Mercado mantém estáveis projeções para inflação e PIB, aponta Boletim Focus do Banco Central
As projeções do mercado financeiro para a inflação e o PIB do Brasil permaneceram estáveis, segundo a mais recente edição do Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central (BC). O relatório, publicado semanalmente, reflete as expectativas das principais instituições financeiras e consultorias econômicas sobre os rumos da economia nacional.
De acordo com os dados, a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 continua em 2,16%, sinalizando um cenário de estabilidade nas perspectivas de curto prazo. Para os anos seguintes, o mercado projeta crescimento de 1,78% em 2026, 1,88% em 2027 e 2% em 2028, mantendo um padrão moderado de expansão econômica.
A manutenção das projeções reforça a percepção de que o Banco Central deve continuar adotando uma postura cautelosa em relação à política monetária, diante de um ambiente global incerto e da persistência da inflação acima da meta.
Boletim Focus aponta estabilidade nas previsões de crescimento
O Boletim Focus é uma das principais referências para a análise das expectativas econômicas do país, compilando projeções de mais de 100 instituições financeiras. Na edição desta semana, o relatório manteve praticamente inalteradas as estimativas para os principais indicadores macroeconômicos, demonstrando que o mercado não prevê grandes mudanças no ritmo de crescimento ou na trajetória de preços até o fim de 2025.
Segundo o relatório, a economia brasileira deverá crescer 2,16% em 2025, mantendo a mesma previsão da semana anterior. O número reflete um cenário de crescimento moderado, porém sustentado, após quatro anos consecutivos de expansão do PIB.
Em 2024, a economia nacional registrou um avanço de 3,4%, impulsionada principalmente pelos setores de serviços e indústria, que reagiram positivamente ao aumento do consumo e à estabilidade do emprego. Esse foi o melhor resultado desde 2021, quando o PIB havia crescido 4,8%.
Projeções para inflação seguem acima da meta
O Boletim Focus também mostrou estabilidade nas projeções para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A expectativa para o indicador em 2025 ficou em 4,55%, acima do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para os próximos anos, as projeções indicam uma trajetória de desaceleração gradual da inflação:
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2026: 4,2%
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2027: 3,8%
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2028: 3,5%
Em setembro de 2025, o IPCA teve alta de 0,48%, influenciado principalmente pelo aumento na conta de luz, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de 12 meses, o índice alcançou 5,17%, refletindo pressões persistentes em energia elétrica, alimentos e combustíveis.
O cenário reforça o desafio do Banco Central em trazer a inflação para dentro da meta sem comprometer a atividade econômica, especialmente em um contexto global de juros altos e incertezas nos Estados Unidos.
Taxa Selic deve permanecer elevada até 2026
Outro destaque do Boletim Focus é a previsão para a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 15% ao ano, segundo decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado projeta que o indicador se mantenha nesse patamar até o final de 2025, com início de cortes graduais a partir de 2026.
As estimativas são as seguintes:
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2025: 15% ao ano
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2026: 12,25%
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2027: 10,5%
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2028: 10%
O Banco Central reiterou em comunicado que o ambiente externo continua incerto, especialmente devido à condução da política monetária dos Estados Unidos, e que a inflação ainda acima da meta exige cautela.
Juros elevados ajudam a reduzir a demanda e conter o avanço dos preços, mas também impactam negativamente o crédito e o investimento, o que pode frear o crescimento econômico nos próximos trimestres.
Câmbio segue estável, com dólar projetado a R$ 5,41
As projeções para o câmbio também permanecem sem alterações, segundo o Boletim Focus. O mercado financeiro estima que o dólar encerrará 2025 cotado a R$ 5,41, subindo levemente para R$ 5,50 em 2026.
Esse comportamento está relacionado ao cenário internacional, com os Estados Unidos mantendo juros elevados por mais tempo e um movimento de fortalecimento global do dólar frente a moedas emergentes.
Apesar disso, a moeda brasileira tem se mostrado relativamente estável, apoiada pela balança comercial positiva, entrada de investimentos estrangeiros no agronegócio e energia, e pela política fiscal mais rígida implementada pelo governo para conter o déficit público.
Mercado vê 2025 como ano de transição econômica
Com as projeções de inflação e PIB estáveis, os analistas veem 2025 como um ano de transição, marcado por política monetária ainda restritiva e crescimento econômico moderado.
O Banco Central deve manter a Selic em patamar elevado até ter confiança de que a inflação convergirá para a meta. Enquanto isso, o governo federal tenta impulsionar a atividade econômica com investimentos em infraestrutura, incentivos à indústria verde e expansão de programas sociais.
No setor produtivo, as perspectivas para 2025 são de avanço gradual do consumo interno e maior estabilidade no mercado de trabalho, o que pode sustentar o crescimento do PIB próximo a 2%.
No entanto, riscos fiscais e incertezas externas ainda pesam sobre o cenário. A possibilidade de tensões comerciais entre grandes economias e a demora na redução de juros internacionais podem influenciar o desempenho brasileiro ao longo do próximo ano.
Panorama do PIB e da política econômica até 2028
As projeções de crescimento do Boletim Focus indicam que o Brasil deverá manter uma trajetória de expansão moderada nos próximos quatro anos. O cenário estimado é o seguinte:
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2025: 2,16%
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2026: 1,78%
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2027: 1,88%
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2028: 2%
Esses números refletem um ambiente de ajuste estrutural e busca por estabilidade macroeconômica, com foco em reformas fiscais, avanço da produtividade e estímulos ao investimento privado.
A médio prazo, a expectativa é que o país consolide bases sólidas de crescimento, especialmente nos setores de energia, tecnologia, agronegócio e manufatura de alto valor agregado.
Desafios e oportunidades no horizonte econômico
Entre os principais desafios para o governo e o Banco Central, destacam-se:
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Reduzir a inflação sem comprometer o crescimento;
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Controlar o déficit fiscal e conter o endividamento público;
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Melhorar a competitividade da economia por meio de reformas estruturais;
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Ampliar o crédito produtivo, hoje limitado pelos altos juros;
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Fortalecer a confiança dos investidores em um ambiente político e econômico previsível.
Por outro lado, o Brasil também enfrenta oportunidades relevantes:
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O avanço da transição energética e o crescimento dos biocombustíveis;
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O aumento da demanda global por alimentos e commodities agrícolas;
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O investimento em inovação e tecnologia verde, que tende a gerar novas frentes de crescimento sustentável.
Com essas perspectivas, o Boletim Focus reforça a leitura de que o Brasil está em um momento de ajuste e consolidação, com fundamentos sólidos, mas ainda dependente de reformas e estabilidade fiscal para garantir um ciclo de expansão mais vigoroso.
Estabilidade reflete cautela e transição econômica
A estabilidade nas projeções do Boletim Focus demonstra que o mercado financeiro adota uma postura prudente diante do cenário macroeconômico brasileiro.
Com a inflação ainda acima da meta, juros elevados e crescimento moderado, o país atravessa uma fase de transição e reequilíbrio, na qual as políticas fiscal e monetária precisam atuar de forma coordenada para garantir a sustentabilidade do crescimento nos próximos anos.
A manutenção das estimativas para o PIB, inflação e Selic reforça a mensagem de que não há surpresas no horizonte imediato, mas o caminho para a estabilidade de longo prazo ainda exigirá vigilância e responsabilidade fiscal.






