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Tancredo Neves: o presidente que mudou o Brasil sem tomar posse

09/05/2025
em Gente, Destaque, News, Política
Tancredo Neves - Gazeta Mercantil

Tancredo Neves: o presidente que mudou o Brasil sem tomar posse

O legado de Tancredo Neves 40 anos após sua morte

Em 21 de abril de 1985, o Brasil perdia Tancredo Neves, o primeiro civil eleito presidente da República após 21 anos de regime militar. Internado na véspera da posse, ele não chegou a governar, mas se tornou um dos personagens mais emblemáticos da redemocratização brasileira. Quatro décadas depois, o legado de Tancredo continua vivo como símbolo de transição pacífica, diálogo político e reconstrução democrática.

Tancredo Neves não precisou assumir o cargo de presidente para marcar seu nome na história do Brasil. Sua articulação política foi fundamental para o fim da ditadura militar (1964–1985) e para a reconquista das liberdades democráticas no país. Relembre neste especial os principais momentos da trajetória do político mineiro, sua atuação estratégica nos bastidores do poder e a importância de sua figura para a consolidação da democracia brasileira.


A trajetória política de Tancredo Neves: da vereança ao topo do poder

Nascido em 4 de março de 1910, em São João del-Rei, Minas Gerais, Tancredo de Almeida Neves cresceu em uma família influente, formada por comerciantes, militares e políticos. Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), iniciou a carreira política como vereador em 1935. Rapidamente ascendeu, tornando-se deputado estadual, federal e, mais tarde, ministro da Justiça no governo de Getúlio Vargas (1951–1954).

A morte de Vargas, em 1954, foi presenciada por Tancredo no Palácio do Catete. O episódio marcou profundamente sua vida pública e reforçou sua aversão a rupturas violentas na política nacional.

Durante o regime parlamentarista instaurado após a crise da renúncia de Jânio Quadros, Tancredo foi nomeado primeiro-ministro de João Goulart, cargo que ocupou de setembro de 1961 a junho de 1962. Esta foi a mais alta posição que exerceu antes de ser eleito presidente pelo colégio eleitoral, em 1985.


A ditadura militar e o papel moderador de Tancredo

Com o golpe militar de 1964, Tancredo passou a atuar como oposição moderada ao regime. Filiado ao MDB, partido permitido pela ditadura para simbolizar o “pluralismo político”, Tancredo soube navegar pelas águas turbulentas do autoritarismo. Ao contrário de figuras que optaram pela resistência armada, ele acreditava na força do diálogo e na negociação política para restaurar a democracia.

Em um dos momentos mais simbólicos da sua atuação contra o regime, Tancredo protestou veementemente no Congresso quando o presidente do Senado declarou vaga a Presidência da República, apesar de João Goulart ainda estar em solo brasileiro. Aos gritos de “canalha”, Tancredo denunciava o que seria consolidado como o golpe de 1964.

Mesmo sem jamais integrar os grupos de esquerda mais radicais, foi respeitado por vários setores por sua integridade, coerência e defesa incansável da democracia.


O apoio às Diretas Já e a estratégia para a redemocratização

Na década de 1980, o movimento Diretas Já mobilizou o país. Milhões de brasileiros foram às ruas para exigir eleições diretas para a presidência. Tancredo apoiou a causa, mas foi realista ao entender que a vitória da emenda Dante de Oliveira, que propunha o voto direto, era improvável no Congresso dominado por aliados da ditadura.

Tancredo, então governador de Minas Gerais, articulou uma solução política possível: a vitória no colégio eleitoral. Em seus discursos, afirmava que a campanha das diretas era “lírico” mas necessária, e que o momento pedia pragmatismo.

Sua candidatura foi resultado de uma ampla aliança democrática, reunindo antigos opositores e até ex-aliados do regime. Com o apoio de Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, e outros líderes do PMDB, sua candidatura foi consolidada. Para atrair setores militares e conservadores, José Sarney, oriundo do PDS (partido governista), foi indicado como vice-presidente.


A vitória no colégio eleitoral e a comoção nacional

Em 15 de janeiro de 1985, o colégio eleitoral composto por deputados, senadores e delegados estaduais deu a Tancredo 480 votos contra 180 de Paulo Maluf, o candidato da ditadura. Com o slogan “Muda Brasil. Tancredo Já!”, o mineiro comemorou a vitória ao lado da esposa Risoleta.

No entanto, a alegria nacional foi interrompida por uma tragédia. Na véspera da posse, Tancredo sentiu fortes dores abdominais e foi internado às pressas. O Brasil assistiu, perplexo, a um drama de 39 dias, com sete cirurgias e boletins médicos acompanhados com ansiedade.

Na noite de 21 de abril de 1985, às 22h23, o porta-voz Antônio Britto anunciou, em cadeia nacional, o falecimento do presidente eleito. O país mergulhou em luto e comoção.


José Sarney assume a presidência e conclui a missão de Tancredo

Com a morte de Tancredo, o vice-presidente eleito, José Sarney, assumiu o cargo. Ex-aliado da ditadura, Sarney teve a responsabilidade de concluir a missão de seu companheiro de chapa: restaurar plenamente o regime democrático.

Entre suas principais ações esteve a convocação da Assembleia Constituinte que resultou na promulgação da Constituição de 1988 – conhecida como “Constituição Cidadã”. Em 1990, Sarney entregou o poder a Fernando Collor, o primeiro presidente eleito por voto direto desde Jânio Quadros.

A missão de Tancredo, embora interrompida tragicamente, foi cumprida: o poder havia voltado às mãos do povo.


Tancredo Neves: o fiador da democracia

Tancredo Neves é reconhecido como o “fiador da redemocratização” no Brasil. Ele encarnou uma política baseada na conciliação, no diálogo entre diferentes e na construção de pontes. Em tempos de polarização, seu exemplo ainda ressoa como um chamado à moderação e à busca de consensos.

O ex-porta-voz Antônio Britto afirma que, 40 anos após sua morte, o Brasil ainda precisa aprender a lição deixada por Tancredo: “Política é o exercício do diálogo. E o diálogo é necessário quando se faz entre quem pensa diferente”.

Para o historiador Antônio Barbosa, Tancredo representa o autêntico liberal e democrata: “Não foi a luta armada, nem o radicalismo que encerrou a ditadura. Foi a negociação política.”


Homenagens e memória

Quatro décadas após sua morte, o nome de Tancredo Neves permanece vivo em ruas, escolas, hospitais e monumentos espalhados pelo Brasil. Sua cidade natal, São João del-Rei, mantém viva sua memória por meio de centros culturais, memoriais e cerimônias anuais.

Tancredo Neves provou que é possível transformar a história sem empunhar armas ou recorrer ao autoritarismo. Sua biografia ensina que política é a arte do possível – e que, mesmo diante dos obstáculos mais dramáticos, a democracia pode vencer.

Tancredo Neves entrou para a história do Brasil como o presidente que não tomou posse, mas transformou o país. Com uma carreira política construída com base em diálogo, moderação e estratégia, ele foi a peça-chave para a redemocratização após duas décadas de repressão.

Em tempos de crises políticas e polarizações, revisitar o legado de Tancredo Neves é mais do que uma homenagem: é um convite à reflexão sobre o que realmente fortalece uma nação.

Tancredo Neves: o presidente que mudou o Brasil sem tomar posse

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