Natura (NATU3) registra prejuízo de R$ 119 milhões no 3º trimestre com queda na receita e aumento das despesas financeiras
A Natura (NATU3), uma das maiores empresas brasileiras do setor de cosméticos e integrante do grupo Natura &Co, apresentou prejuízo líquido recorrente de R$ 119 milhões no terceiro trimestre de 2025, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (10). O resultado negativo reflete pressões sobre receita e rentabilidade, além de um aumento expressivo nas despesas financeiras líquidas, que impactaram o desempenho consolidado da companhia.
O período marca um ponto de inflexão para a Natura (NATU3), que enfrenta desafios operacionais no Brasil e na América Latina, ao mesmo tempo em que busca consolidar sua reestruturação após a venda da Aesop e a reorganização global do grupo.
Queda na receita e no Ebitda reforça cenário desafiador
De acordo com o balanço trimestral, a receita líquida da Natura (NATU3) atingiu R$ 5,2 bilhões, o que representa uma queda de 3,8% em câmbio constante e 13,1% em reais em relação ao mesmo período de 2024. A retração foi atribuída principalmente à desaceleração nas vendas no mercado brasileiro e às dificuldades na integração das operações na Argentina e no México, regiões onde a inflação e a volatilidade cambial afetaram a performance.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente ficou em R$ 577 milhões, registrando uma redução de 33,7% em comparação com o terceiro trimestre do ano anterior. Essa queda reforça a pressão sobre as margens operacionais, mesmo com os esforços da empresa em reduzir custos e simplificar sua estrutura global.
Segundo o relatório financeiro, a performance foi impactada por custos mais altos de produção, variações cambiais negativas e aumento de despesas financeiras, que juntos ampliaram o prejuízo no trimestre.
Prejuízo líquido de R$ 119 milhões evidencia fase de transição
O prejuízo líquido recorrente de R$ 119 milhões representa uma deterioração significativa em relação ao resultado do mesmo período de 2024, quando a empresa havia registrado lucro. Esse desempenho reflete a fase de transição da Natura (NATU3) após uma série de medidas estratégicas adotadas ao longo de 2025, incluindo a venda da marca The Body Shop, a redução de operações na Europa e a integração das atividades na América Latina.
Apesar do prejuízo, a companhia afirmou que mantém o foco em fortalecer sua estrutura financeira e operacional, com iniciativas de simplificação administrativa e investimentos em digitalização, logística e canais diretos de venda.
A Natura também vem implementando um plano de eficiência para otimizar custos, reequilibrar o portfólio e reforçar a rentabilidade de suas principais marcas, incluindo Avon, Natura, e&Co e TBS.
Desempenho por região: América Latina segue como foco estratégico
A Natura (NATU3) destacou que o desempenho mais fraco no Brasil e em países da América Latina foi o principal fator para a retração das receitas no trimestre.
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Brasil: o mercado doméstico, que representa a maior parte da receita do grupo, apresentou queda nas vendas em função do baixo consumo de bens não essenciais, reflexo da pressão sobre o poder de compra das famílias e da competição acirrada no segmento de beleza e cuidados pessoais.
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Argentina e México: a empresa enfrentou desafios cambiais e operacionais em ambos os mercados, com dificuldades logísticas e aumento de custos locais.
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Chile e Colômbia: mostraram desempenho mais estável, mas não suficiente para compensar as perdas registradas nos demais países.
Mesmo diante desse cenário, a companhia reforçou que a América Latina permanece como foco estratégico e que pretende ampliar sua penetração em canais digitais e fortalecer a venda direta, modelo que continua sendo um dos pilares do negócio.
Esforços de reestruturação e foco em eficiência operacional
Desde 2023, a Natura (NATU3) vem conduzindo um amplo processo de reestruturação global, buscando reduzir custos fixos, simplificar a governança e aumentar a rentabilidade. Entre as principais medidas adotadas estão:
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Venda de ativos internacionais: a empresa vendeu a marca Aesop para o grupo francês L’Oréal, operação que injetou mais de US$ 2,5 bilhões no caixa e permitiu reduzir parte das dívidas.
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Integração da Avon e da Natura: o processo de unificação das estruturas administrativas e comerciais das duas marcas segue em andamento, com o objetivo de criar sinergias e otimizar operações.
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Revisão de portfólio: a empresa tem ajustado seu mix de produtos, priorizando linhas com maior margem e potencial de crescimento sustentável.
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Digitalização das vendas: investimento contínuo em plataformas digitais e canais híbridos, visando modernizar o modelo de venda direta.
Essas ações têm como meta restabelecer o equilíbrio financeiro até 2026, tornando a Natura mais competitiva em mercados estratégicos e menos dependente de resultados pontuais.
Endividamento e custos financeiros pesam no resultado
Um dos fatores que mais contribuíram para o prejuízo da Natura (NATU3) foi o aumento das despesas financeiras líquidas, que cresceram em ritmo superior ao previsto. O cenário de juros elevados no Brasil e no exterior, combinado à desvalorização de moedas latino-americanas, elevou o custo da dívida consolidada do grupo.
Apesar da venda de ativos e da entrada de recursos extraordinários em 2024, a empresa ainda trabalha para reduzir seu endividamento, que permanece acima da média do setor. O plano de médio prazo prevê uma queda gradual da alavancagem, com foco em geração de caixa e melhoria das margens operacionais.
Perspectivas para 2026: foco em crescimento sustentável e inovação
Para 2026, a Natura (NATU3) projeta um cenário de recuperação gradual, apoiado em quatro pilares principais:
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Inovação de produtos: lançamento de novas linhas voltadas à sustentabilidade, reforçando o compromisso ambiental e social da marca.
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expansão digital: aumento da participação das vendas online e fortalecimento da relação com revendedores via plataformas tecnológicas.
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Crescimento na América Latina: foco em mercados estratégicos, como Brasil, Colômbia e México, onde a empresa acredita ter maior potencial de retomada.
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Eficiência operacional: revisão de custos, renegociação com fornecedores e modernização de processos logísticos.
A Natura também planeja ampliar investimentos em produtos veganos e naturais, seguindo a tendência global de consumo consciente, e fortalecer sua imagem de empresa sustentável e inovadora.
Reação do mercado e desempenho das ações
As ações da Natura (NATU3) reagiram de forma negativa após a divulgação do balanço, refletindo a decepção dos investidores com os resultados do trimestre. No pregão da B3, os papéis recuaram cerca de 3% no fechamento, acompanhando o movimento de realização de lucros observado entre empresas do setor de consumo.
Analistas de mercado avaliam que o resultado reforça os desafios de curto prazo, mas apontam que o processo de reestruturação global e o foco em rentabilidade podem gerar benefícios no médio prazo, caso a empresa consiga conter custos e acelerar a digitalização de suas operações.
Um trimestre de ajustes para a Natura (NATU3)
O balanço do terceiro trimestre de 2025 evidencia um momento de ajustes e transição para a Natura (NATU3). Apesar do prejuízo de R$ 119 milhões e da queda expressiva na receita, a empresa segue comprometida com sua estratégia de longo prazo, baseada em sustentabilidade, inovação e eficiência.
Com o redesenho organizacional e o fortalecimento da estrutura de capital, a companhia busca pavimentar o caminho para uma retomada sólida em 2026, consolidando-se novamente como uma das líderes do mercado de cosméticos na América Latina.
O desafio, agora, será equilibrar rentabilidade, crescimento e inovação, mantendo a essência que fez da Natura (NATU3) uma das marcas mais admiradas do Brasil e do mundo.






