Pix Global: Novo Sistema do Brics Chega para Substituir o Antigo e Permitir Transações Internacionais
O avanço das tecnologias de pagamento redefine o modo como países, empresas e cidadãos realizam transações financeiras. Após o sucesso do Pix no Brasil, agora surge o Pix global, um projeto do Brics que promete remodelar o sistema internacional de pagamentos, ampliando a autonomia financeira de economias emergentes e reduzindo a dependência do dólar.
Com testes já iniciados, a plataforma batizada oficialmente de Brics Pay integra sistemas de países como Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos membros do bloco. Sua proposta é oferecer transferências instantâneas, seguras e de baixo custo em moedas locais, configurando-se como um divisor de águas nas relações comerciais internacionais.
O que é o Pix Global
O Pix global nasce inspirado no sucesso brasileiro com o Pix, que transformou os pagamentos internos ao trazer velocidade e praticidade para consumidores e empresas. No caso do Brics Pay, a ambição vai além: criar um sistema que una diferentes plataformas já existentes em países-membros.
Entre os sistemas que serão integrados estão:
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SBP (Sistema de Pagamentos Rápidos da Rússia)
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UPI (Interface de Pagamentos Unificada da Índia)
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IBPS (Sistema de Pagamentos Interbancários da China)
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PayShap (Plataforma de pagamentos digitais da África do Sul)
O grande diferencial do Pix global é a interoperabilidade. Isso significa que será possível realizar pagamentos em tempo real entre países distintos sem a necessidade de converter valores primeiro em dólar ou euro.
Histórico do Brics e a Rota Financeira
O Brics foi criado em 2009 para dar maior protagonismo às economias emergentes no cenário global. De lá para cá, o bloco ganhou novos integrantes e passou a atuar em áreas estratégicas como meio ambiente, energia, geopolítica e finanças.
A criação do Pix global representa um passo além nesse esforço, pois busca reequilibrar o sistema financeiro mundial, hoje altamente concentrado em instituições ocidentais.
O Brics já havia dado sinais dessa estratégia com o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics, e agora amplia sua atuação com um sistema de pagamentos que promete revolucionar a forma de realizar transações internacionais.
Impacto do Pix Global para o Brasil
O Brasil deve ser um dos grandes beneficiados pela implementação do Pix global. Setores estratégicos da economia nacional, como agronegócio, mineração e energia, podem reduzir custos e ampliar mercados com a adoção do novo sistema.
Atualmente, grande parte das transações internacionais passa pelo dólar, gerando despesas adicionais de conversão. Com o Pix global, será possível negociar diretamente em reais, rúpias, yuans ou outras moedas locais dos parceiros comerciais.
Isso significa:
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Mais competitividade para exportadores brasileiros.
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Menos custos para importadores.
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Fortalecimento do real como moeda de transações internacionais.
Em um cenário de aumento de tarifas comerciais entre Estados Unidos e Brasil, o Pix global também se apresenta como alternativa estratégica para diversificação de parceiros e fortalecimento da autonomia econômica.
A Base Tecnológica: DCMS
O coração do Pix global é o sistema Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), desenvolvido pela Universidade Estatal de São Petersburgo.
Entre as principais características estão:
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Descentralização: cada país gerencia seu próprio nó de operação.
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Alta capacidade: suporte de até 20 mil mensagens por segundo.
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Segurança: múltiplas camadas de criptografia.
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Independência: sem controlador central, ao contrário do SWIFT.
Essa estrutura fortalece a autonomia dos países-membros do Brics e reduz a vulnerabilidade frente a sanções ou bloqueios impostos por potências ocidentais.
Pix Global x SWIFT: Diferenças Estruturais
O SWIFT, criado nos anos 1970, é atualmente o principal sistema de comunicação entre bancos no mundo. Entretanto, é fortemente controlado por países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, e já foi utilizado como ferramenta política em diversos episódios.
O Pix global surge como uma alternativa descentralizada, com os seguintes diferenciais:
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Transações em tempo real.
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Independência de instituições ocidentais.
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Foco em moedas locais, e não no dólar.
Essas diferenças colocam o Brics Pay como um potencial concorrente direto ao SWIFT, especialmente em países emergentes que buscam mais autonomia.
Reação dos Estados Unidos
A criação do Pix global não passou despercebida em Washington. O governo norte-americano, liderado por Donald Trump, reagiu com críticas ao projeto, classificando o Brics como um grupo hostil aos interesses dos EUA.
Como resposta, tarifas sobre importações brasileiras já foram elevadas para até 50%, atingindo diretamente setores exportadores como soja, carnes e minérios. Para os EUA, a diminuição do papel do dólar no comércio mundial é vista como ameaça à sua supremacia econômica.
Essa tensão abre espaço para uma disputa geopolítica mais intensa nos próximos anos, colocando o Pix global como peça-chave no tabuleiro econômico internacional.
Desafios do Pix Global
Apesar do potencial, o Pix global ainda enfrenta importantes obstáculos:
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Compatibilidade regulatória: cada país possui regras financeiras distintas.
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Infraestrutura tecnológica desigual: algumas regiões não têm rede bancária digital eficiente.
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Confiança internacional: será necessário demonstrar segurança em transações de alto valor.
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Resistência política: sanções e pressões externas podem dificultar a expansão do sistema.
Mesmo com esses desafios, especialistas acreditam que a tendência de integração é irreversível.
Um Futuro Financeiro Multipolar
O Pix global está alinhado a uma visão de mundo multipolar, no qual economias emergentes terão mais protagonismo. Estima-se que, até 2030, o sistema movimente centenas de bilhões de dólares em transações anuais.
Para o Brasil, a iniciativa dialoga com o avanço do Drex, o real digital em desenvolvimento pelo Banco Central. Juntos, Pix, Drex e Pix global formam um ecossistema que posiciona o país na vanguarda da inovação financeira.
Pix Global: Mais que Tecnologia, Estratégia Geopolítica
Mais do que modernização de pagamentos, o Pix global é uma ferramenta estratégica. Ele representa:
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Redução da hegemonia do dólar.
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Fortalecimento das moedas locais.
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Integração comercial entre países emergentes.
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Maior autonomia frente a sanções externas.
A iniciativa marca uma nova etapa da globalização financeira, onde tecnologia e geopolítica caminham lado a lado.
O Pix global desponta como um dos movimentos mais ousados do Brics em direção a um sistema financeiro mais equilibrado e autônomo. Ao reduzir a dependência do dólar e permitir transações rápidas e baratas em moedas locais, o projeto representa um marco na história das finanças internacionais.
Para o Brasil, o impacto deve ser significativo, garantindo competitividade no comércio exterior, fortalecimento do real e alinhamento estratégico com outras economias emergentes. Ainda há desafios a superar, mas o caminho já está traçado: um futuro onde o Pix global será protagonista da nova ordem financeira mundial.






