Ibovespa avança e encosta em 145 mil pontos com Vale (VALE3); dólar sobe a R$ 5,39
O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (22) em alta de 0,55%, aos 144.872,79 pontos, impulsionado principalmente pelo desempenho positivo da Vale (VALE3) e pela reação moderada dos investidores ao início da temporada de balanços do 3º trimestre (3T25).
enquanto isso, o dólar à vista (USDBRL) avançou 0,12%, fechando cotado a R$ 5,3969, refletindo o clima de cautela no exterior e a pressão de novos anúncios fiscais no Brasil.
A sessão foi marcada por alta volatilidade, mas com predominância de otimismo na B3, especialmente diante dos números sólidos da mineradora Vale e da recuperação gradual de setores como bancos e energia. No campo político, o mercado acompanhou atentamente as movimentações em Brasília, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmando a apresentação de novas medidas fiscais voltadas tanto à ampliação de receitas quanto ao controle de gastos.
Ibovespa sobe impulsionado por Vale (VALE3) e setor financeiro
O avanço do Ibovespa nesta sessão foi liderado pelas ações da Vale (VALE3), que subiram 2%, após a divulgação do Relatório de Produção e Vendas do 3T25.
A mineradora reportou 94,4 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas entre julho e setembro, o maior volume trimestral desde 2018, impulsionado pela performance recorde da mina S11D, no Pará, e pela retomada de projetos estratégicos de ampliação.
Esse resultado, segundo analistas, reforça a perspectiva de recuperação operacional da Vale, que vinha sofrendo com interrupções climáticas e gargalos logísticos. A melhora da produtividade e o controle de custos mantêm a empresa como um dos principais vetores de valorização do Ibovespa, responsável por cerca de 15% da composição do índice.
O movimento também reflete o cenário global favorável ao setor de mineração, com os preços do minério de ferro oscilando próximos a US$ 100 por tonelada, sustentados pela retomada gradual da atividade industrial na China e pela expectativa de estímulos adicionais à construção civil no país asiático.
Temporada de balanços corporativos traz fôlego à B3
A semana marca o início efetivo da temporada de balanços do 3º trimestre de 2025, período que tende a direcionar o humor dos investidores nas próximas semanas.
Empresas como Vale (VALE3), Vamos (VAMO3), Petrobras (PETR4; PETR3) e os grandes bancos devem ditar o ritmo do mercado até o início de novembro.
Na sessão de quarta-feira, Vamos (VAMO3) manteve o posto de maior alta do dia pelo segundo pregão consecutivo, com valorização expressiva após divulgar receita líquida de R$ 1,53 bilhão entre julho e setembro — crescimento de 25,2% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
O desempenho reflete o avanço do segmento de locação de caminhões e equipamentos, setor em que a companhia é líder.
As ações dos bancos também contribuíram positivamente para o desempenho do Ibovespa, diante da expectativa de resultados sólidos e aumento de margens com crédito e serviços. Petrobras acompanhou a alta do petróleo no mercado internacional, enquanto a operação da estatal na Margem Equatorial continuou sob acompanhamento do mercado e de órgãos ambientais.
Ibovespa mantém trajetória de recuperação, apesar da alta do dólar
Mesmo com a valorização do dólar, o Ibovespa mostrou resiliência. O câmbio foi pressionado pela combinação de fatores domésticos e externos:
no Brasil, as incertezas fiscais; no exterior, a aversão ao risco causada pela indefinição do orçamento americano e pelas novas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo pretende enviar dois projetos de lei ao Congresso: um voltado à elevação de receitas, incluindo taxação de fintechs e empresas de apostas online (bets), e outro voltado a cortes de gastos públicos.
O mercado avaliou positivamente a disposição em buscar equilíbrio fiscal, ainda que com ceticismo sobre a capacidade de aprovação das medidas em ano político.
No campo diplomático, a expectativa de um encontro entre Lula e Donald Trump, durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, também gerou repercussões. O diálogo entre os dois líderes poderá ter implicações econômicas diretas, sobretudo no comércio bilateral e em possíveis ajustes de tarifas americanas sobre produtos brasileiros.
Assaí (ASAI3) e GPA (PCAR3) lideram as quedas do Ibovespa
Na ponta negativa do Ibovespa, as ações do Assaí (ASAI3) recuaram após o JP Morgan rebaixar a recomendação do papel de “neutro” para “venda”.
De acordo com a análise, o ativo está “caro” em relação a seus pares do varejo, especialmente diante da desaceleração no consumo e da competição crescente no segmento de atacarejo.
