Dívida Pública Bruta do Brasil Sobe a 78,1% do PIB em Setembro e Acende Alerta Fiscal
A dívida pública bruta do Brasil voltou a crescer em setembro, alcançando 78,1% do PIB, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). O aumento em relação aos 77,5% registrados em agosto reforça a preocupação com a trajetória fiscal do país, em um momento de maior vigilância dos investidores sobre a sustentabilidade das contas públicas.
O resultado foi acompanhado de um déficit primário de R$ 17,45 bilhões no setor público consolidado, em linha com as projeções de mercado. O dado, embora esperado, mantém o alerta sobre a dificuldade do governo em equilibrar receitas e despesas diante de um cenário de baixo crescimento e forte pressão por gastos.
A deterioração fiscal ocorre em meio à desaceleração da atividade econômica e à lentidão na implementação de medidas para aumento de arrecadação — fatores que dificultam o cumprimento das metas fiscais estabelecidas para o ano.
Alta da dívida pública bruta do Brasil reforça desafio fiscal
O avanço da dívida pública bruta do Brasil reflete a combinação de déficit primário e juros elevados. Com a taxa Selic ainda em 10,75% ao ano, o custo de rolagem da dívida segue alto, impactando diretamente o resultado nominal das contas públicas.
Em setembro, a dívida líquida do setor público também subiu, passando de 64,2% para 64,8% do PIB, indicando uma tendência de piora contínua na dinâmica fiscal. Segundo economistas, essa trajetória é consequência de uma política fiscal expansionista que ainda não apresentou contrapartidas suficientes em termos de arrecadação ou controle de despesas obrigatórias.
O setor público consolidado — que inclui governo federal, Estados, municípios e estatais — fechou o mês com déficit primário de R$ 17,452 bilhões, resultado que evidencia a pressão sobre as contas regionais.
Detalhamento dos números: governo central lidera o déficit
O governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central) foi o principal responsável pelo resultado negativo, com rombo de R$ 14,944 bilhões.
Os Estados e municípios também contribuíram para o saldo negativo, registrando déficit de R$ 3,504 bilhões. Já as empresas estatais, por outro lado, apresentaram superávit de R$ 996 milhões, o que amenizou parcialmente o impacto no resultado consolidado.
Apesar do superávit das estatais, o quadro fiscal continua pressionado pela rigidez orçamentária, especialmente nas despesas com previdência, funcionalismo público e subsídios, que consomem uma parcela cada vez maior do orçamento federal.
Dívida pública bruta do Brasil e a preocupação com o arcabouço fiscal
A elevação da dívida pública bruta do Brasil reacende o debate sobre a eficácia do arcabouço fiscal, aprovado pelo Congresso em 2023 com o objetivo de substituir o antigo teto de gastos.
O novo regime prevê metas para o resultado primário e um limite para o crescimento das despesas públicas, atrelado ao aumento das receitas. No entanto, a dificuldade do governo em elevar a arrecadação tem colocado as metas fiscais em xeque.
Com a arrecadação estagnada e a pressão por gastos sociais e investimentos, o déficit primário acumulado tende a se ampliar, elevando a relação dívida/PIB e comprometendo a credibilidade do ajuste fiscal.
Analistas alertam que, caso não haja um esforço concreto para conter despesas ou ampliar receitas, a dívida pode ultrapassar 80% do PIB em 2026, o que colocaria o Brasil novamente sob risco de rebaixamento de nota de crédito por agências internacionais.
Contexto internacional: juros altos e restrição fiscal global
A deterioração fiscal brasileira ocorre em um contexto global de juros elevados e redução de liquidez internacional. Com o Federal Reserve (Fed) mantendo as taxas de juros nos Estados Unidos em patamar elevado, os países emergentes enfrentam mais dificuldade para atrair capital externo.
Essa situação torna a dívida pública bruta do Brasil ainda mais sensível, já que o custo de financiamento aumenta e o espaço fiscal para estímulos econômicos se reduz.
