Ambipar (AMBP3) dispara 30% em meio à expectativa de pedido de recuperação judicial
A semana começou agitada na B3 com a forte valorização das ações da Ambipar (AMBP3), que saltaram cerca de 30% nesta segunda-feira (20). O movimento reflete a crescente expectativa do mercado em torno da possibilidade de a companhia formalizar um pedido de recuperação judicial nos próximos dias. O prazo para que a empresa protocole o pedido começou a correr hoje, após o vencimento próximo da medida cautelar que a vinha protegendo temporariamente contra cobranças de credores.
Contexto da crise e as dificuldades da Ambipar
A Ambipar, grupo brasileiro com atuação global no setor ambiental e de gestão de resíduos, enfrenta um dos momentos mais delicados de sua trajetória recente. O vencimento da proteção judicial acendeu o alerta entre investidores e credores, que aguardam um desfecho para as negociações de reestruturação da dívida.
A empresa vinha tentando evitar o caminho judicial por meio de uma recuperação extrajudicial, modelo mais ágil e menos oneroso, mas as tratativas com alguns bancos não avançaram. Diante do impasse, a possibilidade de um pedido de recuperação judicial da Ambipar tornou-se o cenário mais provável.
Contratação da FTI Consulting e busca por transparência financeira
Na última sexta-feira (17), a Ambipar anunciou a contratação da consultoria internacional FTI Consulting, especializada em reestruturações corporativas, para realizar um diagnóstico detalhado da situação de caixa e das obrigações financeiras do grupo. O levantamento tem o objetivo de identificar possíveis alternativas antes da formalização do pedido de recuperação judicial da Ambipar.
Esse movimento é interpretado pelo mercado como uma tentativa da empresa de reorganizar suas finanças e demonstrar transparência ao mercado e às autoridades regulatórias.
Investidores divididos e aumento das apostas na queda
Apesar da alta expressiva das ações da Ambipar nesta segunda-feira, o sentimento entre os investidores continua predominantemente negativo. O fluxo de aluguel de papéis — um dos indicadores de apostas na desvalorização de um ativo — subiu mais de 30% em relação à última sexta-feira, atingindo uma taxa impressionante de 432%, segundo relatório da Ativa Investimentos.
A Ambipar mantém a liderança nas taxas de aluguel da B3 desde 20 de setembro, data próxima à abertura de um processo administrativo sancionador pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A investigação busca apurar possíveis irregularidades na recompra de ações pela companhia, o que ampliou a desconfiança do mercado sobre sua governança.
Ambipar acumula perdas próximas de 100% no mês
Mesmo com o alívio pontual desta segunda-feira, o desempenho acumulado da Ambipar (AMBP3) no último mês é dramático. As ações desabaram quase 100%, reduzindo o preço dos papéis a níveis de centavos. Esse movimento reflete a perda de confiança dos investidores e a deterioração das perspectivas financeiras da empresa.
Enquanto isso, o Ibovespa registra alta mais moderada, de 1,09%, alcançando 144.965 pontos — mostrando que a valorização da Ambipar é pontual e diretamente ligada às especulações sobre o pedido de recuperação judicial.
O que esperar da recuperação judicial da Ambipar
Caso a Ambipar confirme o protocolo da recuperação judicial, o processo deve envolver a apresentação de um plano de reestruturação que contemple o pagamento dos credores, ajustes operacionais e eventual venda de ativos. O objetivo principal é garantir a continuidade das operações e preservar empregos, enquanto a companhia tenta reorganizar seu passivo bilionário.
Especialistas avaliam que o sucesso do processo dependerá da capacidade da Ambipar de demonstrar viabilidade financeira e recuperar a confiança do mercado. A presença da FTI Consulting é vista como um ponto positivo nesse sentido, já que a consultoria possui histórico sólido em processos de recuperação judicial de grandes empresas no Brasil e no exterior.
Impactos no mercado e próximos passos
A expectativa de recuperação judicial da Ambipar também afeta diretamente o comportamento dos investidores institucionais. Fundos e bancos que possuem exposição à empresa devem revisar suas carteiras para avaliar o risco de crédito. A possível judicialização das dívidas pode ainda impactar os índices de sustentabilidade corporativa e ESG, já que a Ambipar é referência no segmento ambiental.
No curto prazo, o mercado continuará acompanhando o cronograma do processo e o posicionamento oficial da companhia. O prazo da medida cautelar que impede cobranças de credores termina no fim da próxima semana — o que torna os próximos dias decisivos para o futuro da empresa.
O desafio da Ambipar em reconquistar o mercado
O caso da recuperação judicial da Ambipar é um retrato dos desafios enfrentados por companhias altamente alavancadas em um cenário de juros elevados e crédito restrito. Embora o salto de 30% nas ações tenha trazido um breve respiro, a confiança dos investidores ainda está abalada.
A trajetória da empresa nos próximos meses dependerá da transparência do processo de reestruturação, da eficácia do plano de recuperação e da capacidade de retomar o crescimento sustentável. Caso consiga atravessar essa fase crítica, a Ambipar poderá não apenas equilibrar suas finanças, mas também reposicionar sua imagem como referência em sustentabilidade corporativa no Brasil e no exterior.






