF
O processo é considerado decisivo não apenas para definir o futuro político de Bolsonaro, mas também para o cenário eleitoral de 2026. Se condenado, o ex-presidente pode ficar inelegível, o que abriria espaço para novas lideranças dentro da direita brasileira.
Para o governo Lula, o julgamento ocorre em um momento delicado, com esforços voltados para a recuperação econômica e para a consolidação de alianças políticas. A decisão do Supremo terá repercussão direta na correlação de forças entre situação e oposição no Congresso e nas ruas.
A presença de figuras de alto escalão das Forças Armadas entre os réus amplia ainda mais a relevância histórica e institucional do julgamento.
Atenção internacional e cobertura da imprensa
O fato de mais de 500 jornalistas terem sido credenciados demonstra que o julgamento de Bolsonaro no STF transcende as fronteiras brasileiras. Veículos de imprensa da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina confirmaram presença para acompanhar de perto as sessões.
A expectativa é que a decisão tenha repercussão global, sendo interpretada como um teste da solidez das instituições democráticas brasileiras após os atos de 8 de janeiro de 2023. Para analistas, o processo reforça a imagem de que o Judiciário brasileiro tem papel central na defesa do Estado Democrático de Direito.
Expectativa da sociedade
A grande procura popular por ingressos para acompanhar as sessões reflete o interesse da sociedade brasileira no julgamento. Mais de 3,3 mil pessoas se inscreveram para assistir presencialmente, número muito superior à capacidade física do tribunal. O alto engajamento público demonstra que a decisão será acompanhada não apenas por especialistas, mas também por cidadãos comuns, interessados no desfecho de um processo que pode redefinir os rumos políticos do país.
Com sessões longas, aparato de segurança reforçado e cobertura midiática massiva, o julgamento promete ser um dos eventos mais marcantes da história recente do Supremo.
O julgamento de Bolsonaro no STF começa em 2 de setembro e se estende até o dia 12, com sessões distribuídas ao longo de cinco datas. O desfecho pode selar o futuro político de um ex-presidente e estabelecer um marco institucional para o Brasil.






