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Ciclo do boi explica queda da picanha em 2025 e alta da carne em 2026

por Camila Braga - Repórter de Economia
17/12/2025
em Agronegócio, Destaque, Economia, News
Ciclo Do Boi Explica Queda Da Picanha Em 2025 E Alta Da Carne Em 2026 - Gazeta Mercantil

Ciclo do boi explica queda da picanha em 2025 e sinaliza alta gradual da carne em 2026

Depois de dois anos em que a picanha e o filé mignon deram algum alívio ao orçamento das famílias brasileiras, o cenário começa a mudar. Embora 2025 ainda registre preços mais comportados no açougue, analistas, executivos de frigoríficos e especialistas em pecuária são praticamente unânimes ao apontar que o ciclo do boi entra em uma nova fase a partir de 2026, com menor oferta de gado para abate e pressão crescente sobre os preços da carne bovina.

A leitura predominante no setor é de que o consumidor não enfrentará um choque abrupto como o observado entre 2021 e 2022, período marcado por pandemia, desorganização das cadeias globais e forte aceleração das exportações. Ainda assim, a tendência é de um movimento consistente de alta, gradual e persistente, que deve recolocar cortes nobres, como picanha e filé mignon, em patamares mais elevados ao longo do próximo ano.

O que é o ciclo do boi e por que ele importa

O ciclo do boi é um dos conceitos centrais da pecuária e ajuda a explicar por que os preços da carne oscilam ao longo dos anos. Em linhas gerais, trata-se de um movimento recorrente, que costuma durar de três a quatro anos, determinado pela relação entre oferta de gado, decisões do produtor e dinâmica de consumo.

Quando os preços da carne estão baixos, o pecuarista tende a mandar mais animais para o abate, incluindo fêmeas. Esse aumento momentâneo de oferta ajuda a segurar os preços no curto prazo, mas reduz o número de matrizes no rebanho. Alguns anos depois, com menos bezerros nascendo, a oferta de boi diminui, o que empurra os preços para cima.

Nesse momento, o produtor passa a reter as fêmeas no pasto, reduzindo o abate para recompor o rebanho. Essa fase de retenção marca justamente o início do período de alta do ciclo do boi, quando a carne começa a ficar mais cara para o consumidor.

2025 ainda é ano de alívio no açougue

Os dados mais recentes mostram que 2025 ainda ficou do lado favorável do consumidor. No acumulado de janeiro a novembro, os principais cortes nobres apresentaram queda de preços. A picanha recuou 0,63%, o filé mignon caiu 4,38% e o contrafilé registrou baixa de 1,07%, segundo o IPCA.

Na prática, isso significa que, em redes varejistas especializadas, o quilo da picanha pode ser encontrado a partir de cerca de R$ 60, enquanto o filé mignon parte de aproximadamente R$ 100. Esses valores, embora ainda elevados em termos absolutos, contrastam com os picos observados no passado recente.

Esse comportamento mais benigno, porém, começa a mostrar sinais de esgotamento. A estabilidade observada no varejo em 2025 já convive com pressões crescentes no campo, especialmente no preço do boi gordo pago aos pecuaristas.

A arroba do boi e os primeiros sinais de virada

Indicadores do mercado mostram que o ciclo do boi já começa a se mover em direção à fase de alta. Segundo dados do setor, a arroba do boi gordo encerrou o ano praticamente estável em reais, em torno de R$ 321. Em dólares, no entanto, a alta foi mais expressiva, com avanço de cerca de 13% ao longo do ano.

Esse movimento reflete, sobretudo, a força da demanda externa, que segue aquecida. Mesmo com custos mais elevados no campo, a carne brasileira continua competitiva no mercado internacional, o que sustenta as exportações e limita qualquer recuo mais intenso nos preços pagos ao produtor.

Para os frigoríficos, isso significa começar a lidar com custos maiores de aquisição do gado, ainda que as margens tenham sido parcialmente preservadas pela forte demanda global por proteína animal.

Exportações e o papel da China no ciclo do boi

Um fator que tornou o ciclo do boi mais complexo nos últimos anos foi o avanço das exportações, em especial para a China. O país asiático se consolidou como o principal comprador de carne bovina brasileira e passou a influenciar diretamente o perfil do gado abatido.

Para atender às exigências do mercado chinês, os frigoríficos passaram a priorizar animais mais jovens, com até 30 meses de idade, conhecidos como “boi China”. Em outros mercados, a idade média de abate costuma variar entre 36 e 48 meses.

