Venda da Ciabrasf: Reag Capital negocia exclusividade com a B100 após operação Carbono Oculto
A venda da Ciabrasf ganhou destaque no mercado financeiro brasileiro após a Reag Capital anunciar tratativas exclusivas com a B100 para a alienação de aproximadamente 97% de sua participação na companhia. O negócio acontece em meio às consequências da operação Carbono Oculto, que levou a Reag a se desfazer de ativos estratégicos, incluindo sua gestora de investimentos e a Empirica Holding.
Com mais de R$ 340 bilhões em fundos administrados, a Ciabrasf é considerada a maior provedora independente de soluções fiduciárias do Brasil, desconsiderando instituições estrangeiras e conglomerados ligados a grandes bancos. A transação, se concluída, poderá reposicionar tanto a B100 quanto o mercado de administração fiduciária no país.
Contexto da venda da Ciabrasf
A negociação foi comunicada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cerca de 15 dias após a Polícia Federal deflagrar a operação Carbono Oculto. A ação policial acelerou mudanças no grupo, que já havia anunciado a venda da Reag Investimentos e, posteriormente, a assinatura de um memorando de entendimento para transferir a Empirica Holding para a Smart Hub por R$ 25 milhões.
Agora, a venda da Ciabrasf surge como a etapa mais estratégica desse processo, considerando a relevância da companhia para o mercado de capitais e sua recente listagem no Novo Mercado da B3.
Detalhes da negociação com a B100
De acordo com fontes próximas à operação, João Carlos Mansur, dono da Reag Capital Holding, participou ativamente das conversas com potenciais interessados e escolheu a Planner para assessorar a transação. A B100 terá um prazo de 60 dias para realizar diligências, mas a expectativa é de que um acordo final possa ser fechado antes desse prazo.
A negociação prevê earn-out, ou seja, pagamentos variáveis à Reag conforme o cumprimento de metas de desempenho. Se confirmada, a operação resultará na saída dos atuais controladores da Ciabrasf, embora a equipe da companhia deva ser mantida. A listagem na B3 também será preservada.
O que é a Ciabrasf e por que ela é estratégica
A Ciabrasf administra mais de 700 fundos de investimento, oferecendo serviços essenciais como:
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Administração e custódia de ativos.
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Escrituração de valores mobiliários.
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Securitização de recebíveis.
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Atuação como agente fiduciário.
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Distribuição de produtos financeiros.
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Atendimento especializado a investidores não residentes.
Esse portfólio faz da empresa um pilar no mercado de capitais brasileiro, atraindo interesse de grupos como a B100, que vê na aquisição a chance de ampliar sua presença e diversificar receitas.
A B100 e sua estratégia de expansão
A entrada da B100 no processo de compra da Ciabrasf reflete seu plano de fortalecimento no setor financeiro. O grupo já atua em diferentes frentes por meio de empresas como:
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Planner – assessoria financeira.
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Planner Securities – corretora americana com operações em Nova York e Miami.
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Reedwood – gestora de recursos.
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Bem Fácil Digital – subadquirente que atua no mercado de maquininhas de cartão.
Com a venda da Ciabrasf, a B100 poderá usar a companhia como veículo para futuros planos de listagem, reforçando sua presença no mercado de capitais e ampliando seu ecossistema de negócios.
Histórico recente da Ciabrasf na B3
A Ciabrasf passou a integrar o Novo Mercado da B3 em março de 2025, dois meses após a Reag Capital também se listar por meio de um “IPO reverso”. Nesse processo, em vez de uma oferta inicial de ações tradicional, a Reag adquiriu a GetNinjas, que já estava listada desde 2021.
Após a aquisição e as aprovações societárias, a companhia foi cindida em duas:
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Reag Trust, posteriormente rebatizada como Ciabrasf.
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Revee, focada em infraestrutura para o setor de entretenimento, que estreou na bolsa em maio.
A Revee não integra a negociação com a B100.
Implicações da operação Carbono Oculto
A operação Carbono Oculto deflagrada pela Polícia Federal desencadeou uma série de movimentos estratégicos na Reag Capital. O grupo foi pressionado a reorganizar seu portfólio, vendendo ativos relevantes para gerar liquidez e reduzir riscos associados às investigações.
Nesse cenário, a venda da Ciabrasf representa não apenas uma transação financeira, mas também uma medida de sobrevivência corporativa e reposicionamento no mercado.
Impactos da venda da Ciabrasf no setor financeiro
Se confirmada, a operação poderá trazer os seguintes impactos:
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Maior consolidação no segmento de administração fiduciária, fortalecendo a posição da B100.
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Reforço da transparência no mercado, já que a Ciabrasf continuará listada na B3.
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Mudança no perfil competitivo, com a saída da Reag Capital do controle e a manutenção da equipe operacional.
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Possibilidade de novos IPOs, usando a Ciabrasf como veículo de expansão para a própria B100.
Esses fatores indicam que a negociação pode reconfigurar o equilíbrio de forças no setor de administração de fundos no Brasil.
Perspectivas futuras
A expectativa é de que o acordo seja concluído ainda antes do prazo de 60 dias, dada a maturidade dos documentos já disponíveis e o interesse mútuo das partes. Para a B100, o movimento pode ser a porta de entrada para novas estratégias de crescimento no Brasil e no exterior.
Já para a Reag Capital, a saída da Ciabrasf representa um redesenho de seus negócios, após um período de intensa pressão regulatória e judicial.






