Tesouro IPCA+ longo registra menor juro desde agosto com avanço das negociações nos EUA
O Tesouro IPCA+ abriu a semana em forte queda nas taxas de rendimento, refletindo o otimismo dos mercados internacionais após o avanço das negociações em Washington para encerrar o shutdown do governo dos Estados Unidos. O movimento, registrado nesta segunda-feira (10), impulsionou a busca por títulos públicos de longo prazo e reduziu os prêmios pagos pelo Tesouro Direto, especialmente nas séries atreladas à inflação.
O destaque do dia foi o Tesouro IPCA+ 2050, cuja taxa recuou de 6,92% para 6,88% ao ano, atingindo o menor patamar desde agosto. A queda sinaliza maior apetite dos investidores por títulos indexados ao IPCA, em meio à melhora da percepção de risco global e às expectativas de estabilidade monetária no cenário doméstico.
Tesouro IPCA+ 2050 atinge menor rendimento desde agosto
Entre os títulos de longo prazo, o Tesouro IPCA+ 2050 foi o que apresentou a maior queda, alcançando 6,88% de juro real, o menor nível em quase três meses. Esse tipo de papel é considerado uma das opções mais atrativas para quem busca proteção contra a inflação e rentabilidade acima do IPCA.
A diminuição nas taxas reflete um movimento clássico de valorização dos títulos públicos: quando o juro de mercado cai, o preço dos papéis já emitidos sobe, beneficiando os investidores que já possuem o ativo na carteira.
Outros títulos também registraram quedas relevantes:
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Tesouro IPCA+ 2029: de IPCA + 8,01% para 7,94%;
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Tesouro IPCA+ 2040: de IPCA + 7,20% para 7,16%;
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Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045: manteve-se em 7,20%;
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Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060: caiu para 7,12%.
Esses recuos indicam um cenário de maior confiança do investidor em relação ao controle inflacionário e à estabilidade fiscal no Brasil, impulsionado também por sinais positivos da economia americana.
Influência das negociações sobre o shutdown nos EUA
O recuo nas taxas do Tesouro IPCA+ tem relação direta com o avanço das negociações nos Estados Unidos para encerrar a paralisação parcial do governo federal, que já dura 40 dias.
O Senado americano aprovou no domingo (9) uma proposta de financiamento emergencial que deve manter o governo operando até 30 de janeiro. A expectativa é de que a Câmara dos Deputados também aprove o projeto nos próximos dias, antes do envio para sanção do presidente Donald Trump.
A perspectiva de solução para o shutdown reduziu o temor de recessão e trouxe alívio aos mercados globais, favorecendo ativos de maior duração e reduzindo o custo de captação de países emergentes.
Com o aumento do otimismo, os investidores voltaram a buscar títulos de longo prazo, como o Tesouro IPCA+ 2050, considerado um termômetro importante da confiança no cenário fiscal brasileiro.
Queda generalizada nas taxas do Tesouro Direto
Além do Tesouro IPCA+, outros títulos do Tesouro Direto também registraram recuos nas taxas de juros. Os papéis prefixados apresentaram leve queda, acompanhando o movimento global de valorização dos títulos públicos:
| Título | Rendimento Anual | Vencimento |
|---|---|---|
| Tesouro Selic 2028 | Selic + 0,0491% | 01/03/2028 |
| Tesouro Selic 2031 | Selic + 0,1022% | 01/03/2031 |
| Tesouro Prefixado 2028 | 13,08% | 01/01/2028 |
| Tesouro Prefixado 2032 | 13,60% | 01/01/2032 |
| Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | 13,73% | 01/01/2035 |
| Tesouro IPCA+ 2029 | IPCA + 7,94% | 15/05/2029 |
| Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | IPCA + 7,48% | 15/05/2035 |
| Tesouro IPCA+ 2040 | IPCA + 7,16% | 15/08/2040 |
| Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045 | IPCA + 7,20% | 15/05/2045 |
| Tesouro IPCA+ 2050 | IPCA + 6,88% | 15/08/2050 |
| Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060 | IPCA + 7,12% | 15/08/2060 |
Essas variações mostram uma tendência de alongamento da curva de juros, típica de períodos em que os investidores acreditam em melhora do ambiente fiscal e redução das incertezas externas.