Essa mudança alterou a dinâmica tradicional do ciclo, porque aumentou a pressão sobre determinadas categorias de animais antes mesmo de a escassez de boi ficar plenamente evidente. A demanda chinesa ajudou a sustentar os preços do boi mesmo em períodos em que, historicamente, eles tenderiam a cair mais.

Carne brasileira segue barata no mercado global

Apesar da alta gradual do boi no Brasil, a carne brasileira continua barata em comparação internacional. Enquanto a arroba no país gira entre US$ 50 e US$ 60, em mercados como Estados Unidos e partes da Ásia os valores superam US$ 130.

Quando se observa o preço por quilo, a diferença também é expressiva. No Brasil, a carne bovina custa em torno de US$ 3 por quilo, contra mais de US$ 4 no Uruguai e na Argentina e cerca de US$ 6 nos Estados Unidos. Essa defasagem reforça a atratividade das exportações e ajuda a explicar por que o ciclo do boi tende a pressionar o mercado doméstico sem comprometer a competitividade externa.

Como a alta chega ao consumidor

A transmissão do ciclo do boi para o açougue não acontece de forma imediata nem uniforme. Em geral, os primeiros cortes a sentir a pressão são aqueles derivados do dianteiro, amplamente usados na produção de carne moída e hambúrgueres. Esses produtos concentram grande volume de consumo tanto no mercado interno quanto nas exportações.

À medida que os preços do dianteiro se consolidam em níveis mais altos, o movimento se espalha gradualmente para os cortes do traseiro, como picanha, filé mignon e contrafilé. Esse processo explica por que o consumidor pode perceber uma alta lenta, mas constante, ao longo de vários meses.

Por que 2026 deve marcar a virada

A expectativa predominante é de que 2026 marque de forma mais clara a entrada do ciclo do boi em sua fase de baixa oferta. O início do período de retenção de fêmeas tende a reduzir o volume de gado disponível para abate, criando um ambiente estruturalmente mais favorável à alta de preços.

Um dos indicadores mais observados pelo mercado é justamente a participação de fêmeas no abate total. Nos últimos anos, o volume elevado de abate de vacas retardou a virada clássica do ciclo, mantendo os preços mais contidos, mesmo com exportações recordes e consumo interno firme.

Levantamentos oficiais do rebanho, que costumam ser divulgados no início do ano, devem trazer uma fotografia mais precisa sobre esse movimento e ajudar a calibrar as expectativas para 2026.

Riscos e fatores que podem moderar a alta

Embora a tendência de alta associada ao ciclo do boi seja amplamente reconhecida, alguns fatores podem influenciar sua intensidade. Uma desaceleração mais forte da economia brasileira poderia limitar o repasse de preços no varejo, dada a renda restrita das famílias.

Mudanças no câmbio também exercem papel relevante. Um real mais valorizado reduziria a atratividade das exportações, enquanto uma moeda mais fraca tende a reforçar a pressão sobre os preços internos. Além disso, eventuais decisões da China sobre restrições às importações, como salvaguardas ou cotas, seguem no radar do mercado.

Ainda assim, a avaliação dominante é de que esses fatores funcionam mais como moderadores de ritmo do que como gatilhos para uma reversão completa do movimento de alta.

Impacto sobre frango, suínos e ovos

O ciclo do boi não afeta apenas a carne bovina. Historicamente, quando a carne vermelha sobe, o consumidor migra para proteínas mais baratas, como frango, carne suína e ovos. Essa substituição tende a elevar também os preços dessas alternativas, ainda que dentro de limites impostos pela renda.

As projeções indicam crescimento contínuo do consumo de frango, que deve alcançar mais de 47 quilos por habitante em 2026. A carne suína segue trajetória semelhante, enquanto os ovos ganham espaço como proteína acessível, com consumo per capita em forte expansão.

Esse movimento reforça a ideia de que, embora o ciclo do boi pressione os preços da carne bovina, o mercado de proteínas como um todo se ajusta de forma interdependente.

O que esperar do açougue nos próximos anos

Caso a virada do ciclo do boi se confirme em 2026, o consumidor brasileiro não deve reviver o choque abrupto de preços observado no início da década, mas tende a enfrentar uma realidade conhecida: aumentos graduais, persistentes e difíceis de reverter.

A experiência mostra que, uma vez estabelecido um novo patamar de preços, a carne raramente retorna aos níveis anteriores. O ajuste acontece aos poucos, quase imperceptível mês a mês, mas se acumula ao longo do tempo.

Assim, mesmo com 2025 ainda oferecendo algum respiro, o horizonte de médio prazo aponta para uma carne bovina mais cara, impulsionada por fundamentos estruturais da pecuária e pela lógica inevitável do ciclo do boi.

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