Nesta quarta-feira, 13 de novembro, a agenda econômica é marcada por uma série de eventos e decisões de grande impacto no mercado financeiro brasileiro e global. A expectativa no Brasil se concentra na apresentação do plano de corte de gastos do governo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discutirá o tema com líderes políticos e o ministro da Defesa, José Múcio. Em paralelo, investidores acompanham balanços de grandes empresas, como B3 e Banco do Brasil, enquanto observam de perto o cenário econômico nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed) e o índice de preços ao consumidor (CPI) dominam as atenções.
Governo Apresenta Plano de Corte de Gastos e Impacta Expectativas do Mercado
O governo brasileiro, em meio a uma fase de ajustes fiscais, busca acalmar o mercado com um pacote de corte de gastos, cujo anúncio é aguardado para esta quarta-feira. Em reuniões com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro da Defesa, José Múcio, Lula pretende detalhar as diretrizes do plano, que visa reduzir a pressão sobre as contas públicas e reconquistar a confiança dos investidores. Este pacote é visto como essencial para dar suporte à estabilidade econômica, reduzindo o risco fiscal e auxiliando na recuperação do índice Bovespa, que sofreu com as recentes quedas em resposta a incertezas sobre as finanças do governo.
O impacto dessas decisões reflete-se diretamente no mercado financeiro. O dólar, que se manteve em alta nos últimos meses devido a tensões fiscais e políticas, também está no radar do Banco Central. Para conter flutuações, o BC anunciou dois leilões de linha de até US$ 4 bilhões, uma operação que permite a venda de dólares com recompra futura e que será finalizada entre abril e julho de 2025.
Balanços de Empresas Importantes Movimentam o Mercado
A temporada de balanços do terceiro trimestre continua no Brasil, com foco em grandes nomes, como a B3 (B3SA3), o Banco do Brasil (BBAS3), a Nubank (ROXO34), Allos (ALOS3), JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3). Os resultados financeiros dessas empresas têm potencial para influenciar o mercado, especialmente o Banco do Brasil, que deve registrar o menor desempenho entre os grandes bancos brasileiros. De acordo com analistas, a performance do Banco do Brasil é comparada não apenas com o segundo trimestre de 2024, mas também com o mesmo período de 2023, onde apresentava indicadores mais favoráveis.
Um dos destaques da manhã foi a Gol (GOLL4), que reportou uma redução significativa em seu prejuízo trimestral, passando de R$ 1,3 bilhão para R$ 830 milhões em relação ao terceiro trimestre de 2023. Esse resultado positivo pode trazer maior confiança para investidores e abrir perspectivas de recuperação para o setor aéreo brasileiro, fortemente afetado pela instabilidade econômica global e pela variação do câmbio.
Cenário Internacional: Fed e CPI Americano Sob os Holofotes
Nos Estados Unidos, o mercado volta-se para o índice de preços ao consumidor (CPI) de outubro e para os discursos de membros do Fed, o banco central americano. O CPI, principal indicador da inflação americana, deve registrar uma leve alta de 0,2% para o mês, sinalizando uma possível moderação no aumento de preços. Essa tendência poderia impactar a política monetária do Fed, com apostas divididas sobre a possibilidade de uma nova redução de juros na reunião de dezembro.
As falas dos dirigentes do Fed, incluindo Lorie Logan de Dallas, Alberto Musalem de St. Louis e Jeffrey Schmid de Kansas City, podem trazer mais clareza sobre a postura da instituição frente ao atual cenário econômico. O foco principal está nas indicações para a taxa de juros, que afetam diretamente o mercado global. A projeção de 40% de manutenção da taxa contra 60% de nova queda de 25 pontos-base divide investidores, que buscam avaliar a solidez do mercado americano frente às incertezas globais.
A composição do novo gabinete de Donald Trump, presidente reeleito, também traz sinais contrastantes para o mercado. Com indicações de personalidades como Elon Musk e Vivek Ramaswamy, o governo propõe uma abordagem mais enxuta, criando um “Departamento de Eficiência Governamental”. A influência de investidores como Scott Bessent e Howard Lutnick para cargos estratégicos também sugere uma possível mudança nas diretrizes econômicas, que podem ter reflexos para investidores e empresas americanas com presença global, incluindo o Brasil.
Minério de Ferro e Petróleo: Commodities Sentem Reflexos da Economia Global
Entre as commodities, o minério de ferro registra queda de 0,20% no mercado de Dalian, enquanto o petróleo avança cerca de 0,70% em negociações internacionais. No Brasil, os American Depositary Receipts (ADRs) da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram alta de 0,66% e 0,36%, respectivamente, no pré-mercado de Nova York. Esse movimento reflete o otimismo dos investidores em relação ao setor de energia e mineração, impulsionado pela expectativa de que as exportações brasileiras continuem robustas, mesmo com a desaceleração econômica em alguns dos principais parceiros comerciais.
A volatilidade no mercado de commodities permanece alta, com o petróleo sendo afetado por tensões geopolíticas e a produção de países como Arábia Saudita e Rússia. Já o minério de ferro, que depende fortemente da demanda chinesa, pode sofrer oscilações caso a recuperação econômica da China não acompanhe as expectativas.
Risco Fiscal e Ajustes no Câmbio: Perspectivas para o Brasil
Com os leilões de dólar programados para hoje, o Banco Central visa reduzir as pressões cambiais típicas do final de ano, quando há maior demanda por divisas para remessas de dividendos ao exterior. A estratégia do BC é uma tentativa de prover liquidez sem interferir diretamente na taxa de câmbio, mas o cenário de incerteza fiscal coloca desafios adicionais. De acordo com Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, o impacto dessa intervenção deve ser sentido mais no cupom cambial, sem alterar drasticamente a cotação do dólar. A pressão no câmbio e no índice Bovespa pode diminuir caso o governo consiga convencer o mercado de que o pacote de corte de gastos é suficiente para garantir a estabilidade das contas públicas.