Já o GPA (PCAR3) também figurou entre as maiores quedas do dia, após o anúncio da renúncia de Marcelo Pimentel dos cargos de CEO e membro do conselho de administração. A saída foi interpretada como sinal de instabilidade na gestão e aumentou a aversão dos investidores ao papel, que acumula desempenho negativo no ano.
Outras companhias de médio porte ligadas ao consumo e construção civil também recuaram, refletindo o impacto da alta do dólar e dos juros futuros, que encarecem o crédito e afetam a demanda doméstica.
Exterior pesa, mas Ibovespa mantém desempenho superior
Nos mercados internacionais, o clima foi de cautela.
Os principais índices de Wall Street fecharam em queda, pressionados por balanços corporativos mistos e pela incerteza fiscal nos Estados Unidos, cujo governo enfrenta 22 dias de paralisação parcial (shutdown).
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Dow Jones: -0,71%, aos 46.590,41 pontos
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S&P 500: -0,53%, aos 6.699,40 pontos
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Nasdaq: -0,93%, aos 22.740,39 pontos
O destaque negativo ficou com as ações da Netflix (NFLX34), que despencaram 8%, após resultado trimestral frustrar as expectativas do mercado.
Embora o lucro líquido tenha crescido 8,7%, para US$ 2,55 bilhões, o lucro por ação ficou 15,9% abaixo do consenso, provocando uma onda de vendas no setor de tecnologia.
Na Europa, os mercados fecharam sem direção única. O índice Stoxx 600 recuou 0,18%, aos 572,29 pontos, com investidores reagindo aos balanços de bancos e montadoras.
Na Ásia, os índices encerraram majoritariamente em baixa: o Nikkei caiu 0,02%, aos 49.307,79 pontos, e o Hang Seng de Hong Kong perdeu 0,94%, aos 25.781,77 pontos.
Ibovespa próximo de 145 mil pontos: o que esperar nos próximos pregões
Com o Ibovespa encostando nos 145 mil pontos, o mercado volta a testar patamares não vistos desde 2021.
O movimento indica confiança cautelosa dos investidores, sustentada pela perspectiva de melhora gradual dos balanços, pelo avanço das exportadoras e por uma trégua na curva de juros futuros.
No entanto, analistas alertam que a volatilidade deve continuar elevada, principalmente diante do cenário externo adverso e das incertezas fiscais domésticas.
O dólar acima de R$ 5,30 e os rendimentos dos Treasuries ainda em níveis elevados são fatores que podem limitar o espaço para uma recuperação mais consistente do mercado acionário.
A manutenção do fluxo estrangeiro positivo e a recuperação da confiança empresarial serão determinantes para o Ibovespa consolidar-se acima dos 145 mil pontos e retomar o caminho rumo ao topo histórico de 2021.
Destaques corporativos e perspectivas setoriais
Mineração
O setor de mineração e siderurgia deve continuar em destaque, com a Vale (VALE3) liderando os ganhos após apresentar seu melhor trimestre em sete anos.
Os próximos relatórios trimestrais da companhia e de rivais como CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4) tendem a confirmar a retomada do ritmo operacional.
Energia
Petrobras (PETR4) segue no radar, impulsionada pelo petróleo em alta e pela expectativa de anúncios sobre dividendos e investimentos em energia renovável.
O barril do Brent fechou o dia cotado a US$ 89,50, em meio a temores de oferta restrita e tensões geopolíticas no Oriente Médio.
Financeiro
Os grandes bancos, como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), mantêm trajetória positiva, apoiados na recuperação do crédito e na expansão de receitas com tarifas e seguros.
O setor deve se beneficiar da queda gradual dos spreads bancários e de menor inadimplência, reflexo da estabilização do mercado de trabalho.
Consumo
O segmento de varejo e atacarejo, em contrapartida, segue pressionado. Além do rebaixamento de Assaí (ASAI3), empresas como Carrefour (CRFB3) e Magazine Luiza (MGLU3) enfrentam margens comprimidas e menor poder de compra das famílias.
Ibovespa sustentado pela Vale e pela confiança do investidor
O fechamento do dia confirma o Ibovespa como um termômetro de confiança do investidor brasileiro.
Mesmo com o dólar em alta e o ambiente externo incerto, o índice reagiu positivamente, refletindo a força de empresas exportadoras e a resiliência dos resultados corporativos no 3T25.
A Vale (VALE3) volta a exercer papel de protagonismo, enquanto Petrobras e os bancos sustentam o otimismo setorial.
Para os próximos pregões, o desafio será equilibrar expectativas: o mercado busca sinais de ajuste fiscal, mas também estabilidade política e previsibilidade macroeconômica.






