Nova Condenação e Implicações
Em um veredicto histórico, um júri de Nova York declarou Donald Trump culpado por todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais. A decisão está relacionada a um pagamento de silêncio feito à atriz de filmes adultos Stormy Daniels pouco antes da eleição de 2016. Este marco judicial representa a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos é condenado por um crime.
Os promotores afirmam que Trump liderou um esquema mais amplo para influenciar a eleição, ocultando histórias de seus supostos encontros sexuais com mulheres. A condenação de Trump cria um caminho legal e político desafiador para ele, que deve enfrentar Joe Biden na eleição presidencial de novembro como o provável candidato republicano. Trump, que tem criticado o caso como uma interferência eleitoral democrática, pode ser condenado a até quatro anos de prisão. Contudo, ele deve recorrer da decisão e pode permanecer livre durante o processo. Trump negou ter tido um caso com Daniels e ter falsificado registros.
Repercussões para a Eleição de 2024
O veredicto impõe um dilema significativo para os eleitores na preparação para a eleição de 2024, desafiando-os a decidir se querem um criminoso condenado na Casa Branca. Apesar de seu histórico de escândalos legais e pessoais, Trump mantém um controle firme sobre o Partido Republicano e continua a ter forte apoio financeiro e político.
Aos 77 anos, Trump enfrenta ainda outros desafios legais, incluindo processos criminais em Washington e Geórgia por sua tentativa de reverter a eleição de 2020 e um na Flórida sobre sua falha em devolver documentos de segurança nacional classificados que levou da Casa Branca. Mesmo assim, Trump lidera Biden em várias pesquisas. Se reeleito, Trump não pode se perdoar no caso de pagamento por silêncio, uma vez que foi condenado por acusações estaduais, não federais.
Veredicto e Sentença
Após dois dias de deliberações, o júri chegou a um veredicto após cinco semanas de depoimentos detalhados que capturaram a atenção da nação. Os promotores de Manhattan, sob a liderança do promotor distrital Alvin Bragg, argumentaram que Trump supervisionou um esquema para influenciar a eleição de 2016, usando registros da Trump Organization para ocultar o esquema de pagamento por silêncio.
“Tudo o que o Sr. Trump e seus cúmplices fizeram neste caso está envolto em mentiras”, afirmou o promotor Joshua Steinglass aos jurados em seus argumentos finais. “As evidências são literalmente avassaladoras.”
O juiz Juan Merchan, que supervisionou o julgamento, pode sentenciar Trump a um período de prisão ou impor liberdade condicional, considerando sua idade e status como infrator primário. Merchan alertou Trump durante o julgamento que ele poderia ser preso por violar repetidamente uma ordem de silêncio. Ele também reconheceu os desafios de segurança de aprisionar um ex-presidente.
Evidências e Testemunhos
O julgamento se concentrou amplamente no testemunho de Michael Cohen, ex-advogado de Trump, que foi preso por mentir sob juramento e outros crimes. Cohen pagou US$ 130.000 a Daniels para que ela permanecesse em silêncio sobre seu suposto caso com Trump em 2006, um evento que ela ameaçou divulgar em outubro de 2016, após a divulgação da fita do Access Hollywood, onde Trump discutiu agressões sexuais a mulheres.
Cohen testemunhou que discutiu repetidamente Daniels com Trump, que autorizou o pagamento por silêncio. Ele explicou que Trump aprovou um plano para reembolsá-lo com um total de US$ 420.000, cobrindo o cheque de Daniels, pagamentos a outro fornecedor, uma alocação para impostos e um bônus. Cohen apresentou faturas falsas, cobrando por honorários legais, e não por um reembolso. As 34 acusações de falsificação de registros comerciais se referem às 11 faturas, 11 cheques para Cohen e 12 vouchers da empresa.
Apesar dos ataques contundentes a Cohen, o júri condenou Trump. O advogado de Trump, Todd Blanche, descreveu Cohen como um mentiroso em série, destacando sua transição de defensor para crítico de Trump, lucrando com livros e podcasts.
Julgamento e Reações
Os promotores argumentaram que a conspiração começou em agosto de 2015, durante uma reunião na Trump Tower, com Trump, Cohen e David Pecker, ex-CEO da empresa que publicava o National Enquirer. Pecker testemunhou que prometeu apoiar a campanha de Trump, publicando histórias positivas e atacando rivais, além de avisar sobre histórias negativas.
Pecker explicou o pagamento de US$ 150.000 pela American Media Inc. à ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal para que ela permanecesse em silêncio sobre seu caso com Trump. Ele esperava que mais mulheres surgissem com histórias sobre Trump durante sua candidatura, dada sua fama de “solteiro mais cobiçado”.
Stormy Daniels também prestou depoimento, detalhando seu encontro sexual com Trump em um hotel após conhecê-lo em um torneio de golfe em Lake Tahoe.
Trump frequentemente comentou sobre o julgamento durante a campanha e para a mídia fora da sala do tribunal. O juiz Merchan descobriu que Trump violou uma ordem de silêncio ao comentar sobre jurados, testemunhas e promotores, ameaçando prendê-lo por reincidência.
A condenação de Donald Trump marca um momento histórico e definidor para os Estados Unidos, influenciando significativamente a próxima eleição presidencial. O veredicto não só reflete as complexidades legais enfrentadas por Trump, mas também destaca os desafios políticos em jogo para os eleitores e o Partido Republicano. A saga legal de Trump continua, enquanto a nação observa atentamente os próximos desenvolvimentos.