Ibovespa renova recorde histórico com otimismo global e encontro entre Lula e Trump
O Ibovespa voltou a fazer história nesta segunda-feira (27) ao renovar sua máxima intradia, alcançando 147.976,99 pontos, impulsionado por fatores internos e externos. A combinação entre o apetite global por risco, a valorização das commodities e o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump formou o cenário ideal para o novo recorde histórico do Ibovespa, que registra valorização de 1,23% no dia e caminha para fechar outubro em terreno positivo.
O desempenho da bolsa brasileira reflete uma conjunção de boas notícias: avanço nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) e otimismo com os resultados corporativos no Brasil. Além disso, a alta das ações da Petrobras e de grandes bancos sustentou o avanço do índice, que se aproxima agora da marca simbólica de 148 mil pontos.
Lula e Trump impulsionam otimismo e fortalecem laços econômicos
O principal motor do Ibovespa recorde histórico foi o encontro bilateral entre Lula e Trump, realizado na Malásia no domingo (26), durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). A reunião resultou em um compromisso mútuo para destravar barreiras comerciais e revisar o “tarifaço” imposto a produtos brasileiros.
A confirmação de um cronograma de negociações entre os dois países foi interpretada pelo mercado como um sinal de estabilidade e fortalecimento da agenda econômica bilateral. Investidores veem o movimento como uma oportunidade de ampliar exportações e atrair investimentos diretos, especialmente nos setores agrícola, industrial e de infraestrutura.
O avanço diplomático reforça a percepção de que o Brasil pode ganhar espaço no comércio internacional, ao mesmo tempo em que melhora sua relação com os Estados Unidos — um dos principais parceiros comerciais do país.
Inflação controlada e perspectivas econômicas positivas
Outro fator que impulsiona o Ibovespa recorde histórico é o alívio na trajetória inflacionária. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira, a projeção de inflação para 2025 caiu de 4,70% para 4,56%, aproximando-se do teto da meta de 4,5%. Essa sequência de revisões para baixo — a quinta semana consecutiva de redução — reforça o otimismo quanto à estabilidade econômica e abre espaço para juros mais baixos no futuro.
O mercado também projeta crescimento moderado do PIB e manutenção da política fiscal sob controle, fatores que contribuem para a entrada de capital estrangeiro na bolsa e fortalecem o real frente ao dólar.
Commodities em alta: minério e petróleo sustentam ganhos
A valorização das commodities é outro pilar do recorde histórico do Ibovespa. O minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian, na China, subiu 1,96%, cotado a 786,5 yuans (US$ 110,43) por tonelada. O otimismo é reflexo da expectativa de um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, além da possível reunião entre Trump e Xi Jinping ainda nesta semana.
No setor de energia, a Petrobras (PETR4; PETR3) se destacou entre as ações mais negociadas, após divulgar o Relatório de Produção e Vendas do 3º trimestre de 2025 (3T25). A estatal registrou crescimento de 18,4% na produção de petróleo em relação ao mesmo período de 2024, com média de 2,52 milhões de barris por dia. O resultado reflete o aumento de capacidade operacional de novas plataformas e menor número de paradas programadas, garantindo recorde de exportações e impulsionando o desempenho do setor de energia na B3.
Destaques corporativos: bancos e MBRF lideram altas
O setor bancário — tradicional pilar do Ibovespa — operou entre as maiores altas do dia, beneficiado pelo cenário de otimismo internacional e pela valorização do real. A confiança de que o Brasil pode fechar acordos comerciais relevantes com os Estados Unidos e China aumentou o interesse por papéis de bancos e grandes companhias de infraestrutura.
Na ponta positiva, o destaque vai para MBRF (MBRF3), resultado da fusão entre BRF e Marfrig, que anunciou um acordo de investimento com o fundo soberano da Arábia Saudita, por meio da subsidiária Halal Products Development Company (HPDC). A parceria inclui a criação da marca Sadia Halal, voltada ao mercado global de produtos certificados pela lei islâmica — um movimento que deve expandir a presença da companhia no Oriente Médio e na Ásia.
Já entre as quedas, Raízen (RAIZ4) recuou após rebaixamento de rating pela agência Fitch Ratings, que reduziu a nota de crédito internacional da empresa de BBB para BB-, ainda que tenha mantido o rating nacional em AAA (bra), com perspectiva estável.
Dólar recua e real ganha força com apetite por risco
Enquanto o Ibovespa renova recorde histórico, o dólar opera em queda, refletindo a melhora no humor dos mercados e o enfraquecimento global da moeda americana. Por volta das 11h, o dólar comercial era cotado a R$ 5,38, com recuo de 0,20% frente ao real.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, caiu para 98 pontos, movimento sustentado pela expectativa de corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos na reunião do Fed, marcada para quarta-feira (29).
Além disso, a suspensão das tarifas de 100% sobre importações chinesas anunciada por Washington e a possível revisão do regime de licenciamento de minerais de terras raras pela China contribuíram para o enfraquecimento da moeda americana.
Bolsas internacionais ampliam ganhos e reforçam cenário positivo
O clima de otimismo é global. As bolsas de Wall Street operam em alta, impulsionadas pela expectativa de corte de juros e pelo bom desempenho das gigantes de tecnologia. O S&P 500 sobe 0,97%, o Dow Jones avança 0,66% e o Nasdaq registra alta de 1,54%.
Na Ásia, o índice Nikkei, do Japão, ultrapassou pela primeira vez a marca de 50 mil pontos, encerrando o pregão com ganho de 2,46%. Já o Hang Seng, de Hong Kong, avançou 1,05%, impulsionado pela trégua nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Na Europa, o tom também é positivo. O índice Stoxx 600 opera em alta de 0,12%, refletindo a expectativa de estabilidade monetária e a melhora nos indicadores de confiança industrial.
Análise técnica: espaço para novos recordes
De acordo com análises de mercado, o Ibovespa recorde histórico ainda pode ter fôlego para subir mais. Técnicos do Itaú BBA indicam que o índice segue em tendência de alta no curto prazo, com projeção de atingir 165 mil pontos ainda em 2025, impulsionado pela entrada de capital estrangeiro e pelo otimismo global com a política monetária dos Estados Unidos.
O cenário também é reforçado pela expectativa de um “rali de fim de ano”, alimentado por juros mais baixos, inflação sob controle e avanço de commodities. Caso o fluxo internacional permaneça positivo, o índice pode consolidar sua posição acima dos 150 mil pontos e estabelecer novo patamar para o mercado brasileiro.
Perspectivas para o fim de 2025
O Ibovespa recorde histórico marca um momento de confiança e resiliência do mercado brasileiro. A conjunção entre estabilidade fiscal, controle da inflação, relações comerciais favoráveis e performance corporativa sólida cria condições para um ambiente de crescimento sustentado.
Com investidores atentos às decisões de Lula, Trump e Xi Jinping nos próximos dias, e à redução dos juros nos Estados Unidos, o Brasil pode continuar atraindo capital estrangeiro. O desafio agora é manter a consistência macroeconômica e aproveitar o cenário global favorável para consolidar o país como destino estratégico de investimentos.
Se as previsões se confirmarem, 2025 poderá encerrar como um dos melhores anos da década para o mercado acionário nacional, com o Ibovespa rompendo a marca simbólica de 150 mil pontos e consolidando o Brasil como protagonista nos fluxos emergentes globais.






