Na ONU, Venezuela acusa EUA de extorsão e recebe apoio de China e Rússia em meio à escalada militar no Caribe
A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas realizada em 23 de dezembro de 2025 consolidou um novo capítulo da crescente tensão entre Venezuela e Estados Unidos. No centro do debate esteve a acusação formal feita por Caracas de que Washington estaria promovendo uma política de “extorsão” contra o país sul-americano, por meio de sanções econômicas, pressão diplomática e presença militar no Caribe. O discurso do embaixador venezuelano Samuel Moncada, ao denunciar o que classificou como a maior ameaça à soberania nacional nas últimas décadas, recebeu respaldo explícito de China e Rússia, elevando o tom do confronto no principal foro de segurança internacional.
A Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU em um momento de fragilidade econômica interna e de isolamento diplomático imposto pelas potências ocidentais. O episódio ocorre sob a gestão de Donald Trump, que intensificou o discurso contra o governo de Nicolás Maduro e reforçou medidas para bloquear a exportação de petróleo venezuelano, setor estratégico responsável pela maior parte das receitas externas do país.
Discurso venezuelano e acusação de violação do direito internacional
Durante a sessão, Samuel Moncada afirmou que os Estados Unidos atuam à margem das normas internacionais ao impor sanções unilaterais e ao ampliar sua presença militar na região do Caribe. Segundo o diplomata, a política americana equivale a uma tentativa explícita de forçar o colapso do Estado venezuelano, estimulando a saída em massa de cidadãos e a entrega das riquezas nacionais, em especial as reservas de petróleo, consideradas as maiores do mundo.
Ao sustentar que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU, Moncada buscou enquadrar a disputa no campo jurídico internacional, argumentando que as ações americanas ferem princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas, como a soberania dos Estados e a não intervenção em assuntos internos. O discurso foi construído com forte apelo político e histórico, resgatando episódios anteriores de embargos e intervenções estrangeiras na América Latina.
Apoio explícito de Rússia e China no Conselho de Segurança
O posicionamento venezuelano encontrou eco imediato entre aliados estratégicos. Rússia e China utilizaram seus assentos no Conselho de Segurança para criticar duramente a postura de Washington. O embaixador russo, Vassily Nebenzia, descreveu o bloqueio naval anunciado pelos Estados Unidos como uma “agressão flagrante”, ressaltando que sanções impostas sem aval do Conselho representam um risco à estabilidade internacional.
Para Moscou, a narrativa de que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU reflete um padrão recorrente de comportamento americano, caracterizado pelo unilateralismo e pelo uso do poder militar como instrumento de pressão política. A crítica russa também destacou os impactos humanitários das sanções, que, segundo o discurso, recaem diretamente sobre a população civil.
A China seguiu linha semelhante. O representante chinês afirmou que Pequim se opõe a qualquer forma de intimidação e reafirmou o apoio à soberania venezuelana. A fala reforçou a estratégia chinesa de defesa do multilateralismo e de contenção da influência americana em regiões consideradas estratégicas para seus interesses econômicos e geopolíticos.
A resposta dos Estados Unidos e a narrativa de segurança hemisférica
Em contraponto, o embaixador americano na ONU defendeu as ações de Washington, argumentando que os Estados Unidos agem para proteger a segurança do hemisfério e combater atividades ilícitas supostamente associadas ao governo venezuelano. A acusação de que Nicolás Maduro estaria ligado ao chamado Cartel de los Soles foi reiterada, assim como a justificativa de que o bloqueio naval visa impedir o financiamento de crimes transnacionais.
A Casa Branca elevou recentemente para 50 milhões de dólares a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro, gesto interpretado por analistas como um endurecimento simbólico da política externa americana. Nesse contexto, a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU enquanto Washington sustenta que age em nome da legalidade e da segurança regional, evidenciando o choque de narrativas que domina o debate internacional.
O papel do petróleo na disputa geopolítica
O petróleo ocupa posição central na crise. A Venezuela detém reservas comprovadas que superam as de qualquer outro país, mas enfrenta dificuldades para explorar e comercializar o recurso devido às sanções. O bloqueio aos navios petroleiros, anunciado pelos Estados Unidos, amplia o impacto econômico e aprofunda a crise fiscal venezuelana.
Ao afirmar que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU, o governo de Caracas sugere que a política americana busca controlar indiretamente o mercado energético e limitar a atuação de países considerados adversários estratégicos. Para Rússia e China, que possuem interesses diretos no setor energético venezuelano, o episódio também representa um teste sobre a capacidade de resistir à pressão americana e preservar acordos bilaterais.
Escalada militar no Caribe e riscos regionais
A presença de uma frota americana no Caribe desde agosto intensificou preocupações entre países da região. Embora os Estados Unidos aleguem que se trata de operações de monitoramento e combate ao narcotráfico, Caracas interpreta a movimentação como ameaça direta à sua soberania.
Especialistas em relações internacionais avaliam que a escalada militar eleva o risco de incidentes diplomáticos e militares, ainda que um confronto direto seja considerado improvável no curto prazo. A insistência de que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU funciona, nesse cenário, como estratégia para internacionalizar o conflito e buscar respaldo político fora do eixo ocidental.
Mediação da ONU e possibilidades diplomáticas
Antes do acirramento verbal entre as delegações, o vice-secretário-geral da ONU afirmou que o secretário-geral está disposto a apoiar esforços diplomáticos caso haja solicitação das partes. A declaração foi interpretada como tentativa de manter canais abertos de diálogo e evitar a deterioração completa das relações.
No entanto, observadores apontam que o Conselho de Segurança encontra-se dividido, com posições cristalizadas entre membros permanentes. A polarização dificulta a adoção de resoluções efetivas e limita o papel da ONU a um espaço de exposição de discursos, reforçando a percepção de que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU mais como gesto político do que como passo concreto rumo à mediação.
Impactos internos na Venezuela
Internamente, o discurso na ONU é utilizado pelo governo Maduro como instrumento de mobilização política. Ao denunciar a “extorsão”, Caracas busca reforçar a narrativa de resistência nacional frente a uma potência estrangeira, desviando o foco das dificuldades econômicas e sociais enfrentadas pela população.
A estratégia, contudo, tem eficácia limitada. Analistas apontam que, apesar do apoio de aliados internacionais, a crise econômica persiste e a dependência do petróleo continua sendo um fator de vulnerabilidade estrutural. Ainda assim, a exposição internacional do tema fortalece o argumento de que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU em defesa de sua soberania e de seu direito ao desenvolvimento.
Repercussão internacional e cenário futuro
A sessão do Conselho de Segurança repercutiu amplamente na imprensa internacional e reacendeu o debate sobre sanções unilaterais, direito internacional e o papel das grandes potências. Países não alinhados observam com cautela o desdobramento da crise, atentos ao precedente que pode ser criado caso ações coercitivas sem aval multilateral se tornem regra.
O futuro da relação entre Venezuela e Estados Unidos permanece incerto. Enquanto Washington mantém o discurso de pressão máxima, Caracas aposta na diplomacia multilateral e no apoio de parceiros estratégicos. A constatação de que a Venezuela acusa EUA de extorsão na ONU resume um embate mais amplo sobre poder, soberania e influência no sistema internacional contemporâneo.






