Lula critica Lava Jato e afirma que operação “destruiu a Petrobras” e desmoralizou servidores
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer duras críticas à Operação Lava Jato, durante evento realizado nesta quinta-feira (9) em Maragogipe (BA). Segundo o chefe do Executivo, os desdobramentos da operação teriam “destruído a Petrobras” e “desmoralizado os servidores da estatal”, ao associá-los indevidamente à corrupção. A declaração ocorreu em uma cerimônia voltada a novos investimentos na indústria naval e petroquímica.
Ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT), ministros e dirigentes da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, Lula afirmou que o impacto da Lava Jato foi devastador para o setor energético nacional, provocando desemprego em massa, paralisação de obras estratégicas e perda de credibilidade internacional da maior empresa brasileira.
Lava Jato: de operação anticorrupção a símbolo de controvérsia
Lançada em 2014, a Operação Lava Jato surgiu com o objetivo de investigar um dos maiores esquemas de corrupção da história do país, envolvendo políticos, empreiteiras e executivos da Petrobras. No entanto, o presidente Lula e parte do meio jurídico consideram que a operação ultrapassou os limites legais e acabou por enfraquecer empresas nacionais estratégicas, especialmente a Petrobras.
De acordo com Lula, o resultado foi uma destruição institucional e econômica sem precedentes, com reflexos diretos na indústria naval, petroquímica e no mercado de trabalho brasileiro. Ele destacou que os servidores da estatal foram injustamente expostos, “rotulados de corruptos”, e tiveram suas trajetórias manchadas.
Petrobras como símbolo da reconstrução econômica
O governo federal tem apostado na <strong data-start="2157" data-end=”2185″>recuperação da Petrobras como um dos pilares da reindustrialização do país. Lula vem reforçando o papel da empresa como motor da soberania energética e do desenvolvimento nacional, destacando a retomada de investimentos no setor de refino, na exploração de petróleo e na indústria naval.
Durante o evento em Maragogipe, o presidente comparou a paralisação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Bahia, a “uma destruição causada por guerra”. Para ele, a Lava Jato provocou um verdadeiro apagão industrial, prejudicando milhares de trabalhadores e causando um impacto direto na arrecadação de estados e municípios.
“Os que deixaram um estaleiro dessa magnitude parar causaram prejuízo à nação”, afirmou Lula, em tom de indignação.
Lula reforça críticas à judicialização e à perseguição política
Além de responsabilizar a Lava Jato pela crise industrial, Lula relembrou o período em que ficou preso por 580 dias, entre 2018 e 2019. O presidente destacou que sua detenção foi resultado de uma perseguição política e jurídica e reafirmou que “não trocaria sua dignidade pela liberdade”.
Segundo ele, o país viveu um momento em que a justiça foi usada como instrumento de disputa política, enfraquecendo instituições e alimentando a polarização social. Essa retórica tem sido recorrente nos discursos do presidente, especialmente quando ele aborda o tema da reconstrução econômica e moral do Brasil pós-Lava Jato.
O papel da Lava Jato na economia e na imagem do Brasil
Estudos econômicos indicam que a Operação Lava Jato teve efeitos colaterais severos sobre o PIB brasileiro. A interrupção de contratos, a queda no investimento produtivo e o desemprego gerado pela crise nas empreiteiras e na Petrobras resultaram em perdas bilionárias para o país.
Empresas que eram líderes globais no setor de engenharia e construção — como Odebrecht e OAS — entraram em colapso. A Petrobras, por sua vez, viu seu valor de mercado despencar e perdeu espaço em projetos internacionais. A percepção de insegurança jurídica também afastou investidores estrangeiros por anos.
Lula afirma que, agora, o governo busca reverter esse cenário, apostando em parcerias estatais e privadas, novos contratos de exploração e reindustrialização com foco em energia limpa e transição verde.
Indústria naval e petroquímica: prioridade na retomada
A fala de Lula em Maragogipe teve como foco a retomada da indústria naval brasileira, que, segundo ele, foi uma das mais afetadas pela Lava Jato. O Estaleiro Enseada do Paraguaçu, que chegou a empregar mais de 7 mil trabalhadores, ficou paralisado por anos após as investigações da operação.
Agora, o governo pretende reativar as obras e consolidar o programa de reconstrução industrial, com investimentos diretos da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. O plano inclui novas plataformas de exploração, navios de apoio e ampliação da frota de transporte marítimo nacional.
O presidente também destacou o papel estratégico da Bahia e do Nordeste na produção energética, especialmente com a exploração do pré-sal e os projetos de biocombustíveis e energia eólica offshore.
Reações políticas e críticas da oposição
As declarações de Lula sobre a Lava Jato reacenderam o debate político em Brasília. Aliados do presidente defenderam sua posição, argumentando que a operação foi responsável por enfraquecer o Estado brasileiro e provocar danos econômicos irreversíveis. Já membros da oposição consideram as críticas uma tentativa de revisar a história e deslegitimar o combate à corrupção.
Ainda assim, o discurso presidencial reflete uma linha de governo voltada para reconstruir a imagem das estatais e recuperar a confiança dos trabalhadores e investidores no setor público.
O legado da Lava Jato e os desafios para o futuro
Mais de uma década após seu início, a Operação Lava Jato permanece como um marco ambíguo na história do Brasil. De um lado, é reconhecida por expor esquemas de corrupção bilionários; de outro, é acusada de ter fragilizado a economia nacional e comprometido setores estratégicos.
Para Lula, o momento é de “reconstrução e reparação”, tanto para a Petrobras quanto para os profissionais atingidos injustamente. O governo aposta em uma nova política industrial, mais equilibrada e transparente, que promova o crescimento econômico sem criminalizar a produção nacional.
As falas de Lula em Maragogipe marcam uma nova fase no discurso político do presidente, em que a Lava Jato é colocada como símbolo de destruição, mas também como ponto de partida para a reconstrução do Brasil produtivo e soberano. Com foco na indústria, na energia e na valorização do trabalhador, o governo tenta transformar a dor deixada pela operação em combustível para o desenvolvimento.






