CDB do Banco Master: veja o passo a passo para receber pelo FGC após liquidação
A liquidação extrajudicial do Banco Master abriu um dos processos de ressarcimento mais relevantes do mercado financeiro recente. Após meses de turbulência e incertezas, milhares de investidores que aplicaram em CDB do Banco Master agora precisam seguir um conjunto de orientações para receber a garantia máxima prevista pelo Fundo Garantidor de Créditos. O cenário exige cautela, informação precisa e atenção às etapas formais, já que a devolução dos valores depende da integração entre o liquidante nomeado pelo Banco Central e o sistema do FGC.
Os números evidenciam a complexidade da situação. Segundo dados do Banco Central, a instituição possuía mais de R$ 62 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura. No entanto, a regra estabelece limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, valor que agora se torna referência central para todos os investidores afetados. O processo de ressarcimento começou após a decretação da liquidação e envolve uma série de prazos e validações que devem ser observados individualmente.
O episódio marca um ponto crítico no relacionamento entre investidores e instituições financeiras de médio porte. O colapso do banco acendeu alerta sobre práticas de captação agressivas e reforçou o papel do FGC como instrumento de proteção ao sistema bancário. Muitos aplicaram em CDB do Banco Master motivados pelo rendimento elevado — de até 140% do CDI — sem imaginar que a instituição enfrentava dificuldades graves de liquidez que se agravariam ao longo do ano.
Um colapso anunciado pela pressão de vencimentos
A trajetória recente do Banco Master ficou marcada pelo desequilíbrio entre captação e capacidade de pagamento. O banco ampliou significativamente a oferta de títulos com retorno acima da média, estratégia clássica para atrair liquidez em um curto intervalo de tempo. A promessa de rentabilidade robusta, aliada à segurança do limite de cobertura de R$ 250 mil do FGC, gerou forte adesão entre pessoas físicas.
O problema ganhou dimensão quando duas obrigações relevantes venceram quase simultaneamente. A primeira, um volume expressivo de CDBs de curto prazo que deveriam ser honrados ao final de outubro. A segunda, um compromisso bilionário com o próprio FGC, cujo prazo já estava estourado e foi prorrogado, mas não cumprido. Com pressões simultâneas sobre o caixa, a instituição passou a buscar alternativas emergenciais. Tentou vender ativos, renegociar compromissos e captar recursos adicionais no mercado, mas não obteve sucesso.
Com o avanço da crise, a liquidação extrajudicial se tornou inevitável. O Banco Central assumiu o comando, nomeou um liquidante e acionou automaticamente o Fundo Garantidor de Créditos, responsável por amparar depositantes e titulares de investimentos elegíveis. É esse mecanismo que passa agora a conduzir milhares de titulares de CDB do Banco Master ao ressarcimento.
O que significa a liquidação do Banco Master
A liquidação extrajudicial é instaurada quando a instituição financeira perde capacidade operacional. Na prática, significa que o banco deixa de funcionar comercialmente e tem suas decisões tomadas por um liquidante nomeado pelo Banco Central. A prioridade dessa intervenção é proteger depositantes, organizar ativos e passivos e garantir que os credores recebam os valores assegurados por lei.
Com a decretação, o direito ao pagamento via FGC surge imediatamente. No entanto, a liberação dos valores não é automática. Existe um procedimento técnico que precisa ser cumprido: o liquidante deve consolidar a lista de credores, enviar os dados ao FGC e aguardar a validação das informações. Esse processo costuma ser demorado, podendo levar até 30 dias úteis, o que explica a orientação de calma aos investidores.
Somente após a validação da lista é que aparece no aplicativo do FGC a opção para solicitar a devolução. Nesse momento, titulares de CDB do Banco Master precisam cumprir etapas digitais e documentais para ter acesso ao pagamento.
O que o FGC efetivamente cobre
Apesar do tamanho da instituição antes da liquidação, a cobertura segue a regra padrão: até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por conglomerado. Isso significa que todos os produtos elegíveis — entre eles o CDB do Banco Master — seguem exatamente o mesmo limite. A garantia vale para depósitos à vista, poupança, CDBs, RDBs, letras financeiras e outras modalidades previstas no regulamento do Fundo garantidor.
Valores acima desse limite migram para a esfera de liquidação judicial, processo longo e incerto. É possível que parte dos credores não seja totalmente ressarcida, especialmente aqueles com aplicações elevadas em CDB do Banco Master. O FGC, porém, cumpre função de proteção mínima essencial, evitando o colapso completo de patrimônio e garantindo previsibilidade a investidores de pequeno e médio porte.
Como solicitar o ressarcimento sendo pessoa física
A devolução ocorre exclusivamente pelo aplicativo do FGC, disponível para Android e iOS. O investidor deve fazer o cadastro com documentos pessoais, validar dados, indicar uma conta bancária para recebimento e aguardar a liberação do botão “Solicitar pagamento”. O sistema exige biometria, foto dos documentos e assinatura digital, procedimentos criados para evitar fraudes e garantir que o montante seja direcionado ao titular correto.
