Quaest: 45% dos brasileiros dizem que Lula saiu mais forte após encontro com Trump
Uma nova pesquisa da Quaest Consultoria revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu fortalecido politicamente depois do encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado no fim de outubro, na Malásia. Segundo o levantamento, 45% dos brasileiros acreditam que Lula saiu mais forte da reunião, enquanto 30% avaliam que ele saiu mais fraco. Outros 10% afirmam que o encontro não mudou nada, e 15% não souberam responder.
Os dados, divulgados nesta quarta-feira (12), mostram um impacto positivo para o presidente brasileiro no cenário internacional e refletem a percepção de que o diálogo com o líder americano pode melhorar as relações comerciais entre os dois países, especialmente em torno das tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros.
Encontro entre Lula e Trump na Malásia
O encontro entre Lula e Trump ocorreu no dia 26 de outubro de 2025, durante uma conferência internacional em Kuala Lumpur. A reunião, marcada por tom conciliador, buscou restabelecer a cooperação bilateral e reduzir as barreiras comerciais que afetam setores estratégicos da economia brasileira, como o café e o aço.
No dia seguinte, o ex-presidente americano elogiou Lula publicamente, chamando-o de “muito vigoroso”. A troca de cortesias, embora simbólica, foi interpretada por analistas como uma tentativa de reconstrução do diálogo entre Brasília e Washington após anos de tensão diplomática.
A sondagem da Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2.004 pessoas entre 6 e 9 de novembro, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Percepções políticas: Lula mais forte entre a esquerda
O estudo mostra que o efeito positivo do encontro entre Lula e Trump é mais evidente entre os eleitores de esquerda. Entre os lulistas, 68% disseram acreditar que o presidente saiu mais forte da reunião, enquanto 12% consideram que ele saiu enfraquecido.
Entre os que se identificam como de esquerda não lulista, o índice de confiança em Lula é ainda maior: 75% afirmam que o presidente se fortaleceu após o encontro, contra apenas 10% que acreditam o contrário.
Já no campo da direita, a percepção se inverte. Entre os bolsonaristas, 60% afirmam que Lula saiu mais fraco da reunião com Trump, enquanto 19% consideram que ele se fortaleceu. Entre os direitistas não bolsonaristas, 43% disseram que o petista saiu mais fraco, e 30% acreditam que ele saiu mais forte.
Os dados confirmam que, mesmo com divisões ideológicas persistentes, o episódio teve impacto simbólico para a imagem internacional de Lula e foi visto como uma oportunidade para reposicionar o Brasil nas negociações comerciais globais.
Avaliação do governo Lula estabiliza
A pesquisa também mostrou estabilização na avaliação do governo federal. Segundo a Quaest, 50% dos entrevistados desaprovam a atual gestão, enquanto 47% aprovam. A diferença de três pontos percentuais está dentro da margem de erro, indicando que a popularidade do presidente se manteve praticamente estável.
Após oscilar positivamente nos primeiros meses de 2025, a avaliação do governo Lula estacionou, com eleitores demonstrando expectativa cautelosa quanto à condução da economia, da segurança pública e das políticas de combate à pobreza.
Mesmo assim, o resultado do encontro com Donald Trump parece ter atenuado parte das críticas, fortalecendo a imagem do presidente como liderança diplomática ativa.
Acordo para redução de tarifas
Além da percepção sobre o encontro em si, a pesquisa Quaest também perguntou se os brasileiros acreditam que Lula e Trump chegarão a um acordo para reduzir as tarifas impostas pelos EUA ao Brasil.
O número dos que responderam “sim” subiu de 48% em agosto para 51% em novembro, enquanto o índice dos que não acreditam em um entendimento caiu de 45% para 39%. Outros 10% não souberam opinar.
A melhora nas expectativas reforça a visão de que o diálogo entre os dois presidentes pode destravar pautas bilaterais que vinham estagnadas desde 2019, incluindo exportações de commodities e cooperação tecnológica.
A importância diplomática do encontro entre Lula e Trump
O reencontro entre Lula e Trump tem peso político e simbólico significativo. Para o governo brasileiro, trata-se de uma oportunidade de reposicionar o país como interlocutor estratégico entre potências ocidentais e emergentes.
Analistas de relações internacionais destacam que a aproximação com Washington ocorre em momento sensível, marcado por disputas comerciais com a China e discussões sobre subsídios verdes. Nesse contexto, o Brasil busca equilibrar suas alianças e garantir melhores condições para suas exportações.
A Farm Rio e o setor de agronegócio brasileiro — especialmente produtores de café e soja — estão entre os principais beneficiados caso as tarifas americanas sejam revistas. Além disso, o governo vê o diálogo com Trump como instrumento para atrair investimentos e ampliar o acesso a tecnologias de ponta.
Lula e a diplomacia econômica
O desempenho do presidente em viagens internacionais tem sido peça central na estratégia do governo para impulsionar a diplomacia econômica. Desde o início de 2025, Lula intensificou a agenda de reuniões bilaterais e participação em fóruns multilaterais com o objetivo de ampliar o comércio exterior e atrair investimentos sustentáveis.
O encontro com Trump reforça essa política de reaproximação pragmática. Embora os dois líderes possuam visões políticas divergentes, ambos sinalizaram disposição para cooperar em temas de interesse comum — como comércio, infraestrutura e transição energética.
A leitura entre analistas é que Lula busca construir pontes com diferentes espectros ideológicos, projetando o Brasil como potência diplomática moderadora em um cenário global fragmentado.
Percepção pública: fortalecimento da imagem presidencial
O dado de que 45% acreditam que Lula saiu mais forte após o encontro com Donald Trump confirma a eficácia dessa estratégia de diplomacia ativa. Para o eleitorado brasileiro, o presidente demonstra liderança internacional e capacidade de diálogo, atributos valorizados em um contexto de incertezas econômicas e tensões geopolíticas.
Mesmo entre setores críticos ao governo, há reconhecimento de que a interlocução direta com líderes globais pode trazer ganhos para a economia brasileira.
A reunião também gerou repercussão positiva na imprensa internacional, que destacou o contraste entre o estilo combativo de Trump e a postura conciliadora de Lula — reforçando a imagem do Brasil como mediador político no cenário global.
Cenário político e projeções
Internamente, o bom desempenho de Lula na cena internacional coincide com um momento em que o governo busca consolidar apoio no Congresso para aprovar pautas econômicas, como a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal.
Especialistas acreditam que o resultado da pesquisa Quaest oferece fôlego político para o presidente manter o discurso de estabilidade e progresso, enquanto tenta equilibrar demandas da base aliada e pressões do mercado.
No médio prazo, o fortalecimento da imagem externa pode ajudar o governo a atrair investimentos diretos estrangeiros e impulsionar a confiança empresarial — fatores fundamentais para reaquecer a economia em 2026.
O levantamento da Quaest confirma que o encontro entre Lula e Trump foi amplamente percebido como positivo pela população brasileira. A imagem de um presidente capaz de dialogar com diferentes líderes globais, mesmo de campos ideológicos opostos, reforça o perfil diplomático de Lula e amplia seu capital político.
Com 45% dos brasileiros acreditando que ele saiu mais forte da reunião, o presidente consolida-se como figura central nas relações internacionais da América Latina e demonstra que a política externa pode ser um ativo valioso para o fortalecimento interno de seu governo.






