Trump pode comprar carne da Argentina para reduzir preços nos Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu governo considera comprar carne da Argentina como parte de uma estratégia para reduzir os preços da carne bovina nos EUA e conter a inflação no país. A proposta surge em meio a um contexto de alta nos custos de alimentos e tensões comerciais com o Brasil e o México.
A iniciativa também tem um componente geopolítico: a ajuda econômica de US$ 20 bilhões à Argentina estaria condicionada à manutenção do poder pelo presidente Javier Milei, aliado político de Trump na América do Sul. A medida reforça a tentativa da Casa Branca de aproximar os dois países e criar um eixo de cooperação econômica conservador no continente.
Compra de carne argentina: alívio para os consumidores americanos
O preço da carne bovina nos Estados Unidos vem subindo de forma acelerada em 2025. Fatores como secas prolongadas, redução do rebanho nacional e queda nas importações mexicanas têm pressionado os valores nos supermercados.
Nesse cenário, Trump estuda importar carne da Argentina, país com forte tradição no setor e preços mais competitivos. A entrada do produto argentino no mercado americano, segundo economistas, poderia ajudar a equilibrar a oferta e derrubar os preços internos em até 10% nos próximos meses.
A proposta reforça o discurso populista de Trump de que é possível diminuir o custo de vida dos americanos sem depender de políticas fiscais mais agressivas. Além disso, serviria para estreitar laços com o governo argentino, que enfrenta um cenário econômico delicado, com inflação alta e desvalorização do peso.
Alta dos preços da carne nos EUA preocupa o governo Trump
Os preços da carne bovina nos Estados Unidos estão em patamares recordes, impulsionados por um conjunto de fatores climáticos, logísticos e políticos. A seca em regiões produtoras reduziu o número de animais disponíveis para abate, enquanto a restrição de importações mexicanas, causada por uma praga carnívora que afetou os rebanhos, agravou o problema.
Além disso, o tarifaço imposto por Trump ao Brasil em agosto — que elevou as taxas sobre a carne bovina brasileira — restringiu a entrada do produto no mercado americano. O Brasil era, até então, um dos principais fornecedores externos do país, especialmente nas categorias de carne industrializada.
Sem alternativas imediatas, a Argentina surge como opção viável para suprir a demanda, especialmente com o novo governo de Milei buscando estreitar laços econômicos com Washington.
Apoio financeiro de Trump à Argentina reforça aliança com Milei
A possível importação de carne da Argentina é apenas uma parte da estratégia de Trump para fortalecer o governo Milei. Washington trabalha na implementação de uma linha de crédito de US$ 20 bilhões para sustentar o peso argentino e ajudar o país a estabilizar sua economia.
Além desse pacote financeiro, Trump mobilizou fundos soberanos e investidores privados norte-americanos para apoiar projetos de infraestrutura e energia no país sul-americano. O objetivo é evitar uma nova crise cambial e consolidar um bloco econômico alinhado ideologicamente aos EUA.
Segundo analistas internacionais, o gesto de Trump também tem valor simbólico: a aproximação com a Argentina sinaliza uma nova diplomacia econômica conservadora, baseada em parcerias bilaterais e acordos diretos, em contraposição à política multilateralista adotada por administrações anteriores.
Efeitos da medida no mercado global de carnes
Se concretizada, a compra de carne da Argentina pelos EUA poderá reorganizar o mercado internacional de carnes. O aumento da demanda americana pode impulsionar o preço global da proteína e beneficiar exportadores argentinos, que atualmente enfrentam dificuldades para ampliar as vendas devido à queda na produção interna e às restrições de crédito.
Por outro lado, o Brasil, que sofreu com as tarifas impostas por Trump, tende a perder espaço no mercado norte-americano, o que pode gerar impacto negativo sobre o agronegócio brasileiro.
Economistas avaliam que essa reconfiguração comercial pode reforçar a influência argentina no setor de proteína animal, especialmente se o país conseguir manter estabilidade política e produtiva. No entanto, há riscos de que o aumento das exportações gere pressão sobre os preços internos na Argentina, afetando o consumo doméstico.
