Robô que lava e passa roupas: tudo sobre o NEO, o humanoide doméstico que marca o início da era da IA física
O robô que lava e passa roupas já é realidade — ou quase. O modelo NEO, desenvolvido pela empresa norueguesa 1X Robotics, promete ser o primeiro robô humanoide doméstico do mundo capaz de realizar tarefas cotidianas como dobrar roupas, organizar objetos e até apagar luzes. Sua chegada ao mercado, prevista para 2026, representa um marco histórico no avanço da inteligência artificial física, um conceito que une aprendizado de máquina e robótica aplicada à vida real.
Mas será que esse robô doméstico é realmente tudo isso que promete? E, principalmente, ele é seguro e funcional o suficiente para substituir o trabalho humano dentro de casa? A seguir, a Gazeta Mercantil apresenta uma análise completa sobre o NEO, seu funcionamento, preço, vantagens, limitações e o impacto dessa inovação no futuro da automação residencial.
O que é o NEO e como surgiu o robô que lava e passa roupas
O NEO é um robô humanoide desenvolvido pela 1X Robotics, empresa conhecida por criar sistemas robóticos de segurança e logística. O novo modelo é o primeiro projeto voltado ao ambiente doméstico, concebido para realizar tarefas do cotidiano com aparência e gestos inspirados no corpo humano.
Medindo 1,68 metro de altura e pesando cerca de 30 quilos, o robô foi projetado para se mover de forma natural e executar comandos como dobrar roupas, abrir portas, buscar objetos, organizar ambientes e apagar luzes. O diferencial está em seu sistema de motores com tendões (tendon drive), inspirado na anatomia humana, que garante movimentos suaves e precisos.
Embora seja frequentemente chamado de “robô que lava e passa roupas”, o NEO ainda não executa a lavagem completa — seu foco está na organização e manipulação de peças. Porém, a tecnologia embarcada indica que as futuras versões poderão incluir funções mais complexas, como o manuseio de máquinas de lavar e secadoras integradas via IA doméstica.
Quanto custa o NEO e onde ele será vendido
O NEO chega ao mercado com valor de pré-venda de US$ 20 mil (aproximadamente R$ 110 mil). Para quem preferir evitar a compra integral, há um modelo de assinatura mensal de US$ 499, que permite o uso do robô sem aquisição definitiva.
Por enquanto, a venda está restrita a países da América do Norte e Europa, com previsão de expansão para a América Latina — incluindo o Brasil — em 2027.
A 1X Robotics comercializa o produto exclusivamente em seu site oficial e não possui, por enquanto, operação de suporte técnico no Brasil. Isso significa que um comprador brasileiro teria de arcar com custos de importação, transporte e manutenção, tornando o preço final ainda mais elevado.
A empresa, entretanto, afirma que a América do Sul está entre os mercados prioritários de expansão e que o robô que lava e passa roupas deve chegar com suporte e versões adaptadas à realidade local em breve.

Como funciona o robô doméstico da 1X Robotics
O NEO funciona com base em um sistema híbrido de autonomia parcial e tele-operação. Em outras palavras, ele pode agir sozinho em tarefas simples, mas ainda depende de supervisão humana para ações complexas ou imprevistas.
O robô utiliza sensores, câmeras 3D e algoritmos de visão computacional para mapear o ambiente, reconhecer objetos e evitar colisões. Sua bateria tem autonomia de até quatro horas, e ele retorna automaticamente à base de recarga quando necessário.
Além do modo autônomo, o NEO pode ser operado remotamente por um humano — uma função que também serve como aprendizado de máquina. Ou seja, cada comando executado ensina o robô a lidar melhor com o ambiente, tornando-o mais eficiente com o tempo.
O NEO é realmente autônomo?
Ainda não completamente. Apesar de possuir modelos avançados de inteligência artificial embarcada, o robô que lava e passa roupas ainda requer supervisão em situações inéditas, como lidar com tecidos sensíveis, objetos frágeis ou ambientes desorganizados.
O princípio é similar ao dos carros autônomos em fase de testes: o robô consegue operar sozinho em cenários conhecidos, mas precisa de intervenção humana diante de imprevistos.
Com o avanço da IA generativa e do aprendizado de reforço, espera-se que o NEO se torne progressivamente mais independente, tornando-se, de fato, um assistente doméstico autônomo até o final da década.
