Projeção de inflação 2025 recua e se aproxima do teto da meta, aponta mercado
Economistas do mercado financeiro revisaram para baixo a projeção de inflação 2025, indicando um cenário de preços mais controlado no próximo ano. Segundo o levantamento mais recente do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,70% para 4,56%, o que coloca a projeção muito próxima do teto da meta oficial — fixada em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
A revisão reforça a percepção de que o país deve encerrar 2025 com inflação ainda acima do centro da meta, mas sob controle. Além do IPCA, o mercado ajustou previsões para o Produto Interno Bruto (PIB), taxa Selic e cotação do dólar, refletindo expectativas mais moderadas para a economia nos próximos anos.
Inflação mais próxima do limite da meta
O recuo na projeção de inflação 2025 mostra uma tendência de desaceleração gradual dos preços, ainda que em um nível considerado elevado. O teto da meta de 4,5% serve como parâmetro para medir o sucesso da política monetária, e a previsão atual de 4,56% indica que o Banco Central continua enfrentando o desafio de equilibrar estímulos econômicos com o controle inflacionário.
O mercado também reduziu as expectativas para os anos seguintes. Em 2026, o IPCA projetado passou de 4,27% para 4,20%; em 2027, de 3,83% para 3,82%; e em 2028, de 3,60% para 3,54%. As revisões sugerem que o cenário inflacionário deve continuar em trajetória de ajuste, ainda que de forma lenta e gradual.
Essa tendência é considerada positiva, pois reflete o impacto das políticas monetárias restritivas adotadas pelo Banco Central e a expectativa de estabilidade dos preços de commodities e serviços.
Projeções para o crescimento do PIB
As estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também foram levemente ajustadas. Para 2025, o crescimento esperado caiu de 2,17% para 2,16%, e para 2026 passou de 1,80% para 1,78%. Em 2027, a projeção aumentou marginalmente para 1,83%, enquanto 2028 permanece em 2,00%.
Os números indicam um ritmo de expansão moderado, consistente com uma economia que ainda sente os efeitos dos juros elevados e de um ambiente global mais cauteloso. Apesar da desaceleração, o crescimento projetado demonstra resiliência diante das pressões inflacionárias e dos desafios externos.
Taxa Selic permanece estável nas projeções
As previsões para a taxa básica de juros (Selic) permaneceram inalteradas no horizonte das projeções. O mercado mantém a expectativa de Selic em 15% para 2025, 12,25% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028.
Esses níveis sugerem que o Banco Central ainda deve adotar uma postura conservadora no curto prazo, priorizando o combate à inflação antes de sinalizar cortes mais expressivos. A estabilidade das projeções também indica que o mercado enxerga um ambiente de menor volatilidade e de maior previsibilidade monetária.
Com uma projeção de inflação 2025 ainda próxima do teto da meta, a manutenção da Selic em patamar elevado é vista como necessária para consolidar o controle dos preços e ancorar as expectativas futuras.
Dólar deve se manter acima de R$ 5,40
O câmbio foi outro ponto de revisão. A nova projeção indica que o dólar deve encerrar 2025 em R$ 5,41, abaixo da estimativa anterior de R$ 5,45. Para os anos seguintes, as projeções apontam estabilidade em torno de R$ 5,50, o que sugere uma expectativa de menor volatilidade cambial e de manutenção da confiança dos investidores estrangeiros.
Apesar da leve melhora, o patamar ainda é considerado alto, refletindo as incertezas externas e o ambiente político doméstico. A cotação acima de R$ 5,00 é interpretada como um equilíbrio entre as forças do mercado — de um lado, o fluxo positivo de exportações e, de outro, a cautela diante das variáveis fiscais e geopolíticas.
O que explica a revisão das projeções
A revisão da projeção de inflação 2025 decorre de fatores que apontam para um cenário de estabilidade de preços no médio prazo. Entre os principais motivos estão a desaceleração da economia global, a redução dos custos de energia e a expectativa de crescimento moderado da demanda interna.
Os indicadores de inflação subjacente — que excluem preços mais voláteis, como alimentos e combustíveis — mostram sinais de desaceleração, reforçando a percepção de que o ciclo de alta de preços começa a perder força.
Outro fator importante é o comportamento das expectativas fiscais. A aprovação de medidas de controle de gastos e o esforço do governo para manter o equilíbrio das contas públicas ajudam a reduzir o risco de inflação futura, aumentando a credibilidade da política econômica.
Riscos e incertezas ainda no radar
Apesar da melhora nas projeções, economistas alertam que o cenário continua sensível a choques externos e domésticos. Entre os principais riscos para o controle inflacionário estão:
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Alta dos preços internacionais do petróleo, que pode afetar os combustíveis no Brasil;
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Desvalorização do real, que impacta produtos importados e componentes industriais;
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Condições climáticas adversas, que podem pressionar o preço dos alimentos;
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Expansão fiscal excessiva, caso o governo aumente gastos sem compensações adequadas.
Esses fatores podem alterar o equilíbrio das previsões, forçando o Banco Central a manter uma política monetária mais rigorosa por mais tempo.
O cenário para 2025 e além
Com a projeção de inflação 2025 em 4,56%, o país se aproxima de um cenário de estabilidade, mas ainda distante da meta ideal. O desafio para os próximos meses será garantir que a convergência continue e que os fatores de risco não revertam o progresso obtido.
O cenário de crescimento econômico moderado e juros altos sugere que o ajuste ainda está em curso. A expectativa de redução gradual da Selic nos próximos anos dependerá da confirmação dessa trajetória de desaceleração inflacionária.
Para os agentes do mercado, o novo quadro indica que o Brasil caminha para uma fase de maior previsibilidade econômica, o que pode favorecer o investimento produtivo e a retomada mais sólida do consumo das famílias.
Perspectivas de médio prazo
As projeções até 2028 indicam que o país deve manter a inflação dentro dos limites da meta, ainda que ligeiramente acima do centro. A trajetória esperada de queda dos juros e estabilidade do câmbio tende a fortalecer o ambiente de negócios e a confiança do investidor.
O desafio do governo e das autoridades monetárias será sustentar esse equilíbrio diante de possíveis pressões fiscais e de um cenário internacional incerto.
Com ajustes graduais e políticas consistentes, o Brasil pode consolidar um ciclo de estabilidade econômica mais duradouro, capaz de estimular crescimento sustentável e controlar a inflação sem comprometer o emprego e o investimento.