Além disso, o aumento da percepção de risco fiscal pode afetar o câmbio e a inflação, levando o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa na política monetária — o que limita o ritmo de cortes na Selic e encarece ainda mais o custo da dívida.
Dívida líquida e superávit das estatais: alívio temporário
Embora a dívida líquida do setor público tenha subido para 64,8% do PIB, a trajetória ainda é considerada menos preocupante do que a dívida bruta, pois leva em conta ativos do governo. No entanto, o aumento contínuo indica que a folga fiscal vem se reduzindo gradualmente.
O superávit das estatais, de R$ 996 milhões, ajudou a suavizar o déficit total, mostrando que empresas públicas mantêm gestão mais equilibrada do que o governo central.
Ainda assim, esse resultado positivo das estatais é pontual e não altera a tendência estrutural de elevação da dívida.
Ritmo de crescimento da dívida preocupa economistas
O avanço de 0,6 ponto percentual da dívida pública bruta em apenas um mês é considerado expressivo. Em termos nominais, o aumento representa dezenas de bilhões de reais adicionados ao estoque total da dívida.
Economistas destacam que a combinação de déficit primário, juros altos e baixo crescimento econômico cria um ambiente fiscal delicado.
Se a economia brasileira crescer menos de 2% em 2025, o governo precisará gerar superávits primários mais robustos para estabilizar a dívida pública bruta do Brasil. Caso contrário, o endividamento seguirá em trajetória ascendente, pressionando os mercados e ampliando o custo de captação.
O impacto político e econômico da alta da dívida
A piora fiscal também tem implicações políticas relevantes. O aumento da dívida pública bruta do Brasil ocorre em meio a discussões sobre reformas tributárias e ajustes nas metas fiscais.
Setores do governo defendem maior flexibilidade no cumprimento das metas, argumentando que é necessário investir para sustentar o crescimento. Por outro lado, o mercado financeiro exige disciplina fiscal e clareza sobre os planos de contenção de gastos.
A falta de consenso aumenta a volatilidade dos mercados e pode afetar o comportamento dos investidores estrangeiros, especialmente se houver sinais de afrouxamento da política fiscal.
Perspectivas para o fim de 2025
Com base nas projeções atuais, o governo deve encerrar o ano com dívida pública bruta próxima de 79% do PIB, caso não consiga melhorar a arrecadação no último trimestre.
Para 2026, analistas projetam que a dívida pode ultrapassar o limite simbólico de 80%, dependendo do desempenho do PIB e da taxa de juros.
O Banco Central reforçou que continuará monitorando o quadro fiscal e a trajetória da dívida como elementos essenciais para a condução da política monetária.
Por que a dívida pública bruta do Brasil é tão importante
A dívida pública bruta do Brasil representa o total das obrigações do setor público perante credores internos e externos. É um indicador-chave para avaliar a sustentabilidade fiscal e o nível de confiança dos investidores na economia.
Quando a dívida cresce mais rápido do que o PIB, significa que o país está se endividando em ritmo superior ao crescimento econômico, o que pode gerar perda de credibilidade e aumentar o custo de financiamento do governo.
Por isso, manter a dívida sob controle é fundamental para garantir estabilidade macroeconômica, atrair investimentos e evitar que o país volte a enfrentar crises fiscais como as de 2015 e 2020.
A elevação da dívida pública bruta do Brasil para 78,1% do PIB em setembro sinaliza a continuidade de uma trajetória fiscal desafiadora. O resultado reforça a necessidade de um ajuste fiscal consistente, capaz de equilibrar as contas públicas e restaurar a confiança dos investidores.
Sem um plano concreto de controle de gastos e ampliação de receitas, o país corre o risco de ver sua dívida ultrapassar níveis críticos, comprometendo o crescimento e aumentando a vulnerabilidade econômica.
A sustentabilidade fiscal será, portanto, um dos principais temas do debate econômico em 2026 — e o desempenho da dívida pública bruta do Brasil continuará a ser o termômetro da credibilidade da política econômica.






