Liquidações de criptomoedas atingem quase meio bilhão de dólares com queda do mercado
O mercado internacional de ativos digitais registrou, nas últimas 24 horas, uma das mais intensas correções dos últimos meses. As liquidações de criptomoedas alcançaram US$ 490 milhões, refletindo o aumento da volatilidade, a sensibilidade dos investidores a dados macroeconômicos e a deterioração dos principais indicadores globais de risco. O movimento ocorreu em meio à queda abrupta do bitcoin (BTC), que recuou quase 4% na tarde desta sexta-feira (5), rompendo suportes considerados relevantes por analistas técnicos.
O cenário confirma uma tendência que ganhou força ao longo da semana: o ambiente de incerteza internacional pressiona diretamente os preços dos ativos digitais, que voltam a responder de forma agressiva a dados econômicos, especialmente aqueles ligados à política monetária dos Estados Unidos. A combinação entre aversão ao risco e fluxos de venda automática elevou as liquidações de criptomoedas a níveis que não eram observados desde setembro.
Além do bitcoin, outras grandes moedas digitais também registraram recuos expressivos. Em alguns casos, as perdas superaram 6% apenas na janela intradiária. Para analistas, o quadro reflete não apenas a reação imediata aos dados de inflação norte-americana, mas também um acúmulo de tensões geopolíticas e macroeconômicas capazes de gerar ajustes bruscos nos mercados de criptoativos.
Impacto dos dados econômicos: inflação nos EUA reacende temores
O principal gatilho para a onda de liquidações de criptomoedas foi a divulgação da inflação de setembro dos Estados Unidos, medida pelo PCE — indicador considerado o mais relevante para o Federal Reserve (Fed). O PCE avançou 0,3% em relação ao mês anterior, resultado acima da estimativa de 0,2% projetada por economistas.
Embora a leitura do núcleo da inflação — que ignora setores de alta volatilidade — tenha vindo em linha com as expectativas, a surpresa no índice cheio reativou dúvidas sobre o ritmo de cortes de juros no país. O mercado vinha apostando em maior sinalização de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana, mas parte dos investidores passou a enxergar o dado como um alerta, reduzindo a convicção de que o processo de redução dos juros ocorrerá de forma acelerada.
Essa mudança de percepção contribuiu para elevar o dólar, pressionar ativos de risco e aumentar a aversão dos fundos institucionais ao mercado de criptoativos. Como consequência, as liquidações de criptomoedas se intensificaram, especialmente em operações alavancadas que dependiam de estabilidade nos índices macroeconômicos.
Bitcoin (BTC) perde suportes e intensifica liquidações
O bitcoin despencou para a faixa dos US$ 89 mil, movimento que surpreendeu parte do mercado. A queda rompeu níveis tidos como relevantes em análises de curto prazo e acelerou as liquidações de criptomoedas, especialmente em ordens automáticas de stop-loss. A dinâmica ampliou o efeito cascata.
Entre as dez maiores criptomoedas do mundo, o quadro foi o seguinte:
Bitcoin: queda superior a 2,7% nas últimas 24h;
Ethereum: retração próxima de 3%;
XRP: queda acima de 3,7%;
Solana: baixa de 6,2%;
Dogecoin: queda de 6,5%, reforçando o pessimismo do mercado.
Entre os ativos de maior capitalização, a exceção ficou por conta de TRON (TRX), que operou em leve alta intradiária, refletindo menor exposição ao fluxo de venda compulsória. Ainda assim, o movimento positivo não foi suficiente para compensar o impacto geral da sessão.
A volatilidade elevada também afeta o mercado de stablecoins, que embora mantenham paridade, são intensamente utilizadas em operações alavancadas e reflitam o fluxo de saída dos contratos futuros.
A escalada das liquidações de criptomoedas e sua mecânica
As liquidações de criptomoedas ocorrem quando posições alavancadas atingem margens insuficientes para permanecerem abertas. Nesses casos, as corretoras encerram automaticamente os contratos, o que amplia a pressão vendedora. Em momentos de grande volatilidade, o fenômeno tende a gerar movimentos abruptos, reforçando um ciclo de queda que se retroalimenta.
