Cassação de Carla Zambelli avança na Câmara após decisão do STF e pressão política
A cassação de Carla Zambelli (PL-SP) ganha novos desdobramentos após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o pedido de cumprimento da ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina a perda de seu mandato. O processo, que até então estava paralisado, foi retomado em meio à pressão de parlamentares bolsonaristas e à intensificação da crise política no Congresso.
A decisão representa um marco significativo no cenário político brasileiro e reacende o debate sobre os limites da atuação parlamentar, a força das instituições e os impactos da polarização nas decisões legislativas.
Entenda o caso de Carla Zambelli
Carla Zambelli, deputada federal eleita por São Paulo, está licenciada do cargo e foi condenada pelo STF por envolvimento em episódios que afrontam a democracia e o Estado de Direito. A corte máxima determinou a cassação de seu mandato e emitiu um mandado de prisão preventiva contra a parlamentar.
A condenação se deu após investigação que apontou a atuação direta da deputada em ações que violaram princípios constitucionais. Mesmo licenciada, Zambelli continuava tendo prerrogativas parlamentares até a efetiva cassação de seu mandato, o que causava desconforto em parte da base governista e também entre alguns de seus próprios aliados.
Decisão da Câmara marca virada no processo
Hugo Motta, presidente da Câmara, inicialmente hesitou em dar seguimento ao processo de cassação. No entanto, diante da forte pressão de parlamentares bolsonaristas — que buscam uma definição institucional e alegam perseguição política contra Zambelli — Motta recuou e decidiu enviar a decisão do STF à CCJ, etapa necessária para formalizar o processo na Casa.
Esse gesto sinaliza que o Legislativo não pretende mais ignorar a deliberação do Judiciário e pode acelerar o trâmite que levará à votação final em plenário, que decidirá, em última instância, se Carla Zambelli perderá ou não o mandato de forma definitiva.
Função da CCJ e próximos passos
A Comissão de Constituição e Justiça é responsável por avaliar a legalidade e constitucionalidade de processos que envolvem parlamentares. Ao receber a decisão do STF, a CCJ deve analisar o mérito da cassação e emitir um parecer técnico, que posteriormente será encaminhado ao plenário da Câmara.
O relatório deverá considerar tanto os argumentos da defesa de Zambelli quanto os fundamentos legais apresentados pelo Supremo. Uma vez aprovado pela CCJ, o caso segue para votação nominal entre os deputados, sendo necessária maioria absoluta (ou seja, pelo menos 257 votos) para confirmar a cassação do mandato.
Pressão política e polarização ideológica
A retomada do processo contra Carla Zambelli reflete também o acirramento da polarização política que marca a atual legislatura. Aliada fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro, Zambelli tornou-se figura central do bolsonarismo na Câmara. Sua cassação é interpretada por muitos como uma retaliação judicial ao grupo político de direita.
Parlamentares da base bolsonarista acusam o STF de ultrapassar os limites de sua competência constitucional ao interferir diretamente no Legislativo. Por outro lado, setores progressistas defendem o cumprimento rigoroso da decisão judicial, argumentando que ninguém está acima da lei — mesmo os detentores de mandato eletivo.
Impactos institucionais da cassação
A cassação de Carla Zambelli, caso concretizada, terá desdobramentos importantes para o equilíbrio entre os Poderes da República. Ao mesmo tempo em que reforça a autoridade do Supremo Tribunal Federal, expõe a fragilidade da Câmara em situações que exigem decisões de alto impacto político e institucional.
Além disso, a perda do mandato poderá abrir espaço para que novos processos contra parlamentares com histórico de envolvimento em atos antidemocráticos avancem. Isso poderá gerar um efeito cascata dentro da Câmara e contribuir para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito no país.
Zambelli e o bolsonarismo em xeque
Desde sua eleição, Carla Zambelli construiu uma imagem de defensora ferrenha do bolsonarismo. Participou de atos polêmicos, embates com ministros do STF e chegou a protagonizar cenas públicas de confronto. Sua eventual cassação seria um duro golpe para a ala mais radical do movimento político de direita no Brasil.
A situação expõe o desgaste do grupo bolsonarista, que enfrenta sucessivas investigações, condenações e perdas de espaço no cenário político. A defesa de Zambelli promete acionar recursos e estratégias para barrar a decisão, mas os sinais indicam que o caminho para a perda do mandato está cada vez mais consolidado.
Desdobramentos jurídicos e expectativa da oposição
Juristas avaliam que a decisão do STF é amparada na Constituição e que o Congresso tem a obrigação legal de cumpri-la. Para a oposição, a cassação de Carla Zambelli representa uma oportunidade de reorganizar o debate político e eliminar figuras associadas à radicalização.
Enquanto isso, parte da sociedade civil acompanha com atenção o processo, que poderá servir como precedente para outras ações semelhantes envolvendo parlamentares envolvidos em ataques às instituições.
Efeito dominó entre deputados investigados
A situação de Zambelli pode abrir precedente para investigações semelhantes atingirem outros deputados. Nos bastidores do Congresso, já se especula sobre possíveis novos processos de cassação envolvendo parlamentares da base bolsonarista. A movimentação também pressiona o presidente da Câmara a adotar posturas mais firmes diante das determinações judiciais, especialmente em casos com grande repercussão pública.
Crise política e papel do Congresso
A cassação de Carla Zambelli é mais do que um caso isolado: representa um teste de fogo para a democracia brasileira. O episódio envolve a tensão entre os Poderes, a legitimidade das decisões judiciais e a resposta institucional do Congresso diante de crimes de responsabilidade.
O avanço do processo pode marcar uma nova fase na relação entre Legislativo e Judiciário e sinalizar que os tempos de impunidade estão com os dias contados. A sociedade, por sua vez, espera por coerência, responsabilidade e firmeza no enfrentamento de atitudes que afrontem os pilares da República.






