O Senado Federal aprovou, nesta quarta-feira (22), um projeto de lei (PL) que prorroga por mais 10 anos as cotas para negros, indígenas e quilombolas em concursos públicos federais. Além disso, a medida amplia a reserva de vagas de 20% para 30%. O projeto segue agora para análise na Câmara dos Deputados.
A proposta aprovada pelo Senado é um texto alternativo do relator Humberto Costa (PT-PE), que substitui o projeto original apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Este novo texto visa substituir a Lei 12.990, de 2014, que expira em 20 dias. Sem a prorrogação, concursos públicos poderiam ser realizados sem a reserva de vagas específicas para pessoas pardas e pretas, o que poderia levar à judicialização de certames como o Concurso Nacional Unificado (CNU).
O senador Paulo Paim, autor do projeto original, defendeu veementemente a prorrogação das cotas, ressaltando seu caráter reparatório e compensatório. “Isto é uma política reparatória, compensatória. Se a maioria dos negros são pobres, é claro que as cotas são também sociais. A política de cotas vai permitir que com o tempo nós tenhamos pelo menos 30% de negros no serviço público”, afirmou Paim durante a sessão.
De acordo com o texto aprovado, a reserva de vagas será aplicada sempre que houver duas ou mais vagas disponíveis em concursos públicos. A legislação atual estabelece uma reserva de 20% das vagas oferecidas em concursos para cargos efetivos e empregos públicos na administração pública federal, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União. Com a nova proposta, esse percentual será elevado para 30%, ampliando significativamente a inclusão de negros, indígenas e quilombolas no serviço público.
A aprovação da prorrogação e ampliação das cotas representa um avanço significativo nas políticas de inclusão e equidade racial no Brasil. Desde a implementação da Lei 12.990, em 2014, a presença de negros no serviço público federal aumentou, mas ainda está longe de refletir a composição racial da população brasileira. A continuidade e ampliação das cotas são vistas como medidas essenciais para corrigir desigualdades históricas e promover a diversidade no setor público.
A política de cotas raciais no Brasil é uma resposta às desigualdades estruturais que afetam negros, indígenas e quilombolas. Historicamente, esses grupos foram excluídos de diversas oportunidades de ascensão social e econômica. As cotas em concursos públicos buscam corrigir essas injustiças históricas, proporcionando acesso mais equitativo a empregos de qualidade e com estabilidade.
Com a aprovação no Senado, o projeto de lei segue agora para a Câmara dos Deputados. A expectativa é que a medida seja aprovada rapidamente, dada a proximidade do vencimento da Lei 12.990 e a importância de evitar a realização de concursos sem a reserva de vagas para negros, indígenas e quilombolas.
A prorrogação e ampliação das cotas para negros, indígenas e quilombolas em concursos públicos federais é um passo crucial para a promoção da igualdade racial no Brasil. Além de ampliar a presença desses grupos no serviço público, a medida também serve como um reconhecimento das desigualdades históricas e uma tentativa de corrigi-las. A política de cotas, portanto, não é apenas uma questão de inclusão, mas também de justiça social.