As últimas 24 horas foram especialmente críticas:
– liquidações de posições compradas (longs) representaram a maior parte do volume;
– contratos futuros de bitcoin foram os mais atingidos;
– o volume liquidado foi distribuído entre diversas plataformas, indicando amplitude da correção;
– traders em mercados asiáticos sofreram impacto maior, devido à sobreposição de horário com as divulgações de dados econômicos globais.
Para investidores experientes, a proporção das liquidações de criptomoedas indica que o mercado vinha excessivamente exposto ao otimismo, com níveis elevados de alavancagem — ambiente propício a correções rápidas diante de qualquer evento macroeconômico desfavorável.
Tensões geopolíticas ampliam a pressão sobre o mercado
Além dos dados econômicos, o cenário geopolítico pesou na deterioração do sentimento de risco. A declaração do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a possibilidade de assumir o controle da região de Donbas caso a Ucrânia não se retire, aumentou a apreensão dos mercados globais. Investidores passaram a recalibrar carteiras, reduzindo exposição a ativos considerados voláteis — como criptoativos.
Em ambiente de incerteza, a tendência é que fundos migrem para instrumentos mais seguros, intensificando as liquidações de criptomoedas e pressionando ainda mais os preços.
Para analistas, esse tipo de evento destaca a sensibilidade do setor de ativos digitais às pautas internacionais, sobretudo aquelas ligadas a conflitos ou a movimentos abruptos no tabuleiro político-militar.
O comportamento das altcoins: impacto maior nas moedas emergentes
Embora o bitcoin tenha concentrado a maior parte das análises, o impacto mais severo das liquidações de criptomoedas recaiu sobre as altcoins. Esses ativos, que possuem menor capitalização e liquidez, tendem a registrar movimentos mais extremos durante correções do mercado.
Entre os destaques negativos estão:
Solana: forte queda, aproximando-se de retrações acima de 17% no acumulado do mês;
Dogecoin e Cardano: perdas profundas que refletem deterioração de confiança;
BNB: apesar de menos afetada, recuou quase 2% no dia;
XRP: trajetória negativa consistente, pressionada por fatores regulatórios e de mercado.
A queda das altcoins reforça o alerta de que investidores de menor porte sofrem impacto maior quando as liquidações de criptomoedas se aceleram.
Perspectivas para o mercado de cripto: incerteza ainda domina
A sequência de eventos macroeconômicos e geopolíticos exige cautela. Analistas alertam que:
– o mercado de criptomoedas pode continuar enfrentando episódios de alta volatilidade;
– novas liquidações podem ocorrer caso dados econômicos adicionais contrariem as expectativas;
– a expectativa de corte de juros pelo Fed precisa se consolidar para trazer estabilidade;
– investidores devem monitorar relatórios de inflação, emprego e política monetária.
A retomada do equilíbrio dependerá da redução da pressão de venda e da entrada de novos fluxos institucionais. Para muitos especialistas, o mercado segue vulnerável, mas não necessariamente em trajetória de queda prolongada. É comum que, após episódios fortes de liquidações de criptomoedas, surjam oportunidades para reposicionamento, embora acompanhadas de risco elevado.
Longo prazo: fundamentos seguem sólidos, apesar do curto prazo negativo
Para participantes estruturais do mercado, a correção não altera os fundamentos de longo prazo dos principais ativos digitais. O bitcoin, por exemplo, segue sendo considerado um instrumento de reserva digital e ativo escasso. As atualizações de redes como Ethereum e Solana continuam avançando em tecnologia, segurança e eficiência.
Ainda assim, o curto prazo será dominado pela volatilidade, amplificada por fatores externos ao mercado de criptoativos. Mesmo investidores experientes reconhecem que o ambiente atual exige gestão de risco rigorosa, menor alavancagem e análise detalhada de métricas on-chain.






