Ibovespa tem 10ª alta consecutiva e fecha acima dos 150 mil pontos
O Ibovespa manteve nesta terça-feira (4/11) o ritmo de alta que vem sustentando há dez pregões consecutivos e consolidou mais um recorde histórico, ao encerrar o dia acima dos 150 mil pontos. Mesmo com o ambiente internacional pressionado pelas quedas em Wall Street e pela instabilidade no câmbio, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) conseguiu avançar 0,17%, encerrando o pregão aos 150.704 pontos.
A sequência é a mais longa de ganhos diários desde junho de 2024 e reforça a percepção de otimismo dos investidores com o desempenho das ações brasileiras, especialmente as de grandes bancos, petroleiras e empresas do setor financeiro, que sustentaram o resultado positivo.
O avanço do Ibovespa ocorreu em um contexto de volatilidade global. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500, que reúne as 500 maiores companhias americanas, recuou 1,17%, refletindo preocupações com uma possível correção nos preços das ações após meses de valorização. A queda nos papéis americanos acabou elevando a cotação do dólar no mercado doméstico, que encerrou o dia vendido a R$ 5,399, alta de 0,77%.
Recorde histórico e sinais de resiliência
A marca de 150 mil pontos no Ibovespa representa um patamar histórico que consolida a confiança dos investidores na bolsa brasileira, mesmo diante das turbulências internacionais. Desde o início de outubro, o índice acumula ganhos expressivos, impulsionado pela melhora nas expectativas fiscais, pelo avanço das commodities e pelo aumento da participação de investidores estrangeiros no mercado local.
Durante o pregão, o indicador alternou entre leves quedas e altas moderadas, mas retomou força na reta final da sessão. A recuperação foi liderada principalmente pelos grandes bancos, como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, além da Petrobras, que se beneficiou da valorização do petróleo no mercado internacional.
Ao mesmo tempo, ações de mineradoras e de companhias aéreas registraram desempenho negativo, pressionadas pela aversão global ao risco. Ainda assim, o saldo final foi positivo, marcando a décima alta consecutiva do índice — um feito que não se via há mais de um ano.
Dólar sobe e reflete cautela dos investidores
O comportamento do câmbio refletiu o nervosismo internacional. O dólar comercial encerrou o dia em R$ 5,399, após oscilar ao longo da tarde e tocar a marca de R$ 5,40 nas últimas horas do pregão. A alta da moeda americana foi influenciada pela queda nas bolsas de Nova York e pelo aumento da busca global por ativos de proteção, como o próprio dólar e os títulos do Tesouro dos EUA.
Ainda assim, analistas destacam que o real mostrou força relativa diante de um ambiente global adverso. Parte dessa resistência está relacionada à expectativa de manutenção da taxa Selic em patamar elevado, o que mantém o Brasil atrativo para o chamado carry trade — operações financeiras que aproveitam juros altos para gerar ganhos cambiais.
Expectativas para o Copom e juros mantidos em foco
O mercado financeiro brasileiro está agora concentrado na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começou na terça e termina nesta quarta-feira (5). A expectativa majoritária dos analistas, segundo o Boletim Focus do Banco Central, é de manutenção da Selic em 15% ao ano.
Com a taxa de juros nesse nível, o Banco Central sinaliza prudência diante das incertezas externas e das pressões inflacionárias residuais. A manutenção da Selic, avaliam especialistas, tende a dar sustentação adicional ao real e ao Ibovespa, na medida em que reforça a atratividade do país para capitais estrangeiros.
Um eventual corte nos juros, ainda que simbólico, seria interpretado como um gesto de confiança na trajetória da inflação e poderia ampliar o apetite ao risco, fortalecendo ainda mais o mercado de ações. No entanto, diante do cenário internacional turbulento e da valorização do dólar, a tendência é de cautela por parte do Copom.
A força dos bancos e petroleiras
Os papéis do setor financeiro voltaram a ser protagonistas no pregão desta terça-feira. Grandes bancos concentraram o volume de negociações e contribuíram de forma decisiva para o resultado positivo do Ibovespa.
