IPC-S desacelera em outubro e indica alívio na inflação, mostra FGV
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou desaceleração na segunda quadrissemana de outubro de 2025, sinalizando um leve alívio nas pressões inflacionárias que vinham sendo observadas desde o início do segundo semestre. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o indicador variou 0,45%, após alta de 0,63% na leitura anterior, acumulando uma elevação de 3,93% nos últimos 12 meses.
O resultado reflete um comportamento mais contido dos preços em segmentos essenciais, especialmente no grupo Habitação, que apresentou a principal desaceleração do período. A leitura mais recente do IPC-S reforça a percepção de que a inflação caminha para um ritmo mais moderado no final de 2025, o que pode influenciar diretamente as decisões de política monetária e o poder de compra das famílias brasileiras.
Grupos com desaceleração no IPC-S
Dos oito grupos que compõem o IPC-S, quatro apresentaram desaceleração na passagem da primeira para a segunda quadrissemana de outubro.
O grupo Habitação foi o principal responsável por essa tendência, com variação de 1,62% para 1,04%, refletindo um menor impacto de itens como energia elétrica e gás encanado, que vinham pesando no bolso do consumidor.
Na sequência, Educação, Leitura e Recreação também mostrou forte desaceleração, caindo de 2,13% para 1,07%, movimento influenciado pela redução nos preços de pacotes turísticos e passagens aéreas, após o pico da temporada de feriados.
O grupo Transportes registrou leve recuo de 0,40% para 0,37%, impulsionado por uma trégua no preço dos combustíveis, enquanto Saúde e Cuidados Pessoais reduziu o ritmo de alta de 0,05% para 0,03%, com medicamentos e itens de higiene apresentando variações mais estáveis.
Grupos que avançaram em outubro
Por outro lado, quatro grupos apresentaram aceleração de preços no IPC-S, o que mostra que, embora a inflação tenha desacelerado no geral, ainda há pressões localizadas em alguns segmentos do consumo.
O grupo Despesas Diversas saiu de uma deflação de -0,13% para uma alta de 0,16%, puxado por serviços pessoais e pequenos reparos. Alimentação, que vinha em queda, voltou a subir levemente, passando de -0,05% para 0,04%, com destaque para a alta de produtos in natura e carnes.
O setor de Vestuário também mostrou aceleração, indo de 0,14% para 0,43%, em função do aumento nos preços de roupas e calçados diante da troca de coleção e do início do consumo para o verão. Já Comunicação subiu de 0,07% para 0,21%, reflexo de reajustes em pacotes de telefonia e internet.
O que a desaceleração do IPC-S significa para a economia
A desaceleração do IPC-S indica que o ritmo da inflação está se tornando mais controlado, um fator positivo para a estabilidade econômica. Para os consumidores, isso significa uma expectativa de menor corrosão do poder de compra e um possível alívio no orçamento doméstico.
Para o Banco Central, o resultado reforça o cenário de que as pressões inflacionárias permanecem sob controle, especialmente diante da recente política de juros adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Caso o movimento de desaceleração se mantenha nas próximas leituras do IPC-S, a autoridade monetária pode ter maior flexibilidade para manter ou até reduzir a taxa Selic.
Além disso, o comportamento moderado dos preços contribui para reduzir as incertezas sobre o crescimento econômico, abrindo espaço para um ambiente mais favorável ao consumo e ao investimento no país.
Habitação e energia: os principais vetores da desaceleração
O grupo Habitação, que teve a maior contribuição para a desaceleração do IPC-S, é um dos componentes mais sensíveis ao orçamento familiar. O recuo de 1,62% para 1,04% foi resultado da estabilidade nas tarifas de energia elétrica e do arrefecimento nos custos de serviços domésticos.
A redução desses preços tem impacto direto sobre a inflação geral, já que a energia influencia não apenas os gastos das famílias, mas também os custos de produção de outros setores. Assim, o desempenho de Habitação foi determinante para a desaceleração registrada no índice da FGV.
Inflação acumulada em 12 meses: o retrato do poder de compra
Com o avanço de 3,93% nos últimos 12 meses, o IPC-S continua abaixo da meta de inflação estipulada para o período, reforçando um cenário de relativa estabilidade. Embora ainda haja desafios pontuais — como as oscilações nos preços de alimentos e combustíveis —, a tendência é de que o índice encerre 2025 dentro de uma faixa considerada confortável pelos analistas econômicos.
Para as famílias brasileiras, essa estabilidade é fundamental, pois contribui para um planejamento financeiro mais previsível e reduz o risco de endividamento.
O papel da FGV no monitoramento da inflação
A Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pelo cálculo do IPC-S, acompanha semanalmente a variação dos preços de bens e serviços em sete capitais brasileiras, o que torna o índice um dos principais termômetros do comportamento da inflação de curto prazo.
Por refletir mudanças rápidas no custo de vida, o IPC-S é frequentemente utilizado por economistas e investidores para antecipar tendências e projetar o comportamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE.
Expectativas para as próximas quadrissemanas
A expectativa dos analistas é que o IPC-S mantenha um ritmo contido nas próximas leituras, influenciado pelo comportamento mais estável dos preços de energia e combustíveis. No entanto, fatores sazonais, como o aumento da demanda por alimentos e vestuário com a chegada do verão, ainda podem gerar oscilações pontuais no índice.
O foco do mercado agora se volta para o comportamento do grupo Alimentação, que costuma ter grande peso nas últimas quadrissemanas do ano. Um aumento significativo nos preços de itens básicos pode alterar a trajetória de desaceleração observada até o momento.
O IPC-S como termômetro da inflação
O comportamento do IPC-S na segunda quadrissemana de outubro reforça o cenário de controle inflacionário no Brasil. Com uma variação menor do que a observada anteriormente e um acumulado anual ainda dentro dos limites esperados, o índice da FGV confirma que a inflação está sob vigilância, mas sem indícios de aceleração preocupante.
Esse equilíbrio, aliado a políticas monetárias prudentes, tende a fortalecer a confiança do consumidor e impulsionar gradualmente o crescimento econômico.