Segurança física e digital: é seguro ter o NEO em casa?
A 1X Robotics afirma que o NEO possui múltiplas camadas de segurança física e digital. O corpo do robô é revestido por materiais macios, e seus sensores de força limitam a potência dos movimentos, evitando acidentes.
No entanto, especialistas em cibersegurança alertam para riscos potenciais: como o robô precisa de conexão constante à internet para funcionar e atualizar seus modelos de IA, há risco de transmissão de imagens e sons da casa para servidores remotos.
A possibilidade de tele-operação humana também levanta debates sobre privacidade e vigilância doméstica, já que operadores externos podem ter acesso a ambientes internos.
Para o uso seguro, a recomendação é que o robô opere apenas em redes protegidas e que o usuário monitore suas atividades por meio dos relatórios de interação fornecidos pelo sistema.
O robô que lava e passa roupas pode substituir trabalhadores domésticos?
Por enquanto, não. o NEO ainda é caro e limitado, o que o torna inviável como substituto do trabalho humano. No entanto, seu lançamento reacende o debate sobre o impacto da automação na empregabilidade doméstica.
Em países como o Brasil, onde há grande número de profissionais dedicados à limpeza e organização, a popularização de robôs domésticos poderia, a longo prazo, reduzir oportunidades de trabalho manual.
Por outro lado, especialistas em tecnologia argumentam que essa transição criará novas funções em manutenção, programação e supervisão de robôs, além de ampliar o acesso a serviços automatizados para pessoas com mobilidade reduzida ou limitações físicas.
Limitações atuais do NEO
Apesar do apelo futurista, o robô que lava e passa roupas ainda tem limitações consideráveis:
-
Não cozinha nem manipula líquidos quentes, o que impede o uso em cozinhas;
-
Não opera em áreas externas ou sob chuva;
-
Requer supervisão constante, pois pode falhar ao lidar com tecidos delicados;
-
Bateria de curta duração para uso contínuo;
-
Custo elevado, restrito a consumidores de alta renda.
Esses fatores fazem com que o NEO, por enquanto, seja mais uma vitrine tecnológica do que uma solução doméstica definitiva.
Por que o NEO marca o início da era da IA física
Especialistas em tecnologia, como Sam Altman (OpenAI) e Jensen Huang (Nvidia), afirmam que o ano de 2026 será o início da “era da IA física” — um período em que a inteligência artificial sairá das telas e ocupará o espaço físico.
O NEO é o primeiro exemplo prático dessa transição. Diferente de assistentes virtuais como Alexa ou Google Assistant, que operam no ambiente digital, ele representa uma IA com corpo físico, sensores e interação direta com o mundo real.
Essa evolução marca uma mudança profunda na relação entre humanos e máquinas, aproximando a tecnologia da ficção científica e redefinindo o conceito de trabalho doméstico automatizado.
Vale a pena investir em um robô doméstico em 2025?
A resposta depende do perfil do consumidor. Para entusiastas de tecnologia e early adopters, o investimento pode valer a pena como forma de vivenciar em primeira mão o futuro da automação residencial.
Entretanto, para o público em geral, o custo elevado e a limitação de funções ainda tornam o robô que lava e passa roupas um produto de demonstração tecnológica — não uma necessidade cotidiana.
Nos próximos anos, com a evolução da IA e a entrada de novos concorrentes, é provável que o preço caia e o desempenho melhore significativamente. Assim como aconteceu com smartphones e eletrodomésticos inteligentes, o acesso tende a se expandir rapidamente.
O futuro chegou — e ele dobra suas roupas
O NEO não é apenas um robô que lava e passa roupas; é o símbolo do início de uma nova era em que a inteligência artificial ganha corpo, aprende com o ambiente e interage com humanos de forma natural.
Apesar de suas limitações iniciais, o projeto da 1X Robotics demonstra o potencial da IA física para transformar o cotidiano, reduzindo tarefas repetitivas e oferecendo mais conforto e tempo livre aos usuários.
O futuro dos lares inteligentes começa com iniciativas como essa — e, em poucos anos, pode ser comum abrir a porta de casa e dar bom dia ao seu próprio robô ajudante.






