Enteados têm direito à pensão do INSS? Entenda o que diz a nova lei e quem pode receber o benefício
Uma dúvida comum entre famílias reconstituídas é se enteados têm direito à pensão do INSS. A nova legislação previdenciária trouxe mais clareza sobre o tema, reconhecendo oficialmente o direito de dependência econômica de enteados, menores tutelados e, mais recentemente, de menores sob guarda judicial.
A atualização da Lei nº 8.213/1991, que regula os benefícios da Previdência Social, garante que o enteado seja equiparado ao filho biológico para fins de acesso a benefícios como pensão por morte e auxílio-reclusão, desde que sejam cumpridos critérios específicos. Essa mudança representa um avanço importante na inclusão de diferentes configurações familiares dentro da proteção previdenciária do Estado.
O que diz a lei sobre o direito de enteados à pensão do INSS
De acordo com o § 2º do artigo 16 da Lei nº 8.213/1991, são equiparados a filho, para fins previdenciários:
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o enteado;
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o menor sob tutela;
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e o menor sob guarda judicial.
Essa equiparação legal significa que, comprovada a dependência econômica e havendo declaração formal do segurado, o enteado pode receber a pensão por morte do INSS da mesma forma que um filho biológico.
Na prática, isso quer dizer que, se um segurado do INSS vier a falecer e tiver declarado oficialmente o enteado como dependente, esse enteado passa a ter o direito de receber o benefício mensalmente, respeitando as mesmas regras aplicadas aos filhos legítimos.
A inclusão dos menores sob guarda judicial
Uma das mudanças mais relevantes foi a inclusão dos menores sob guarda judicial no rol de dependentes equiparados a filhos. Essa alteração, trazida pela Lei nº 15.108/2025, estabelece que crianças e adolescentes sob guarda judicial têm os mesmos direitos previdenciários de filhos e enteados, desde que comprovem dependência econômica do segurado.
Isso representa um passo importante na consolidação da proteção social e afetiva, reconhecendo que o vínculo familiar vai além dos laços biológicos. Muitas famílias acolhem menores sob guarda por motivos diversos — abandono, orfandade ou medida de proteção — e, com essa mudança, essas crianças passam a ter a mesma segurança previdenciária que os demais dependentes.
Critérios para que o enteado seja reconhecido como dependente do INSS
Para que o enteado tenha direito à pensão do INSS, é necessário cumprir dois requisitos principais:
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Declaração formal de dependência econômica – o segurado precisa registrar o enteado como dependente em seus dados junto ao INSS, comprovando que há vínculo familiar e financeiro.
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Comprovação da dependência – deve ficar claro que o enteado não possui meios próprios de sustento e depende economicamente do segurado para despesas básicas, como moradia, alimentação e educação.
Sem essas condições, o INSS pode negar o benefício, mesmo que o enteado mantenha vínculo afetivo com o segurado. Por isso, a formalização e o registro no sistema previdenciário são etapas essenciais.
Quais benefícios o enteado pode receber pelo INSS
Com o reconhecimento legal, o enteado tem direito a dois benefícios principais do INSS:
1. Pensão por morte
É o benefício pago aos dependentes de um segurado falecido. Para o enteado ter acesso, é necessário comprovar dependência econômica e a inclusão prévia no cadastro do segurado. O valor e a duração do benefício seguem as mesmas regras aplicadas aos filhos biológicos.
2. Auxílio-reclusão
Em casos em que o segurado é preso em regime fechado e deixa dependentes sem renda, o enteado também pode ter direito a esse benefício, desde que a dependência econômica esteja comprovada.
Esses dois benefícios reforçam o compromisso da Previdência Social em proteger os familiares economicamente dependentes do segurado, independentemente do grau de parentesco biológico.
Como comprovar a dependência do enteado no INSS
A comprovação de dependência é um dos pontos mais importantes para garantir o direito à pensão. O INSS pode solicitar documentos que demonstrem a convivência familiar e a dependência econômica, como:
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Declaração formal de dependência assinada pelo segurado;
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Comprovantes de residência em comum;
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Documentos escolares;
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Comprovantes de despesas pagas pelo segurado;
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Certidão de casamento ou união estável entre o segurado e o genitor do enteado.
Essas provas servem para confirmar que o enteado fazia parte do núcleo familiar e dependia financeiramente do segurado falecido ou recluso.
Menores sob tutela e sob guarda judicial: quais as diferenças?
Embora os termos possam parecer semelhantes, há distinções importantes entre o menor sob tutela e o menor sob guarda judicial.
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Menor sob tutela: geralmente é aquele que perdeu os pais e foi oficialmente colocado sob a responsabilidade de outra pessoa por meio de decisão judicial.
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Menor sob guarda judicial: é aquele que, embora ainda tenha pais vivos, foi entregue temporariamente a outro responsável legal, também por decisão judicial.
Ambos agora estão equiparados a filhos para efeitos previdenciários, desde que comprovem dependência econômica. Essa equiparação reforça o princípio da proteção integral previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Impactos da nova lei na Previdência Social
A Lei nº 15.108/2025 trouxe maior segurança jurídica e social para milhares de famílias brasileiras. Ao incluir enteados e menores sob guarda judicial entre os dependentes reconhecidos, o INSS passa a adotar uma postura mais inclusiva e compatível com as novas realidades familiares do país.
Além de reduzir disputas judiciais, a medida garante que crianças e adolescentes não fiquem desamparados em caso de morte ou prisão do segurado. Essa atualização também simplifica a análise de benefícios, tornando os critérios mais claros e objetivos para todos os envolvidos.
Como solicitar a pensão do INSS para enteados
O pedido de pensão por morte ou auxílio-reclusão deve ser feito diretamente no site ou aplicativo Meu INSS. No momento da solicitação, é necessário apresentar:
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Documentos pessoais do dependente e do segurado;
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Certidão de nascimento do enteado;
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Comprovantes de dependência econômica;
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Documentos que atestem a guarda ou tutela, se aplicável.
O INSS analisará o pedido e, caso todos os requisitos sejam atendidos, concederá o benefício com pagamento retroativo à data do falecimento ou prisão do segurado.
Famílias reconstituídas ganham mais proteção com a nova regra
A ampliação dos direitos previdenciários é uma vitória significativa para famílias que fogem do modelo tradicional. Em um país onde o número de famílias reconstituídas cresce a cada ano, garantir que enteados tenham direito à pensão do INSS é um passo essencial para a inclusão e a justiça social.
A legislação reconhece que o afeto e a responsabilidade econômica formam laços tão importantes quanto os de sangue. Essa modernização da norma previdenciária reforça o compromisso do Estado com a proteção integral de crianças e adolescentes, fortalecendo a rede de segurança social brasileira.
Enteados agora têm direito garantido à pensão do INSS
Com as novas regras, os enteados têm direito à pensão do INSS, desde que comprovem dependência econômica e estejam devidamente declarados pelo segurado. Essa conquista amplia a proteção social e reconhece o papel das famílias reconstituídas no cenário contemporâneo.
Mais do que uma mudança técnica, a atualização da lei simboliza um avanço na igualdade de direitos e na valorização da diversidade familiar, garantindo amparo a todos os que realmente dependem de um segurado da Previdência Social.