A etapa de solicitação só poderá ser concluída após a validação da lista oficial de credores enviada pelo liquidante. Ou seja, o investidor que tinha CDB do Banco Master precisa aguardar a conferência de seus dados antes que o processo seja aberto no aplicativo.
A transferência dos valores ocorre após a aprovação definitiva, em prazo que pode variar. Em casos de inconsistência documental, o FGC pode solicitar novos envios.
Como funciona para pessoa jurídica
Empresas precisam seguir um caminho diferente. A solicitação deve ser feita no Portal do Investidor, onde o representante legal acessa o cadastro, insere documentos da empresa e solicita formalmente o pagamento da garantia. O FGC envia instruções por e-mail, e a conta de recebimento deve ser vinculada ao CNPJ da empresa. A devolução será liberada somente após verificação de todos os documentos.
A lógica é semelhante ao processo das pessoas físicas, mas a exigência documental tende a ser mais rigorosa, principalmente quando a empresa possuía aplicações elevadas em CDB do Banco Master, o que aumenta o nível de conferência.
Cronograma de pagamento
O cronograma possui três etapas fundamentais. Primeiro, a consolidação dos dados pelo banco liquidado. Depois, a validação dessas informações pelo FGC. Por fim, a liberação para solicitação pelos credores. A maior parte do tempo é consumida nas fases iniciais, especialmente na integração entre os sistemas do liquidante e do Fundo. A partir da liberação, o processo tende a ser mais rápido, desde que o investidor cumpra corretamente as etapas digitais.
Embora exista pressão pública pelo pagamento acelerado, a conferência minuciosa é crucial. O volume de credores é expressivo, e muitos possuem aplicações em mais de um produto além do CDB do Banco Master, o que aumenta a complexidade.
Decisão entre FGC e ação judicial
Uma dúvida comum é se vale a pena recorrer à Justiça em vez de aguardar o FGC. Especialistas indicam que processos judiciais tendem a demorar e só fazem sentido para valores acima de R$ 250 mil. Para quem tem aplicações dentro do limite, o caminho mais seguro e rápido é aguardar o procedimento do Fundo.
A atuação judicial também depende da capacidade futura de recuperação da massa falida do banco. O histórico de liquidações no Brasil mostra que credores sem garantia costumam receber apenas parte do montante, após longos anos de tramitação.
Para titulares de CDB do Banco Master, portanto, a solução mais eficiente é concentrar esforços na etapa do FGC.
O que acontece com valores que excedem o limite
Investidores que possuíam mais de R$ 250 mil no CDB do Banco Master entram automaticamente na lista de credores da liquidação extrajudicial. Esses valores serão pagos somente após a realização de ativos, venda de bens e recuperação de créditos do banco liquidado. No entanto, não há garantia de que o total será recuperado. Trata-se de um processo longo, complexo e altamente dependente da capacidade do liquidante de negociar e vender ativos com preços adequados.
Consequências econômicas e lições ao mercado
O episódio do Banco Master deixa um conjunto de lições claras ao mercado financeiro. A principal delas envolve avaliar riscos associados a bancos médios que oferecem rentabilidades muito acima do padrão. A lógica de retorno elevado, embora atraente, reflete com frequência necessidades de captação agressiva. O FGC, por sua vez, cumpre seu papel de proteger pequenos investidores, mas não substitui a avaliação de risco.
O caso também gera reflexões regulatorias importantes. A supervisão precisa avançar sobre padrões de liquidez, exposição a riscos e concentração de vencimentos. A crise do banco acelerou movimentos internos de revisão de normas e pode resultar em maior rigor na supervisão de instituições menores que atuam de forma intensiva em produtos como o CDB do Banco Master.
O que esperar dos próximos meses
O processo de ressarcimento continuará em etapas até que todos os credores elegíveis sejam atendidos. Nos próximos meses, o FGC deve divulgar atualizações sobre o andamento das validações e organizar os pagamentos. Com a demanda concentrada e o volume elevado de aplicações, o período inicial tende a registrar grande fluxo de solicitações.
Para o investidor comum, o essencial é manter a calma, reunir documentação necessária e acompanhar frequentemente o aplicativo do FGC. Todo o procedimento foi estruturado para que o pagamento seja realizado de forma digital, reduzindo filas, deslocamentos e burocracias.
A liquidação do Banco Master representa um dos maiores acionamentos do FGC nos últimos anos e reforça a importância da educação financeira em decisões de investimento. Ao mesmo tempo, evidencia que o sistema brasileiro dispõe de mecanismos sólidos para evitar que investidores percam integralmente seus recursos diante do colapso de uma instituição financeira.






