Cenário político dos EUA é impactado por queda de aprovação de Trump e percepção negativa sobre medidas econômicas
Washington, abril de 2025 – A popularidade de Donald Trump em 2025 tem apresentado sinais claros de desgaste, especialmente após o aprofundamento de medidas econômicas impopulares, como a imposição de tarifas generalizadas sobre produtos importados. De acordo com uma nova pesquisa conduzida pela YouGov, a pedido da revista The Economist, a imagem do presidente dos Estados Unidos sofre forte erosão diante do público americano.
O levantamento, realizado entre os dias 5 e 8 de abril de 2025, com 1.741 entrevistados e margem de erro de três pontos percentuais, revela um índice de desaprovação de 51% para o desempenho geral do presidente, enquanto apenas 43% ainda aprovam sua atuação. Essa diferença representa uma queda de cinco pontos em apenas uma semana, indicando uma tendência de queda acelerada em sua base de apoio.
Aprovação em declínio: tendência de desgaste contínuo
Entre os dados mais preocupantes para o governo Trump está o recuo no apoio de seus próprios eleitores. O estudo mostra que entre os que votaram em Trump em 2024, o índice de avaliação positiva caiu de 91% para 85%, enquanto a avaliação negativa subiu de 9% para 14%. Ou seja, mesmo sua base mais leal começa a dar sinais de desconforto com os rumos da gestão.
Além disso, a percepção pessoal do presidente também está contaminada pela desaprovação: 54% dos americanos dizem ter uma visão desfavorável de Trump, enquanto apenas 43% mantêm uma visão positiva. A percepção negativa da figura presidencial impacta diretamente na agenda de políticas públicas, dificultando sua implementação e o diálogo com o Congresso.
Economia se torna o principal foco de insatisfação popular
O ponto mais sensível da atual gestão é a condução da economia. Segundo a pesquisa, 51% dos entrevistados desaprovam a forma como o governo Trump tem lidado com os assuntos econômicos, enquanto 41% ainda demonstram apoio. Essa diferença mostra um enfraquecimento da narrativa de que Trump é um “gestor eficiente” da economia.
A insatisfação se torna ainda mais evidente quando o assunto é inflação. Nada menos que 55% dos americanos reprovam as ações do governo no controle de preços, e apenas 36% expressam alguma aprovação. Mesmo entre seus apoiadores mais fiéis, há rachaduras: 19% dos que votaram em Trump em 2024 afirmam estar insatisfeitos com o controle inflacionário.
Política tarifária gera rejeição generalizada e temor por guerra comercial
Outro dado que escancara o desgaste da popularidade de Donald Trump em 2025 é a rejeição à sua política tarifária. O governo impôs uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, medida que é reprovada por 52% da população. Apenas 36% apoiam a iniciativa.
A desaprovação é praticamente unânime entre os democratas, com 86% contra a política. Já entre os republicanos, o apoio é de 57%, mas essa média esconde nuances: no grupo MAGA (Make America Great Again), 74% apoiam a medida, enquanto entre republicanos que não se identificam com o movimento, o apoio cai para 51%.
A percepção predominante é que essas tarifas trarão prejuízos econômicos ao consumidor e ao país. A pesquisa revela que:
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80% dos entrevistados acreditam que as tarifas resultarão em aumento de preços;
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47% preveem uma alta significativa no custo de vida;
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Apenas 4% acreditam que as tarifas poderão reduzir preços.
Além disso, 55% acreditam que seu bem-estar financeiro será afetado negativamente, enquanto 53% projetam impactos ruins na economia dos EUA. Também há temor sobre a imagem internacional do país (52% preveem danos) e sobre a possibilidade de retaliações comerciais (56%), com 40% dos entrevistados temendo uma nova guerra comercial.
Trump e a polêmica sobre um terceiro mandato
Apesar da proibição constitucional, uma parcela do eleitorado americano acredita que Donald Trump tentará se manter no poder além dos dois mandatos. Segundo a pesquisa, 52% dos entrevistados acreditam que ele tentará uma nova candidatura, mesmo que isso contrarie a Constituição dos EUA. No entanto, apenas 17% defendem publicamente essa possibilidade, e somente 8% acreditam que há base legal para tal iniciativa.
O cenário alimenta preocupações institucionais e aumenta a polarização política, já bastante acentuada desde as eleições de 2020.
Medidas do governo Trump “excedem os limites”, dizem americanos
O levantamento da YouGov também mostra que uma parcela significativa da população acredita que o governo Trump tem “passado dos limites” em diversas frentes. Entre os destaques:
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56% consideram que as tarifas foram implementadas de forma exagerada;
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51% desaprovam as declarações de Trump sobre a anexação de territórios;
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48% julgam os cortes em pesquisa científica como excessivos.
Esses números evidenciam o crescente cansaço da população com o estilo de governar de Trump, frequentemente marcado por ações polêmicas e discursos inflamatórios.
Polarização política e crise de imagem internacional
A popularidade de Donald Trump em 2025 também está sob ataque no cenário internacional. O desgaste da imagem global dos EUA é reconhecido por mais da metade dos americanos, algo inédito desde a ascensão do ex-presidente em 2016.
A política externa agressiva, somada à retórica nacionalista, tem afastado antigos aliados e acirrado tensões com rivais comerciais. A escalada tarifária, ao invés de gerar ganhos para a indústria americana, tem sido percebida como fator de isolamento e atraso.
Internamente, o ambiente político é de divisão profunda, com democratas e republicanos cada vez mais distantes de um consenso. O discurso polarizador de Trump contribui para o cenário de instabilidade, dificultando avanços legislativos e iniciativas bipartidárias.
Erosão da base e perspectivas incertas
A pesquisa divulgada pela YouGov reforça uma percepção que já vinha sendo desenhada ao longo de 2025: a popularidade de Donald Trump em 2025 está em declínio acelerado. Com queda de aprovação entre eleitores fiéis, rejeição crescente à política econômica, temores de guerra comercial e críticas às posturas institucionais, o presidente enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua carreira política.
Se mantida essa trajetória, as eleições de meio de mandato (midterms) e a possibilidade de um novo ciclo eleitoral em 2028 podem se tornar ainda mais complexas para o partido republicano, que já observa fissuras internas em seu apoio ao ex-presidente.