Por que o Tesouro IPCA+ ganha destaque entre os investidores
Os títulos Tesouro IPCA+ são considerados uma das opções mais seguras para proteger o patrimônio da inflação e garantir rentabilidade real no longo prazo. Por serem papéis indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), eles asseguram que o investidor tenha ganho acima da inflação acumulada.
Entre os principais atrativos estão:
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Proteção contra a perda do poder de compra;
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Rendimento real garantido, independentemente da variação dos preços;
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Liquidez diária, com possibilidade de venda antecipada;
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E rentabilidade potencialmente superior à de outros investimentos de renda fixa, quando adquiridos em momentos de alta de juros.
Com a recente queda nas taxas, investidores que já possuem Tesouro IPCA+ 2050 ou 2040 em carteira tendem a observar valorização nos preços dos títulos, o que pode representar ganhos relevantes se optarem pela venda antecipada.
O que explica a valorização dos títulos públicos
A valorização dos títulos públicos, como o Tesouro IPCA+, está diretamente relacionada ao comportamento das taxas de juros.
Quando as expectativas de inflação diminuem ou quando há melhora na percepção de risco, os investidores passam a exigir menores prêmios de risco, o que reduz o rendimento oferecido pelos novos papéis. Consequentemente, os títulos antigos — com taxas maiores — tornam-se mais valiosos.
Esse fenômeno é conhecido como marcação a mercado e representa um dos principais fatores de rentabilidade para quem investe no Tesouro Direto.
A atual combinação de otimismo internacional, controle inflacionário doméstico e expectativa de estabilidade monetária no Brasil tem impulsionado esse movimento de valorização, especialmente nos títulos de longo prazo indexados ao IPCA.
Perspectivas para o Tesouro IPCA+ e os juros futuros
Analistas de mercado preveem que o Tesouro IPCA+ deve continuar atraindo investidores, especialmente se as negociações nos Estados Unidos resultarem no fim definitivo do shutdown e o ambiente global permanecer estável.
No cenário interno, a política fiscal e a condução da taxa Selic também influenciam diretamente o desempenho dos papéis.
Com a Selic em 15% ao ano, os títulos de curto prazo ainda oferecem retornos elevados, mas a expectativa de queda gradual dos juros em 2026 tende a favorecer a renda fixa de longo prazo.
Segundo especialistas, a tendência de apreciação dos títulos indexados à inflação pode se consolidar ao longo dos próximos meses, com rendimento real próximo de 7% para vencimentos entre 2040 e 2050.
Impactos no investidor e recomendações de estratégia
Para o investidor que busca diversificação e proteção, o Tesouro IPCA+ permanece como uma das melhores alternativas dentro da renda fixa brasileira.
Em períodos de queda nas taxas, o ideal é manter o título até o vencimento, garantindo a rentabilidade real contratada. Já para quem investe com foco em valorização, momentos de redução de juros longos podem gerar ganhos expressivos na marcação a mercado.
Os especialistas recomendam:
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Evitar vendas antecipadas em momentos de alta de juros;
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Aproveitar quedas para adquirir títulos de longo prazo;
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E diversificar entre diferentes vencimentos, equilibrando risco e retorno.
Cenário internacional reforça o apetite por risco
O alívio nos mercados após o avanço das negociações nos Estados Unidos reforçou o movimento de apetite global por ativos de risco, o que inclui títulos emergentes como os do Tesouro brasileiro.
A expectativa de que o shutdown americano seja encerrado reduz a probabilidade de desaceleração econômica global, estimulando o fluxo de capital estrangeiro para economias em desenvolvimento.
Esse contexto tende a fortalecer o real, reduzir o custo de captação do governo e sustentar a demanda pelo Tesouro IPCA+ nos próximos meses.
Tesouro IPCA+ se consolida como investimento de destaque
O desempenho do Tesouro IPCA+ nesta segunda-feira reflete a confiança renovada dos investidores no cenário global e na economia brasileira. Com taxas em queda e valorização dos papéis de longo prazo, o título volta a ganhar protagonismo entre as opções de renda fixa disponíveis no mercado.
Para o investidor que busca rentabilidade real e proteção inflacionária, o Tesouro IPCA+ se mantém como um dos investimentos mais sólidos e previsíveis, especialmente diante de um contexto de redução gradual dos juros futuros e estabilidade macroeconômica.






