Segundo o Ministério Público, essas descobertas evidenciam que o PCC hoje está envolvido em atividades que vão além do tráfico de drogas e crimes violentos, mostrando um nível de sofisticação maior por parte da facção criminosa.
Essa realidade também está sob investigação no Ceará, onde o Ministério Público possui investigações em curso sobre alegadas relações de vereadores, secretários municipais e até prefeitos com grupos criminosos, com destaque para o PCC.
Os indícios apontam para um financiamento eleitoral por parte das facções a candidatos a vereador no Ceará em 2020. Uma vez eleitos, esses vereadores teriam atuado para fraudar licitações e favorecer empresas vinculadas aos criminosos, em um padrão semelhante ao identificado em São Paulo.
Em 2023, o Ministério Público do Ceará realizou 21 operações em pelo menos 13 municípios, a maioria relacionada a fraudes em licitações e outras formas de contratação de empresas. Os investigadores estão examinando minuciosamente cada indivíduo suspeito de envolvimento, cruzando informações para buscar relações com pessoas ligadas à hierarquia das facções nessas localidades.
Além do mais, há suspeitas de influência das facções em eleições de âmbito estadual ou federal, embora seu potencial impacto seja mais significativo nas eleições municipais. Vereadores, em particular, dependem do voto das comunidades, muitas vezes mantendo relações com líderes comunitários. Em diversos casos, esses líderes não podem agir sem algum nível de consentimento dos grupos criminosos que exercem influência no território.
As investigações também apontam para casos de interferência nas eleições, incluindo candidatos eleitos com apoio e financiamento das facções, assim como denúncias de eleitores impedidos de votar e candidatos impossibilitados de realizar suas campanhas.
A operação que resultou na prisão dos três vereadores em São Paulo ocorreu na terça-feira, 16, e embora tenha gerado repercussão, não foi tão ampla quanto poderia ser, dada a gravidade do envolvimento de políticos nesse tipo de esquema. Os vereadores são filiados a partidos considerados do “centrão”, mostrando que a presença das facções na política não está restrita a um único partido ou espectro político.