O JPMorgan reduziu a projeção do Ibovespa para o final de 2024, de 142 mil para 135 mil pontos, mas manteve uma exposição overweight (acima da média) para o Brasil. A revisão da estimativa ocorre em meio à pausa no ciclo de flexibilização monetária e às incertezas fiscais no país.
Revisão da Projeção
A revisão da projeção do Ibovespa pelo JPMorgan reflete um ajuste nas expectativas econômicas diante de um cenário de maior cautela. A projeção otimista do banco coloca o índice em 140,5 mil pontos, enquanto o cenário mais pessimista prevê uma queda para 113,7 mil pontos. Atualmente, o Ibovespa é negociado na faixa dos 122 mil pontos.
Contexto Econômico e Fiscal
A pausa no ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic) e as incertezas fiscais são os principais fatores que levaram à revisão. A decisão do Copom de manter a Selic em 10,50% foi um dos pontos que contribuíram para esse ajuste nas previsões. O banco ressalta que, apesar da redução na projeção, o mercado acionário brasileiro continua sendo uma das melhores opções na América Latina, com potencial para receber fluxos de investimentos caso o cenário externo melhore.
Impacto das Eleições nos EUA
Em seu relatório, o JPMorgan destaca que as atenções do mercado estarão voltadas para as eleições nos Estados Unidos nos próximos meses, bem como para possíveis cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed). O banco acredita que a flexibilização monetária no país deve começar em novembro, após o período eleitoral. “Continuamos a pensar que o início do corte de juros nos Estados Unidos poderia proporcionar um grande movimento nos ativos de risco, não muito diferente do que foi visto no final de 2023”, ressalta o relatório.
Transição no Banco Central do Brasil
Outro ponto de atenção é a transição no comando do Banco Central (BC) brasileiro, com o fim do mandato de Roberto Campos Neto em dezembro deste ano. As incertezas em relação ao futuro do BC foram ampliadas após a reunião de maio do Copom, marcada por um “racha” entre os membros do colegiado indicados pelo governo anterior e os nomeados por Lula. “Um presidente que traga credibilidade ao BC faria maravilhas para melhorar o risco brasileiro, em nossa opinião”, enfatiza o JPMorgan.
Foco na Trajetória Fiscal
O relatório também destaca a importância da trajetória fiscal do país. Segundo o JPMorgan, se o governo adotar uma abordagem “mais razoável” no controle das contas públicas, o mercado brasileiro poderá se fortalecer, ainda mais em um contexto de bom crescimento, baixo desemprego e inflação estável.
Desempenho Econômico Recente
O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024 superou as expectativas, com o consumo e os serviços impulsionando o crescimento. Apesar de um possível impacto negativo no próximo trimestre devido à tragédia climática no Rio Grande do Sul, a reconstrução do Estado poderá impulsionar o crescimento nos meses seguintes. “Um maior crescimento tem o poder de camuflar, pelo menos temporariamente, a maioria dos outros problemas locais”, pontua o banco.
Perspectiva do Mercado Acionário
De forma geral, o JPMorgan acredita que o mercado já precificou diferentes eventos negativos para a Bolsa brasileira, tornando difícil uma piora significativa no cenário. “As expectativas são muito baixas neste momento. As taxas de juros não estão caindo mais, as metas fiscais foram revisadas mais do que o esperado, os lucros da temporada de balanços das empresas não resultaram em revisões ascendentes e os ativos do Brasil foram afetados negativamente pelos problemas políticos de outros países. O que mais pode dar errado?”
Ações Preferidas do JPMorgan
Em seu relatório, o JPMorgan listou suas top picks (ações preferidas) para o segundo semestre de 2024. A recomendação do banco foca especialmente no setor financeiro, com destaque para o Itaú (ITUB4). A valorização do dólar também torna ações de empresas com exposição à moeda americana atraentes, como a Vale (VALE3) e a Prio (PRIO3).
Veja a seguir as ações brasileiras que figuram entre as top picks do JPMorgan para o segundo semestre de 2024:
- Todos (ALOS3)
- Anime (ANIM3)
- BRF (BRFS3)
- Cyrela (CYRE3)
- Energisa (ENGI11)
- Hapvida (HAPV3)
- Itaú (ITUB4)
- Marcopolo (POMO4)
- Natural (NTCO3)
- Prio (PRIO3)
- Santos Brasil (STBP3)
- SLC Agrícola (SLCE3)
- Suzano (SUZB3)
- Vale (VALE3)
A decisão do JPMorgan de reduzir a projeção do Ibovespa para 2024 reflete um ajuste necessário diante das incertezas econômicas e fiscais. No entanto, a manutenção da exposição overweight para o Brasil demonstra a confiança do banco no potencial do mercado acionário brasileiro, especialmente em um contexto de melhoria no cenário externo. A transição no Banco Central e a trajetória fiscal do país serão pontos cruciais para determinar o desempenho do índice nos próximos meses.