Investimento estrangeiro na China cresce com políticas proativas e economia em transformação
O investimento estrangeiro na China mantém uma trajetória de alta mesmo diante de um cenário global desafiador, impulsionado por políticas governamentais proativas e pela evolução econômica do país. A terceira edição da China International Supply Chain Expo (CISCE), realizada em Beijing, destacou a força de atração do mercado chinês, com 35% de expositores estrangeiros — um aumento expressivo em relação aos anos anteriores.
Com o país se aproximando do fim do seu 14º Plano Quinquenal (2021-2025), o foco na abertura econômica, inovação e setores de alta tecnologia tem atraído cada vez mais capital internacional, consolidando a China como um destino estratégico para empresas que buscam não apenas vender, mas também inovar e expandir operações.
A força da CISCE como vitrine internacional
A CISCE se consolidou como uma das mais importantes plataformas globais de colaboração industrial. Desde sua primeira edição em 2023, o número de expositores estrangeiros cresce de forma consistente, e empresas como Honeywell, GE Healthcare e Siemens já confirmaram presença para a próxima edição.
O evento reflete não apenas o interesse das multinacionais no mercado chinês, mas também o avanço de políticas que incentivam o investimento estrangeiro na China, abrindo portas para setores estratégicos e promovendo integração nas cadeias produtivas globais.
Meta antecipada do 14º Plano Quinquenal
Em junho de 2025, a China alcançou US$ 708,73 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) desde o início do 14º Plano Quinquenal, superando a meta oficial de US$ 700 bilhões com seis meses de antecedência.
Além disso, 229 mil novas empresas com capital estrangeiro foram abertas desde 2021, um número 25 mil superior ao registrado no ciclo anterior (2016-2020). Mesmo com as oscilações recentes no fluxo global de IED, o país se destaca pela estabilidade e pela capacidade de manter o interesse de investidores internacionais.
Contexto global: queda no IED, mas China resiste
O cenário internacional é desafiador. Dados da ONU indicam que o IED global caiu 11% em 2024, marcando o segundo ano consecutivo de retração após uma forte queda em 2023. Os primeiros números de 2025 apontam para a possibilidade de um terceiro ano de contração.
Mesmo assim, o investimento estrangeiro na China demonstra resiliência, impulsionado por um ambiente regulatório mais aberto, infraestrutura avançada e oportunidades de crescimento em setores de alto valor agregado.
Setores de alta tecnologia lideram atração de capital
O destaque vai para os setores de alta tecnologia e serviços, que atraem cada vez mais aportes internacionais. Em 2024, esses segmentos representaram 34,6% do total do investimento estrangeiro na China, um aumento de 6% em relação a 2020.
No primeiro semestre de 2025, os números avançaram ainda mais:
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Serviços de comércio eletrônico: +127,1%
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Indústria química e farmacêutica: +53%
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Fabricação aeroespacial: +36,2%
Empresas globais estão não apenas expandindo vendas, mas também instalando centros de P&D e unidades de produção de alta complexidade para atender à demanda local e global.
Casos de sucesso: inovação e P&D no mercado chinês
O ambiente de negócios favorável e o mercado consumidor altamente conectado incentivam multinacionais a investir em inovação no país. A Corning, gigante americana de ciência de materiais, planeja produzir localmente fibras ópticas de última geração em Shanghai, suprindo data centers de inteligência artificial com soluções de alta densidade de transmissão de dados.
Outro exemplo é a Mercedes-Benz China, que investiu mais de 10,5 bilhões de yuans em P&D nos últimos cinco anos. Com um centro de inovação em Shanghai, a empresa já posiciona desenvolvimentos locais como líderes no portfólio global.
Políticas para manter o fluxo de capital internacional
A estabilidade do investimento estrangeiro na China não é fruto do acaso. Entre as medidas adotadas pelo governo, destacam-se:
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Redução da lista negativa para investimentos, com eliminação de todas as restrições na indústria de manufatura em 2024.
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Programas piloto para abertura de serviços de telecomunicações de valor agregado e biotecnologia.
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Sistema de consulta empresarial que já realizou mais de 30 rodadas desde 2023, solucionando mais de 1.500 questões de empresas estrangeiras.
Além disso, está em elaboração um novo catálogo de setores incentivados, que deve atrair capital para manufatura avançada, serviços modernos, tecnologia verde e regiões estratégicas como o centro, oeste e nordeste do país.
Perspectivas para os próximos anos
Especialistas apontam que a tendência é de maior integração do investimento estrangeiro na China às cadeias de suprimentos e à inovação nacional. A estratégia de atrair não apenas capital, mas também tecnologia e conhecimento, pode elevar ainda mais a competitividade da economia chinesa no cenário global.
O objetivo não é apenas aumentar o volume de IED, mas garantir que ele esteja alinhado às novas forças produtivas de qualidade, promovendo crescimento sustentável e inovação contínua.
A China reforça seu papel como um dos principais polos globais de negócios, combinando políticas proativas, abertura de mercado e avanços tecnológicos para manter e ampliar o fluxo de investimento estrangeiro.
Mesmo diante de um ambiente internacional incerto, o país se mostra resiliente, garantindo segurança jurídica, infraestrutura de ponta e oportunidades robustas de crescimento para investidores que buscam expandir operações em um mercado dinâmico e inovador.






