Inflação em 4,33% e PIB de 2,26% encerram 2025 com cenário de desaceleração gradual e crescimento moderado
O fechamento de dezembro de 2025 consolida um dos principais retratos macroeconômicos do Brasil nos últimos anos. Com a inflação projetada em 2025 estimada em 4,33% e o Produto Interno Bruto (PIB) apontando crescimento de 2,26%, o mercado financeiro encerra o ano com leituras que indicam desaceleração gradual dos preços, resiliência da atividade econômica e cautela na condução da política monetária. Os dados, atualizados no boletim Focus do Banco Central, servem como bússola para decisões de governo, empresas, investidores e consumidores.
Ao longo de 2025, o debate econômico foi marcado pela persistência inflacionária, pelos juros elevados e pela necessidade de equilibrar crescimento com estabilidade. O resultado final revela um cenário mais equilibrado do que o observado em anos anteriores, ainda que distante de uma convergência plena à meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Inflação em 2025: desaceleração consistente, mas ainda acima da meta
A inflação projetada em 2025 encerra o ano em 4,33%, marcando a sexta semana consecutiva de revisão para baixo nas estimativas do mercado financeiro. O movimento confirma uma tendência de arrefecimento dos preços ao longo do segundo semestre, após um início de ano pressionado por fatores como alimentos, combustíveis e serviços.
Mesmo com a desaceleração, o índice permanece acima do centro da meta oficial, fixada em 3%, ainda que dentro do intervalo de tolerância de até 4,5%. Para analistas, o resultado reflete um equilíbrio delicado entre forças de alta e de baixa, incluindo a política monetária restritiva, a moderação da demanda interna e um ambiente externo menos adverso do que o observado em ciclos anteriores.
O IPCA acumulado em 12 meses chegou a 4,46% em novembro, último dado fechado antes do encerramento estatístico do ano. A leitura mensal de 0,18% naquele mês foi influenciada sobretudo pelo aumento das passagens aéreas, enquanto outros grupos apresentaram variação mais contida. O comportamento dos preços reforçou a avaliação de que a inflação perdeu fôlego, mas ainda exige vigilância.
O papel da política monetária ao longo do ano
A condução da política monetária foi central para o resultado da inflação projetada em 2025. O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano por quatro reuniões consecutivas, adotando postura cautelosa diante das incertezas fiscais, do comportamento das expectativas e do cenário internacional.
Os juros elevados atuaram como freio sobre o consumo e o crédito, contribuindo para conter pressões inflacionárias, mas também impondo desafios à atividade econômica. Ainda assim, o crescimento do PIB mostrou-se mais robusto do que o inicialmente previsto, sugerindo que parte da economia conseguiu se adaptar ao ambiente de aperto monetário.
O mercado encerra 2025 projetando que o ciclo de cortes de juros deve ganhar tração apenas a partir de 2026, caso a inflação continue em trajetória de convergência e as expectativas permaneçam ancoradas.
PIB de 2,26% confirma crescimento moderado da economia
O crescimento de 2,26% do PIB em 2025 consolida um ano de expansão moderada, sustentada principalmente pelos setores de serviços e indústria. A revisão marginal para cima em relação às projeções anteriores indica que a economia brasileira mostrou resiliência mesmo diante de juros elevados e de um cenário global ainda marcado por incertezas geopolíticas e financeiras.
O desempenho positivo dá sequência a um ciclo iniciado em 2021, quando a economia registrou crescimento mais expressivo após a fase aguda da pandemia. Em 2024, o PIB havia avançado 3,4%, e o resultado de 2025, embora inferior, confirma a manutenção do ritmo de expansão, ainda que em velocidade mais contida.
Para especialistas, o crescimento de 2,26% reflete a combinação entre mercado de trabalho relativamente aquecido, consumo das famílias em desaceleração controlada e investimentos seletivos, sobretudo em infraestrutura, energia e serviços.
Setores que sustentaram a atividade econômica
Ao longo de 2025, o setor de serviços manteve papel central na sustentação do PIB, impulsionado por atividades ligadas a transporte, turismo, saúde e tecnologia. A indústria, por sua vez, apresentou recuperação gradual, beneficiada por investimentos pontuais e pela estabilização de cadeias produtivas.
O agronegócio teve desempenho mais irregular ao longo do ano, impactado por questões climáticas e pela volatilidade dos preços internacionais, mas ainda assim contribuiu de forma relevante para o saldo econômico, especialmente nas exportações.
O conjunto desses fatores ajudou a evitar uma desaceleração mais brusca da economia, mesmo com o custo elevado do crédito e a política monetária restritiva.
Expectativas para os próximos anos
Com o encerramento de 2025, o mercado financeiro passa a concentrar atenção nas perspectivas para os próximos ciclos. Para 2026, a inflação projetada recua para 4,06%, sinalizando continuidade do processo de desinflação. Já para 2027 e 2028, as estimativas apontam inflação de 3,8% e 3,5%, respectivamente, mais próximas da meta oficial.
No campo do crescimento econômico, o PIB deve desacelerar para 1,8% em 2026, refletindo os efeitos defasados da política monetária e um ambiente global possivelmente mais restritivo. Para 2027 e 2028, as projeções indicam crescimento em torno de 1,8% a 2%, sugerindo estabilidade, mas sem aceleração expressiva.
Essas expectativas reforçam a leitura de que o Brasil entra em um período de transição, no qual a prioridade será consolidar a estabilidade macroeconômica sem comprometer o potencial de crescimento de longo prazo.
Câmbio e seus impactos sobre inflação e atividade
O dólar encerra 2025 projetado em R$ 5,43, dentro de um intervalo considerado estável pelo mercado. Para o fim de 2026, a expectativa é de leve alta para R$ 5,50. A estabilidade cambial foi um fator relevante para evitar pressões adicionais sobre a inflação ao longo do ano, especialmente em itens importados e combustíveis.
Um câmbio relativamente previsível contribuiu para o planejamento de empresas exportadoras e importadoras, além de reduzir a volatilidade nos preços domésticos. Ainda assim, analistas alertam que o comportamento da moeda segue sensível a fatores externos, como decisões de política monetária nos Estados Unidos e tensões geopolíticas.
Confiança, previsibilidade e desafios estruturais
O encerramento de 2025 com inflação projetada em 2025 em 4,33% e PIB de 2,26% reforça a percepção de um ambiente econômico mais previsível do que em anos anteriores, embora ainda marcado por desafios estruturais. A sustentabilidade fiscal, a eficiência do gasto público e a necessidade de reformas continuam no centro do debate.
A manutenção da inflação dentro do intervalo de tolerância do CMN fortalece a credibilidade da política monetária, mas o distanciamento da meta central indica que o trabalho do Banco Central ainda não está concluído. Ao mesmo tempo, o crescimento moderado do PIB sugere que há espaço para avançar em políticas que estimulem produtividade e investimento sem gerar desequilíbrios.
O balanço de 2025 aponta, portanto, para um país que conseguiu evitar extremos, mas que ainda busca um caminho mais consistente de crescimento com estabilidade.