Inflação e política: um mesmo desafio para Trump
Nos Estados Unidos, a inflação permanece como uma das maiores preocupações da Casa Branca. Embora o índice geral de preços tenha desacelerado nos últimos meses, os alimentos e combustíveis continuam subindo acima da média.
A carne bovina, em particular, é um dos produtos que mais pesam no bolso do consumidor americano. O aumento acumulado em 12 meses ultrapassa 18%, segundo estimativas de mercado.
Com a aproximação das eleições legislativas, Trump busca soluções que reduzam o custo de vida rapidamente, reforçando sua imagem de gestor pragmático e defensor do trabalhador médio. Nesse contexto, a importação de carne argentina seria uma medida de impacto imediato, capaz de aliviar a pressão sobre os preços e fortalecer sua popularidade.
Repercussão política da proposta
A ideia de comprar carne da Argentina dividiu opiniões dentro do Congresso americano. Parlamentares republicanos mais nacionalistas defendem o fortalecimento da produção doméstica e consideram que a importação pode prejudicar pecuaristas locais.
Por outro lado, setores mais moderados do partido veem a proposta como uma alternativa temporária para conter a inflação e evitar medidas mais drásticas, como subsídios diretos ou controle de preços.
Nos bastidores, a Casa Branca avalia que a parceria com Milei pode render dividendos políticos e econômicos, além de garantir uma nova rota de suprimentos estratégicos para os EUA.
O papel de Milei na equação
O presidente argentino, Javier Milei, tem se mostrado um aliado próximo de Donald Trump. Ambos compartilham visões semelhantes sobre economia liberal, redução do Estado e defesa do livre mercado.
A eventual venda de carne argentina aos Estados Unidos seria um reforço político importante para Milei, que enfrenta forte oposição interna e desafios econômicos significativos. Além disso, o acordo poderia injetar dólares na economia argentina e melhorar a balança comercial do país.
Analistas veem na parceria entre os dois presidentes um alinhamento estratégico sem precedentes entre Washington e Buenos Aires, algo que não se via desde a década de 1990, durante o governo de Carlos Menem.
Impactos econômicos esperados
Especialistas apontam que, se a compra se concretizar, o impacto poderá ser sentido em múltiplas frentes:
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Redução nos preços da carne nos EUA – A entrada do produto argentino aumentaria a oferta e aliviaria a inflação de alimentos.
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Fortalecimento da economia argentina – O fluxo de dólares provenientes das exportações ajudaria a estabilizar o câmbio e conter a inflação local.
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Reação do agronegócio brasileiro – O Brasil perderia participação no mercado norte-americano, podendo redirecionar sua produção para a Ásia.
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Reforço da relação bilateral – A parceria consolidaria um eixo econômico entre EUA e Argentina, alinhado à política externa de Trump.
O impacto no mercado global, portanto, seria significativo, com reflexos sobre preços, comércio internacional e equilíbrio geopolítico na América do Sul.
Uma jogada econômica e política de alto impacto
A proposta de Donald Trump de comprar carne da Argentina combina interesses econômicos e estratégicos. Por um lado, a medida busca conter a alta dos preços nos EUA e mostrar resultados rápidos no combate à inflação. Por outro, fortalece um aliado político na América do Sul e cria uma aliança bilateral inédita entre duas nações conservadoras.
Se implementada, a iniciativa poderá alterar o cenário do comércio global de carnes, redefinir o papel da Argentina no mercado internacional e reposicionar os Estados Unidos como protagonista em acordos comerciais diretos.
No curto prazo, o maior beneficiário pode ser o consumidor americano, que sentiria o alívio no preço da carne. No médio e longo prazo, o impacto dessa parceria dependerá da estabilidade econômica da Argentina e da capacidade de Trump em equilibrar interesses internos e externos em um contexto eleitoral.






