Câmara aprova projeto para endurecer punições por crimes sexuais contra crianças nas redes sociais
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que endurece as penas para crimes sexuais contra crianças nas redes sociais e em aplicativos de comunicação. A proposta, apresentada em um momento de crescente debate sobre a adultização de menores no ambiente digital, ganhou força após ampla repercussão de denúncias e investigações que expuseram como conteúdos prejudiciais chegam ao público infantil por meio de algoritmos e influenciadores.
O que prevê o projeto aprovado
A proposição aprovada é de autoria da ex-deputada federal Shéridan (sem partido-RR) e estabelece pena de um a três anos de prisão para quem facilitar o acesso de menores a conteúdo pornográfico ou assediá-los com o objetivo de exibição sexualmente explícita.
O texto prevê ainda que, se o crime for cometido por meio de aplicativos de comunicação via internet, a pena será aumentada em um terço. A relatoria ficou com a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), que destacou a urgência de medidas que coíbam a exploração sexual e protejam crianças e adolescentes no ambiente virtual.
Contexto do debate e influência de denúncias
O tema ganhou repercussão nacional após o youtuber Felca divulgar um vídeo com mais de 35 milhões de visualizações, compilando denúncias sobre influenciadores que exploram a imagem de menores. O conteúdo revelou como algoritmos de redes sociais podem facilitar o acesso de pedófilos a materiais envolvendo crianças e adolescentes. Especialistas em psicologia e segurança digital também alertaram para os riscos dessa exposição precoce e da chamada adultização infantil.
Plataforma digital e dever de cooperação com autoridades
O presidente da CCJ, deputado Paulo Azi (União-BA), ressaltou que a aprovação do projeto é uma resposta à gravidade da situação e que o Legislativo precisa fortalecer o arcabouço legal para impedir práticas criminosas contra menores nas redes sociais.
Além do texto principal aprovado, uma segunda proposta também foi debatida: o projeto do deputado Fred Costa (PRD-MG), que autoriza delegados de polícia e membros do Ministério Público a requisitar diretamente às plataformas digitais e meios de comunicação dados e informações relevantes para investigações de crimes sexuais contra crianças, sem a necessidade de autorização judicial.
Alterações e retirada de pauta
Essa segunda proposta acabou sendo retirada de pauta na sessão desta quarta-feira devido à ausência do relator, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). No entanto, o parlamentar já havia sugerido ajustes para limitar quais informações poderiam ser solicitadas e a quem.
O texto alterado prevê que empresas privadas e órgãos públicos deverão responder às solicitações em até dez dias. O descumprimento, atraso ou omissão poderá acarretar pena de um a três anos de prisão para crimes dolosos e de três meses a um ano para crimes culposos.
Relevância da atualização legislativa
A aprovação pela CCJ representa um avanço no combate aos crimes sexuais contra crianças nas redes sociais, criando mecanismos mais rígidos de punição e ampliando a atuação das autoridades. Com o crescimento do uso de plataformas digitais por crianças e adolescentes, especialistas apontam que medidas como essas são essenciais para inibir crimes de exploração, aliciamento e abuso online.
O próximo passo será a análise do projeto pelo Plenário da Câmara, onde poderá receber novas emendas antes de seguir para o Senado.
O desafio da proteção infantil no ambiente digital
O avanço da tecnologia e a popularização de redes sociais trouxeram novas formas de interação, mas também abriram espaço para crimes virtuais mais sofisticados. O aliciamento de menores pode ocorrer de maneira silenciosa, por meio de mensagens privadas, comunidades fechadas e transmissões ao vivo.
A proteção digital de crianças e adolescentes envolve não apenas legislação, mas também a responsabilidade das plataformas em identificar e remover conteúdos suspeitos, além do fortalecimento de campanhas educativas para pais, responsáveis e jovens.
Pressão da opinião pública e papel da sociedade
A mobilização social em torno da pauta foi determinante para acelerar a tramitação da proposta. Denúncias em vídeos, reportagens investigativas e manifestações públicas cobraram respostas rápidas do Congresso Nacional. A pressão por políticas mais rígidas reflete o entendimento de que o ambiente online precisa ser seguro para menores e que crimes sexuais contra crianças nas redes sociais devem receber tratamento prioritário nas investigações.
Expectativas e próximos passos
Com a votação favorável na CCJ, há expectativa de que o texto seja apreciado pelo Plenário ainda neste semestre. Caso aprovado, seguirá para o Senado e, posteriormente, para sanção presidencial. Parlamentares ligados à pauta da infância e juventude indicam que poderão propor novas medidas complementares, como:
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Reforço da obrigatoriedade de verificação de idade em plataformas de conteúdo.
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Criação de canais rápidos de denúncia com integração entre polícias, Ministério Público e empresas de tecnologia.
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Estabelecimento de penas mais severas para reincidência em crimes virtuais contra menores.
Enquanto o processo legislativo avança, a sociedade civil e organizações de proteção à infância continuam mobilizadas, monitorando a aplicação da lei e cobrando resultados efetivos no combate à exploração sexual online.