Instituições como Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil registraram ganhos consistentes, impulsionadas pelo aumento da margem financeira e pela expectativa de novos dividendos ainda neste trimestre.
Outro destaque foi o desempenho da Petrobras, que manteve trajetória de alta em meio à valorização do petróleo tipo Brent, cotado acima de US$ 87 por barril. O mercado reage positivamente à gestão de caixa da estatal e à perspectiva de continuidade no pagamento de dividendos extraordinários, tema que permanece no radar dos investidores.
Mineração e aviação ficam na contramão
Enquanto bancos e petroleiras ajudaram a empurrar o Ibovespa para cima, os setores de mineração e aviação registraram perdas. As ações da Vale caíram acompanhando a queda do minério de ferro na China, em meio a novas dúvidas sobre o ritmo de recuperação do setor imobiliário chinês.
Já as companhias aéreas, como Azul e Gol, sofreram com a valorização do dólar, que aumenta os custos operacionais, especialmente com combustíveis e manutenção de aeronaves. Mesmo assim, o peso desses papéis foi insuficiente para reverter a tendência positiva da bolsa.
Influência externa e Wall Street em queda
No exterior, o dia foi de forte aversão ao risco. Os principais índices de Nova York fecharam em queda, com o S&P 500 recuando 1,17%, o Dow Jones caindo 0,95% e o Nasdaq desvalorizando 1,34%.
O movimento foi motivado por alertas de bancos norte-americanos sobre uma possível correção negativa no preço das ações após meses de valorização, o que provocou realizações de lucros e aumento da volatilidade global.
Esse cenário acabou respingando no mercado brasileiro, especialmente nas empresas exportadoras, mas o Ibovespa conseguiu resistir graças ao fluxo interno e ao desempenho robusto dos setores de energia e finanças.
Confiança do investidor e perspectiva econômica
O desempenho consistente do Ibovespa reflete também o aumento da confiança dos investidores no cenário doméstico. Apesar dos desafios externos, a economia brasileira mostra sinais de estabilidade, com inflação sob controle e avanço gradual do consumo.
A entrada de recursos estrangeiros na B3 em outubro e novembro reforça essa percepção positiva. Além disso, o aumento da arrecadação federal e o controle do déficit público contribuíram para melhorar as expectativas de sustentabilidade fiscal.
Com esses fatores combinados, o Ibovespa segue sendo visto como um dos principais destinos de investimento entre os emergentes, favorecido por uma base sólida de empresas lucrativas e por um ambiente macroeconômico mais previsível.
Projeções para os próximos pregões
Para os próximos dias, analistas apontam que a bolsa brasileira deve continuar operando com volatilidade moderada, mas com viés de alta, enquanto persistirem as expectativas positivas em torno da economia local e da política monetária.
Se confirmada a manutenção da Selic em 15%, o real deve manter desempenho estável, e o Ibovespa pode alcançar novas máximas, aproximando-se da marca de 152 mil pontos. No entanto, eventuais surpresas negativas vindas do cenário internacional — como uma desaceleração mais acentuada nos EUA — podem provocar ajustes pontuais.
A expectativa é de que o mercado siga atento à evolução das commodities, aos indicadores de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, e ao comportamento do dólar.
O simbolismo dos 150 mil pontos
A conquista da faixa dos 150 mil pontos pelo Ibovespa não tem apenas um valor estatístico, mas simbólico. Representa a consolidação do Brasil como um mercado financeiro competitivo, capaz de atrair investidores mesmo em um ambiente global adverso.
A performance recente indica que a B3 vem conseguindo sustentar o fluxo positivo de recursos e reduzir a dependência de fatores externos. O recorde histórico também fortalece a percepção de maturidade do mercado acionário nacional, hoje mais diversificado e com maior participação de investidores pessoa física e fundos institucionais.
Com essa sequência de ganhos, o Ibovespa não apenas bate recordes, mas reforça o papel do mercado de capitais como motor de crescimento e de confiança na economia brasileira.






